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Juntos há 63 anos, casal morre no mesmo dia por causas naturais em Araranguá, em Santa Catarina

Sábado, 23 de julho de 2016

 

FJuntos há 63 anos, casal morre no mesmo dia por causas naturais em Araranguá, no Sul de Santa Catarina Arquivo pessoal / Divulgação/DivulgaçãoArquivo pessoal / Divulgação / Divulgação

"Quando a gente se for, a gente vai junto". A frase, lembrada por amigos e parentes durante a despedida de Delinda Tomazi Biz, 86 anos, e Fernando Biz, 82, agora serve de conforto para quem conviveu com os dois. Casados há 63 anos, eram inseparáveis, e na hora da morte, não foi diferente. 

Fernando, que sofria de problemas cardíacos morreu dormindo, na última terça-feira, por volta das 7h. No caminho para o velório, chegou a notícia de que Delinda, internada na noite anterior com uma dor no peito, teve falência múltipla dos órgãos e também faleceu, no mesmo dia, pouco antes das 13h.

Delinda e Fernando foram sepultados no Cemitério Jardim da Paz, no bairro Nova Divinéia, na quarta-feira. No domingo, às 8h, a família fará a missa de sétimo dia em honra ao casal, na Igreja Matriz de Araranguá.

A história comoveu toda a comunidade de Araranguá, no Sul do Estado, onde o casal morava há 40 anos e onde reside grande parte dos 10 filhos, 23 netos, 17 bisnetos e a tataraneta. A família está abalada, mas ao mesmo tempo confortada pelo fato de não precisar lidar com a tristeza de um pela perda do outro. 

Para uma das netas do casal, Greysian Biz Felisberto, 37 anos, a vida e a educação alicerçadas na fé têm ajudado a superar a perda.


— Como ela sempre nos criou assim, a gente acabou buscando conforto nessas palavras dela, no amor que tinham um pelo outro e que tinham que viver para sempre juntos. A gente entende, mas o sentir é diferente, dói, a gente sofre, vai demorar um tempo para se adaptar que eles não estavam mais aqui. Só o conforto, desse amor tão lindo que nem a morte conseguiu separar, é que consola — explica a gerente administrativa, moradora de Tubarão.

Casal teve dez filhos, 23 netos, 17 bisnetos e uma tataraneta

Fernando, que também sofria de mal de Alzheimer, já havia perdido parte das recordações e esquecido algumas pessoas, mas da companheira ele jamais esquecia. Quando sentiu a falta dela na noite anterior, quando havia sido levada ao hospital para exames, ele perguntou sobre o paradeiro da esposa. 

A poucos quilômetros dali, enquanto recebia atendimento, Delinda conversava com uma das filhas, e repetiu algumas vezes que estava muito triste. Seu quadro de saúde piorou na mesma noite em que Fernando dormiu e não voltou a acordar. O coração dele parou de bater às 7h, os últimos batimentos dela foram ouvidos cinco horas depois.  

— Os nonos eram sempre muito de Deus, iam à missa todo final de semana, educaram toda família assim. Quando alguém dizia que ela estava forte, bem de saúde, e o nono mais doentinho, ela dizia: "hoje a gente tá bom, de vez em quando tá ruinzinho, mas quando a gente se for, a gente vai junto" — relembra Greysian.

DC



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