O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) informou que há uma investigação em curso para apurar a prática de cartel no suposto esquema de fraude em licitações de ônibusrevelado nesta quinta-feira (3) pelo G1.
Conforme documentos exclusivos, o esquema operou em pelo menos 19 cidades de sete estados e do Distrito Federal com o objetivo de favorecer, principalmente, empresas de duas famílias – Constantino e Gulin.
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- Brasília (DF)
- Campo Grande (MS)
- Florianópolis (SC)
- Foz do Iguaçu (PR)
- Guarapuava (PR)
- Jaú (SP)
- Joinville (SC)
- Marília (SP)
- Maringá (PR)
- Paranaguá (PR)
- Piraquara (PR)
- Pontal do Paraná (PR)
- Porto Seguro (BA)
- Telêmaco Borba (PR)
- São José do Rio Preto (SP)
- São Sebastião (SP)
- Sete Lagoas (MG)
- Uberlândia (MG)
ENVOLVIDOS EM SUPOSTAS FRAUDES NEGAM IRREGULARIDADES
Entre os documentos, há troca de e-mails entre empresários, advogados e funcionários de prefeituras sobre a elaboração de editais de forma a atender os interesses das empresas nas licitações.
Em alguns casos, os empresários combinam com empresas “parceiras” participação na concorrência apenas para “perder” e viabilizar a vitória dos grupos Gulin e Constantino, o que poderia configurar cartel – associação entre empresas do mesmo ramo com objetivo de dominar o mercado e limitar a concorrência.
Em nota, o Cade informou que está atuando em cooperação com o Ministério Público, para identificar os crimes que possam ter ocorrido nas licitações de transporte público.
“A Superintendência-Geral do Cade já tem uma investigação em curso para apurar a ocorrência de suposto cartel em licitações nesse mercado. Cabe ressaltar que a Superintendência-Geral do Cade já vem mantendo contato com o Ministério Público para articular as investigações e continuará cooperando com o órgão”, diz o órgão de defesa da concorrência, que destacou que as investigações tem “conteúdo sigiloso”.
Os documentos obtidos pelo G1 põem sob suspeita licitações em Brasília e em cidades de Santa Catarina, Paraná, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Pará, Em vários casos, os editais de licitação- que deveriam ter sido feitos pelas prefeituras – são redigidos pelos próprios empresários e advogados meses antes do anúncio oficial da licitação.
Se o Cade verificar que houve cartel na atuação dessas empresas, elas poderão ser impedidas de firmar contratos com o poder público, tanto no âmbito municipal, quanto estadual e federal, pelo prazo mínimo de cinco anos.
Além disso, se condenadas, as empresas poderão ter de pagar multas que variam de 0,1% a 20% do faturamento bruto da companhia, obtido no ano anterior ao da instauração do processo administrativo.
Já os administradores eventualmente responsáveis pela infração estão sujeitos a multas de 1% a 20% daquela aplicada à empresa. No caso de condenação das demais pessoas físicas (não administradores), as multas podem variar entre R$ 50 mil e R$ 2 bilhões.
Os condenados por cartel podem também podem ser proibidas de contratar com instituições financeiras oficiais e de parcelar débitos fiscais.