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Aconteceu na sexta-feira, no Centro Administrativo Leopoldo Zschoerper, os estudos preliminares de revitalização da Praça Getúlio Vargas. Cerca de 65 pessoas compareceram ao evento que foi organizado pela Secretaria de Planejamento e Urbanismo e Departamento de Meio Ambiente.
O evento começou com a apresentação do biólogo e diretor do Departamento de Meio Ambiente, Marcelo Hübel que apresentou um panorama geral da Fauna e da Flora que compõem a Praça Getúlio Vargas. Durante a apresentação, o biólogo demonstrou visualmente o entorno da praça, que apresenta dois grandes macicos de área verde, com rica vegetação e biodiversidade, sendo o Parque 23 de Setembro e o local do Grupo Escoteiro Desbravador no Parque Marista. As aves ocorrem na Praça Getúlio Vargas forrageando e até nidificando, mas como uma atividade de borda, pois seu habitat completo está nestas áreas de entorno. Até mesmo pequenos mamíferos como o serelepe ou o gambá já ocorreram na praça, mas também são provenientes dos polos de dispersão da área indireta.
Na questão da vegetação da praça, foi demonstrado algumas das árvores exóticas que devem ser suprimidas, e outras que não ocorrem mais, demonstrando seu formato natural, nome científico, nome popular, origem, altura, utilidade. Sendo que nenhuma das espécies é originária da Europa, como muitos poderiam atribuir.
Na sequência os slides apresentaram as consequências dos manejos de poda e o resultado que podem acontecer no caso de uma ação errada. A poda é uma agressão feita na árvore, que pode ser feita pela necessidade de condução, manutenção e até por interesse comercial, neste último caso quando em plantios comerciais homogêneos, que se deseja a “perda do nó” garantindo uma longa extensão de madeira de alto valor agregado. Entretanto, quando a poda machuca o anel de cicatrização, a árvore é danificada de tal forma que esta ação não permite a cicatrização. Mesmo que visualmente a casca cubra o local cortado permanece uma contínua eliminação de resina, tendo um canal aberto que pode ocorrer a contaminação por fungos ou bactérias, causando doenças e até podridão (oco). Marcelo Hübel lembrou que toda contaminação na árvore pode advir de diferentes circunstâncias, inclusive pela raiz. Em um único slide foi possível interpretar as sucessíveis podas sofridas num cedro de grande porte em todo seu tempo de vida. Inicialmente a poda foi feita como forma de melhorar a circulação e visão do entorno, num segundo momento para permitir a entrada de raios solares, numa praça bem adensada de vegetação, e num último momento, pela queda dos galhos secos e condenados, ação compreendida pela visualização das fossas abaixo do anel do galho, significando que não existe mais condução de floema, ou seja, esta árvore está condenada com perda aérea gradativa e paralelamente fragilidade das raízes, a árvore está morrendo e colocando em risco à vida das pessoas e ao patrimônio.
Na imagem panorâmica da praça de 2013 comparada com 2017 foi notável a quantidade de árvores cortadas, bem como a perda das copadas. Um ato que não foi julgado de certo ou errado, tão pouco citado culpados ou inocentes, mas o corte da copa de conífera não se enquadra como poda. Nesta situação foi evidenciada que a copa cortada provoca o surgimento de vários brotamentos laterais, mas a árvore tende a restabelecer seu formato, tendo apenas um broto que se destaca dos demais. Entretanto este broto não ocupará a superfície cortada, e pela altura e idade da árvore a copa vai crescer poucos centímetros ou metros, com uma parte jovem, menos lignificada, quando comparada com a copa anterior. Esta copa será mais frágil e susceptível a vendavais, que podem ocasionar riscos de queda. Ainda nesta ação de corte de copa, foram apresentadas imagens de árvores que não suportaram a poda, tendo hoje troncos secos, desprovidos de folhas, e outras árvores totalmente deformadas, muito longe das imagens do formato natural das árvores visualizadas no início da apresentação, tendo inclusive algumas árvores que apenas conseguiram desenvolver o meristema secundário.
Novamente foram utilizadas imagens comparativas de 2013 e 2017, agora para mostrar um cedro de grande porte com uma copa reduzida. Este cedro não será retirado, bem como muitas das espécies ainda permanecem, mas foi ilustrado que este não apresenta um poder de brotamento, e não vai repor a massa foliar perdida pois já cresceu a proporção que é normal para a espécie, mas por consequência ocorreu uma diminuição da fotossíntese, comprometendo a sanidade da árvore, que deve ter um período de vida reduzido.
Outra imagem comparativa apresentou a praça em 1923 com uma foto de 2017 onde aparece um cedro jovem, de pouco diâmetro, e um cedro de maior idade, de maior diâmetro, no mesmo local, mas são espécies diferentes e neste momento, na mudança de slide foi verificada a árvore mais próxima de 100 anos de idade, um butiá, sendo que ainda existem outros da mesma espécie na praça, mas todos serão realocados.
Esta parte técnica finalizou com a citação da Resolução CONSEMA nº 08 de 14 de setembro de 2012 que reconhece a Lista de Espécies Exóticas Invasoras, sendo apresentado o ‘’Ligustrum spp’’ potencialmente ameaçador às florestas, pois do fruto que alimenta as aves surgem novos indivíduos arbóreos nas florestas naturais, que crescem, sufocam e eliminam as espécies nativas. Esta árvore que já foi amplamente distribuída no passado devido o crescimento rápido e formação de copa sombrosa, hoje apresenta proibição de distribuição. Por fim apenas serão retiradas da praça algumas árvores exóticas, e as nativas serão preservadas, sendo árvores essenciais para a fauna, em especial as fornecedoras de frutos com o butiá, pinheiro-bravo e tarumã.
Logo após, o arquiteto e urbanista da Secretaria de Planejamento e Urbanismo, Ricardo Callado, começou a apresentação técnica da secretaria com as etapas do projeto que se dividem em: Estudos de viabilidade legal, técnica e adequação do programa de necessidades, setorização preliminar; Estudo Preliminar, Projeto Básico e Projeto Executivo. Atualmente a secretaria se encontra realizando o Estudo Preliminar que consiste nas estratégias do projeto considerando as condicionantes legais, funcionais, estéticas e de conforto ambiental e esboçando uma ideia preliminar do projeto, além da organização dos espaços e fluxos. Callado afirma que este estudo preliminar se encerrará no dia 27 de outubro, dia final para que consigam coletar informações junto à população. Vale ressaltar que qualquer morador da cidade pode se dirigir à Secretaria de Planejamento e Urbanismo e apresentar as suas opiniões.
Um histórico foi apresentado durante a Audiência Pública que tem como objetivo mostrar que a Prefeitura Municipal de São Bento do Sul está tratando deste projeto com diversos grupos da cidade, que possuem um interesse em comum que é a revitalização da Praça e nas suas melhorias como os Conselhos de Cultura, Turismo, COMDE, ConCidade, Idosos, Polícia Militar, CDL e Associação Comercial de São Bento do Sul – ACISBS. Neste período, as contribuições foram feitas por 50 participantes de 21 organizações diferentes, o que gerou ajustes no projeto. Através destas contribuições foi gerado um diagnóstico que abrange sete pontos primordiais como a História, patrimônio e configuração espacial;Usos e Atividades; Segurança, conforto e imagem; Acessos e conexões; Sociabilidade; Condicionantes legais e por último, a Vegetação.
Após foi feita uma breve linha do tempo da Praça Getúlio Vargas, desde 1873 até 2017, onde de 1873 a 1905 o local era usado somente para a função administrativa, visto que o atual prédio do Departamento de Turismo foi a primeira prefeitura da cidade. A partir de 1923, com o Coreto já existente o convívio social começou a surgir na praça. Em 1950, o lazer infantil já existia através da construção do parque para as crianças. Na década de 1980 foi feito o piso da Av. Barão do Rio Branco e a reforma do Coreto. Na década de 1990, eventos e comércio começaram a acontecer na Praça. Em 2004, foi construída a casa que abriga a Ama Artesanato. Dois anos depois, em 2006, foram construídos os canteiros. Já em 2013, algumas árvores foram arrancadas devido à um desastre natural e só no ano seguinte foi feito a retirada das mesmas.
Callado também apresentou a configuração dos espaços da Praça e elencou a evolução de praças de outras cidades como a Praça do Carmo, em Belém(PA), da Praça Ari Coelho, em Campo Grande(MS) e a Praça da Sé, na capital paulista. Todas passaram por alterações ao longo da sua história para se readequarem às necessidades da população. Em São Bento do Sul não foi diferente. A Praça Getúlio Vargas é usada para diversas atividades como as Retretas de Verão, Páscoa, Exposição de Carros Antigos, Feira do Livro, Semana Farroupilha, eventos em comemoração ao aniversário da cidade, apresentações musicais e festividades natalinas. Só neste ano e até agora foram feitas 29 solicitações de uso no que consiste em 47 dias de eventos neste local. Durante a sua história, os usos foram intensificados, visto que em 1970, São Bento do Sul havia 16.656 habitantes e em 2010 subiu para 74.801.
Essa revitalização visa acabar com os conflitos que atualmente ocorrem no local como consumo de drogas, brigas e roubos além de modernizar o pavimento, mobiliários e banheiros que hoje são inadequados à acessibilidade. O projeto prevê ampliar o campo visual para favorecer a vigilância natural, projetar iluminação funcional e cênica, adequar a praça à acessibilidade, introduzir diversidade de mobiliário de usos flexíveis bem como melhorar as possibilidades de contato entre as pessoas ao entorno.
Para finalizar, foi apresentado o Plano de Ações que se divide em três etapas: Requalificação da Praça; Integração com o entorno e Integração da Quadra. Logo após foi aberto ao público para que se manifestasse referente ao que foi apresentado. Vale ressaltar que a Secretaria de Planejamento e Urbanismo está com um canal de comunicação direto com a população. Mais esclarecimentos e contribuições podem ser enviados para o e-mail: seplu@saobentodosul.sc.gov.br ou ainda pelo telefone: (47) 3631 6150 até o dia 27 de outubro.