O Projeto 2025, documento elaborado por 140 ex-conselheiros de Trump e coordenado por Kiron Skinner, que atuou como diretora de Planejamento de Políticas no Departamento de Estado em seu primeiro mandato, orienta a nova estratégia republicana para a Venezuela. No texto, Skinner afirma que "a liderança comunista (da Venezuela) se aproximou de alguns dos maiores inimigos internacionais dos Estados Unidos, incluindo a China e o Irã, que há muito tempo buscam uma posição nas Américas".
Com a nova administração, Trump promete revisar a postura adotada por Joe Biden, que tentou alcançar uma solução pacífica com Maduro por meio do acordo de Barbados em outubro de 2023. Esse acordo previa eleições livres em troca da retirada de parte das sanções impostas pelos EUA. No entanto, republicanos afirmam que Biden "foi trapaceado" pelo líder venezuelano, e que agora o tempo para diálogos pacíficos estaria se esgotando.
A nova política de Trump também pretende focar em uma reestruturação das relações energéticas para reduzir a dependência dos Estados Unidos de regiões distantes. A intenção, segundo os documentos, é concentrar o abastecimento de petróleo e gás no hemisfério, em cooperação com o México e o Canadá. "Os Estados Unidos devem trabalhar com o México, o Canadá e outros países para desenvolver uma política energética focada no hemisfério", detalha o documento, defendendo uma produção integrada que garanta o fluxo de energia na América.
Esse posicionamento, segundo os republicanos, ajudaria a fortalecer os laços econômicos e históricos com a região, evitando que países latino-americanos entrem na "esfera de atores estatais externos antiamericanos". No entendimento de Skinner e outros conselheiros, apenas uma integração energética próxima e segura poderá proteger os interesses econômicos e geopolíticos dos EUA.
Brasil pressionado a adotar posição mais firme
Para Trump e seus assessores, a postura do Brasil em relação ao governo Maduro também terá que ser revisada, com uma expectativa de um posicionamento mais claro do país. Em setembro, uma missão do governo brasileiro em Washington já havia notado o tom de "forte pressão" dos republicanos sobre a Venezuela. Contudo, a decisão do Brasil de não reconhecer o resultado das eleições de julho em Caracas foi vista como um gesto positivo, facilitando o início de um diálogo entre as administrações.