As bactérias com perfil de resistência estão sendo encontradas nos hospitais que atendem pacientes crônicos, em todas as regiões do estado de Santa Catarina. “Todos os hospitais precisam de uma série de controles para evitar novas infecções”, diz Ida Zoz, coordenadora de controle de infecções da Secretaria do Estado da Saúde.
O Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC), que fica em São José, teve leitos da unidade coronariana fechados temporariamente, para que, dessa forma, se evite que uma superbactéria se prolifere entre outros pacientes. Esse fato chamou a atenção a alertou a população para o problema.
Preocupados com a repercussão entre a população, agentes de saúde garantem que a situação no Estado está sob controle e que não há motivos para grandes alardes – apesar de se tratar de seres microscópicos resistentes a antibióticos e causadores de morte.
Na Grande Florianópolis os hospitais Celso Ramos e o Regional de São José também registraram casos de pacientes com bactérias multirresistentes. No hospital Celso Ramos, que é o maior da capital, há uma média de 18 pacientes com a superbactéria, de cerca de 700 internados. Esses 18 pacientes estão infectados ou são hospedeiros da superbactéria KPC (Klebsiella Pneumonia Carbapenamase). Deles, quatro morrem por mês na unidade, com a bactéria incubada no organismo.
No Hospital Regional de São José, a superbactéria que predomina é a Acinetobacter, normalmente encontrada no solo e na água. Havia, nesta semana, seis pacientes com ela. “Temos a Acinetobacter, que é multirresistente também, mas enfrentamos esse problema em menos escala, uma média de seis, quatro casos por mês”, explica Luiz Escada, médico do Regional de São José.
Apesar disso, o Celso Ramos diz que a maioria dos pacientes não morreu por causa da KPC, pois eram pacientes que já estavam em estado grave por outros motivos.
O hospital informou que dos 18 pacientes com a superbactéria, 12 a têm colonizada, ou seja, presente, mas sem se manifestar. Nos outros seis casos ela se manifesta, causando infecção – metade no trato urinário, mais fácil de combater, mas a outra metade, e os casos mais graves, causam infecção no sangue.
O hospital conta que o aumento mais significativo foi em fevereiro, quanto tiveram 45 casos e que os 18 infectados de agora estão isolados, para não apresentarem riscos aos outros pacientes. E novamente ressaltam a importância dessa informação não gerar pânico e que a KCP só afeta fatalmente pacientes bastante debilitados.
As bactérias multirresistentes preocupam não só Santa Catarina, e não estão limitadas à região. Há um esrtudo encomendado pelo governo britânico que traz uma séria projeção: de que em 2050, haverá uma morte por superbactéria a cada três segundos e para evitar isso, é preciso que a população seja educada a respeito do uso correto de antibióticos e é essencial que novos antibióticos sejam desenvolvidos.
O médico infectologista vinculado à UFSC, Osvaldo Vitorino Oliveira, lamenta que novos e bons antibióticos não venham sendo lançados. “Para ser bom, um antibiótico precisa ser eficaz contra a bactéria que precisamos eliminar, tem que apresentar poucos efeitos colaterais e deve ser barato. E isso há muito tempo que não vem sendo pesquisado, porque não existe interesse por parte da indústria farmacêutica em fazer um remédio assim. Isso porque não dá lucro e as etapas de pesquisa são muito caras e exaustivas. Há décadas não temos antibióticos bons”, dia ele.
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