Itobaal

No capítulo 28 do livro do profeta Ezequiel vemos uma profecia contra o rei de Tiro, Itobaal. Sobre esta personalidade está escrito na Bíblia: “Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de homem, e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora o coração de Deus; Eis que tu és mais sábio que Daniel; e não há segredo algum que se possa esconder de ti”. E adiante: “Tu eras o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti”. Com esta segunda passagem vemos que não mais se fala do rei de Tiro, mas daquela autoridade espiritual maligna que comandava a Itobaal: lúcifer. Lúcifer nunca quis ser superior a Deus, ele quis ser superior aos outros anjos. Este foi o seu pecado. O primeiro pecado, portanto, não foi humano, mas angelical. Ele quis sentar-se no trono de Deus para ser semelhante a Deus. E aí Deus diz: “farei um ser menor que tu em autoridade e poder, mas este sim será minha imagem e semelhança”. E aí cria o homem e o homem peca. Então Deus Pai, Iaweh, envia o Verbo que se encarna e faz a experiência da humanidade, ou seja, Cristo se esvazia de sua Divindade e se faz em tudo como nós, menos no pecado. E nesta condição de homem vence o pecado, a carne, a morte, desce à mansão dos mortos, faz cativo o cativeiro, saqueia o inferno e humilha satanás. Porque o orgulho só se corrige com humilhação. O texto bíblico diz que satanás era cheio de formosura. Isaías diz do Messias que “n’Ele não havia formosura alguma”. Em Coríntios Deus diz “farei novos céus e nova terra”. Deus não faz estes novos céus e nova terra com gente perfeita. Pelo contrário, o que mais irrita a Deus é a justiça própria, a auto-justificativa. Nossa justiça “é trapo de imundícia” (Isaías 64, 6). Cristo não quer perfeitos, quer pecadores arrependidos, lavados no sangue do Cordeiro. A salvação não vem pela justiça, vem pela graça. Quem paga nosso preço é Jesus Cristo. Diria até mesmo que aos olhos humanos o critério de Deus é injusto. Mas os caminhos e os pensamentos de Deus são mais altos que nossos caminhos e pensamentos assim como o céu é mais alto que a terra.  Muitas vezes nossos projetos não prosperam porque a motivação é a própria glória, quando tudo quanto fazemos, dizemos e praticamos deve ser para a maior glória de Deus. Além disso, Deus não abençoa projetos, Deus abençoa pessoas, e quando a pessoa é abençoada todos os seus projetos prosperam. A Igreja – a Igreja Cristã – não exatamente a Católica Apostólica Romana, embora nela muito trigo se encontre, prevalecerá sobre as portas do inferno. Ora, as cidades antigas eram muradas e tinham portas. Se as portas do inferno não prevalecerão sobre a Igreja quem é que está atacando? Claro, somos nós, os cristãos. Porque o príncipe deste mundo é lúcifer, este mundo, a Babilônia, a ele pertence. Nós é que estamos com um aríete mecânico, um tronco de árvore a abalroar o lado de fora desta fortaleza que não há de nos resistir. O mundo é regido pelas potestades infernais, somos nós os cristãos que estamos na ativa, somos soldados de Cristo. Nossa função é saquear o inferno e ganhar almas para Cristo. O mundo usa as pessoas para conseguir coisas, nós cristãos devemos usar as coisas para ganhar as pessoas. O cristão é convidado a extrapolar o reino de Deus que há dentro de si e partilhar com os outros esta riqueza crística para que vivamos as realidades celestiais aqui mesmo, “assim na terra como no céu”.