Designers de São Bento do Sul e Chapecó se destacam no mercado internacional de móveis

Nomes como Bruno Faucz e Jader Almeida colocaram Santa Catarina no mapa do design contemporâneo.

Quarta, 21 de junho de 2017

Designer Bruno Faucz

Unir beleza e funcionalidade é dos grandes desafios do design. Mas, dois designers catarinenses vem conquistando o mercado internacional ao criar móveis que conseguem aliar o aspecto funcional à estética. Com passagens pelas principais feiras e exposições de design do mundo, esses profissionais colocam Santa Catarina como referência quando o assunto é economia criativa.

Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) aponta que o segmento com maior representatividade na indústria criativa do estado é o design, com 16,9% dos profissionais da área focados neste setor. A pesquisa aponta que no Brasil, o segmento do design emprega 9,7% de todos os profissionais criativos.

Um dos profissionais de renome internacional é Jader Almeida, que iniciou sua trajetória aos 16 anos quando teve o primeiro contato com a indústria de móveis, em Chapecó. “Esse contexto com o ‘mundo das coisas’ foi muito importante porque a partir daí comecei a entender o que realmente queria. Isso somado àquela velha pergunta da infância: ‘O que você vai ser quando crescer?’; a minha resposta sempre oscilava entre arquiteto, estilista, enfim, algo relacionado ao desenho.”

Design de móveis, Jader Almeida (Foto: Divulgação)

Na empresa, ele deu início ao seu processo criativo. A indústria desenvolvia coleções assinadas por grandes arquitetos brasileiros e essa experiência possibilitou um grande conhecimento sobre os desenhos e as técnicas de produção. Logo, passou a criar os protótipos de alguns produtos. E o caminho para a graduação em arquitetura foi natural.

“Eu já estava imerso no mundo da arquitetura. Por causa do meu trabalho eu viajava muito e tinha contato com clientes de diversas partes do país. Aos 23 anos, comecei a viajar para o exterior e isso enriqueceu muito o meu trabalho, pois tudo aquilo que era referência na academia, eu já havia vivenciado”, conta. Desde 2004 ele passou a desenvolver produtos exclusivos para a indústria, tendo como principal parceiro a marca catarinense Sollos.

Criação de Jader Almeida (Foto: Divulgação)

A partir de 2008 quando venceu o Prêmio Design MCB (Museu da Casa Brasileira), ele teve seu nome consolidado no mercado e acumulou diversas premiações. Hoje, Jader Almeida é presença constante nas maiores feiras do mundo, como o Salão do Móvel de Milão. Além disso, seus produtos são vendidos em países como Itália, Estados Unidos, Austrália, França e Inglaterra.

Adepto de um design pensado para a indústria, a cada dia o catarinense conquista mais destaque no mercado internacional. “Eu busco criar produtos atemporais e com uma geometria simples, que possam ser usados por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. Os feedbacks que eu recebo são uníssonos: falam sobre a surpresa, a capacidade de adaptação e a elegância. O meu design é humano, acho que é isso que o torna universal”, finaliza o designer.

Inspiração cotidiana

Poltrona Cavalera, coleção de Bruno Faucz (Foto: Tissot/Divulgação)

De São Bento do Sul, importante polo moveleiro do estado, vem outro nome de destaque no design. Bruno Faucz também começou muito jovem em uma fábrica de móveis da cidade. Depois de alguns anos, surgiu a oportunidade de projetar um produto para o seu trabalho de conclusão de curso, na faculdade de Design. “Trabalhando em uma indústria eu tive que pesquisar muito para compreender como funciona a decisão de compra. Queria entender o que está envolvido, o que leva uma pessoa a querer um produto e não outro”, afirma.

Aparador 14 Bis, criação de Bruno Faucz (Foto: Tocada Movelaria/Divulgação)

Bruno está entre a nova geração de profissionais que entendem os anseios da indústria. Ele abriu seu estúdio em 2013 e no ano seguinte expôs em São Paulo, Nova Iorque e Paris. Segundo ele isso é uma evolução do design brasileiro, que por muito tempo foi um ‘design arte’. A evolução e o reconhecimento dos profissionais nacionais também foi um processo acelerado pela globalização. “A internet e a globalização ajudaram muito nesse processo. O meu primeiro convite internacional, para uma exposição em Paris, aconteceu porque o meu trabalho foi descoberto na internet”, conta.

A inspiração para o trabalho vem do cotidiano. “Estou sempre com caderno e lápis, rabiscando o que observo. As coisas mais simples me inspiram. Mas, agora, a cada dia fica mais difícil tirar um projeto do papel. A gente vai se tornando mais exigente”, revela. Fascinado pelo processo criativo, ele afirma que ainda não consegue definir uma assinatura para o seu trabalho. “Quero que seja atemporal, desenhar um produto que daqui a 20 anos continue sendo atual”, conclui.