O valor em dinheiro levado por criminosos dos compristas de quatro ônibus de excursão de Santa Catarina assaltados no Paraná na noite de segunda-feira pode chegar a R$ 200 mil, conforme relatos de policiais rodoviários e comerciantes. Os bandidos vestiam coletes semelhantes aos da concessionária da BR-376, simularam obras na pista com cones e fizeram com que os veículos entrassem em pista única, onde atiraram nas escoltas.
Dos quatro ônibus, três deles eram da Grande Florianópolis e um de Itajaí. Levavam mulheres empresárias e comerciantes donas de lojas de modas em busca de roupas em São Paulo, principalmente na região do Brás, onde os valores são mais baixos. Os relatos de passageiras ouvidas pela reportagem são de terror e pânico vividos nas mãos dos criminosos.
Os grupos da Capital haviam saído às 16h de Florianópolis. Houve parada em um restaurante da BR-101 na região de Joinville para o jantar. Depois, os ônibus seguiram em comboio por orientação da própria polícia, pois há anos se repetem os ataques na região do Paraná — desde o começo do ano havia uma trégua dos bandidos, conforme apurou a reportagem.
Eram por volta das 21h15min quando houve o assalto, no Km 643, em Tijucas do Sul. A maioria das passageiras assistia filme ou cochilava. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, eram oito homens armados com fuzis e pistolas. Eles atiraram nas escoltas, baleando dois seguranças e em seguida entraram nos ônibus.
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— Entraram xingando muito e que todo mundo colocasse a mão para cima porque já haviam apagado dois da escolta e não custava nada a eles matar mais gente — descreveu uma passageira dona de uma loja em Florianópolis.
Os ladrões levaram cerca de cinco minutos para roubar os pertences dos viajantes. Na fuga roubaram um Vectra de um motorista, mas bateram o carro na escolta e o abandonaram. Então fugiram em um Golf e em um Focus com destino a Santa Catarina. Os passageiros retornaram a Florianópolis.
Entrevista: Passageira de Florianópolis
"Diziam que já tinham apagado dois da escolta"
Quando percebeu que era um assalto?
Acordei com tiros do lado de fora, tiroteio mesmo. Havia pessoas com coletes e cones na pista, os ônibus foram entrando devagarinho. Na hora todo mundo já teve certeza que era assalto.
Eles atiraram dentro dos ônibus?
Sim. No ônibus em que eu estava foram cinco tiros para cima. Uma bala caiu ao meu lado. Xingavam todo mundo, diziam para botar as mãos para cima, que já tinham apagado dois da escolta e não custava nada a eles matar mais gente.
Quanto tempo durou?
Uns cinco minutos de terror e pânico dentro. Parece rápido, mas para a gente foi uma eternidade. Eles saíram e houve mais tiroteio. Na fuga ainda bateram o Vectra.
Pensa em voltar a viajar em excursão para São Paulo?
Hoje eu não penso mais, não tenho mais coragem, mesmo com escolta. Não há segurança na estrada e eles usam armamento pesado.
Por que levam dinheiro e não usam cartão nas compras?
Em São Paulo, tem muito comércio de lojistas da China e o pessoal não aceita cartão. Para eles é mais vantajoso receber em dinheiro.
clicrbs