A cada consultoria de projeto, as 24 empresas juniores vinculadas a cursos de graduação de universidades de Santa Catarina projetam-se no Brasil, onde estimam que haja 1,2 mil iniciativas.
Se no ano passado o faturamento vindo do serviço prestado, principalmente, a micro e pequenas empresas já foi expressivo, totalizando R$ 700 mil, para 2016 a rede de empreendedorismo jovem catarinense sonha ainda mais alto: R$ 1 milhão em ano de crise. Essa cultura inovadora será celebrada por empresários juniores de 17 países a partir de amanhã, durante o JEWC16, a Conferência Mundial de Empresas Juniores(Junior Enterprise World Conference), que será realizada em Florianópolis no Centro de Convenções Luiz Henrique da Silveira, em Canasvieiras.
Para o coordenador geral do evento e membro da Federação das Empresas Juniores de Santa Catarina (Fejesc), Bruno Ferrari, a ideia é motivar novas EJs e fortalecer a cultura empreendedora do Estado.
– O movimento vem sempre crescendo. Nunca teve um momento de estagnação. Especialmente na crise, quando os jovens precisam se destacar no mercado. Por isso, tem cada vez mais gente se interessando nas empresas juniores, levando para outros cursos, inclusive em universidades particulares. Porque é um algo a mais, um diferencial fora de sala de aula. As novas EJs precisam ver que tem gente que faz isso há muito tempo e que dá certo.
Em Santa Catarina, o movimento de empresas juniores foi oficializado pela Fejesc em 1994. Na época, faziam parte apenas a Esag Jr (Administração da Udesc), a Ação Junior (Administração da UFSC), a Conaq (Engenharia Química da UFSC) e a Ejep(Engenharia de Produção da UFSC). Passados quase 22 anos, as áreas de atuação se mantêm focadas nas ciências exatas e nas ciências sociais aplicadas. Mas segundo o presidente da federação e estudante de Engenharia de Produção da UFSC, Yuri Kuzniecow, o rol pode e deve ser ampliado, tendo em vista o impacto que o modelo de negócio pode ter na economia.
– Micro e pequenas empresas fecham nos primeiros quatro anos no Brasil. Uma das missões do movimento de empresas juniores é que essa mortalidade diminua. Queremos torná-las mais competitivas. O foco fundamental é formar pessoas comprometidas e capazes de mudar esse país. Vendemos projetos de consultoria porque sabemos que o estudante tem que vencer grandes desafios para se tornar um empreendedor que faz a diferença, seja comprometido e capaz de mudar o mundo.
Experiências como estudante deram impulso na carreira
Entre os ex-membros de empresas juniores em Santa Catarina, há quem tenha galgado vagas em empresas como Itaú, Ambev e até Airbus, na França. Também há os empreendedores, que endossam pesquisa da Endeavor em que 24,6% dos estudantes demonstram interesse na liderança empresarial. Existem, ainda, aqueles que foram para a administração pública. No caso do gerente de Marketing da Resultados Digitais, Gabriel Costa, 28 anos, a experiência trouxe um direcionamento da própria carreira. Formado em Engenharia de Alimentos pela Universidade de Campinas, o mineiro apaixonou-se pelo mundo dos negócios a partir da empresa júnior.
– Na república onde eu morava, tinha gente que era de EJ. Me interessei desde o início e fui saber mais. Naquele clima de aproveitar todas as oportunidades da faculdade. Entrei em vendas e depois fui para o administrativo-financeiro. Foi legal abrir a cabeça e conhecer como o businessfunciona. E ver que eu poderia ir para outra área, fazer um bom trabalho e não ter uma formação tão específica. Desde o planejamento, o contato com outras empresas, pessoas e eventos como esse que vai acontecer em Florianópolis contribuíram para minha carreira.
A formação pessoal da vivência adquirida com o trabalho em uma EJ ao longo da graduação também parece ser um dos maiores trunfos para a gerente de Recursos Humanos da Involves, Thuany Schutz, 28, que fez parte da Ação Junior por dois anos e, de lá, foi direto para um estágio na Intelbras.
– Atuar em uma empresa júnior soma muito ao currículo. Faz com que as pessoas não cheguem cruas ao mercado de trabalho. Quem busca, é quem realmente quer aplicar aquilo que está aprendendo e fazer a diferença. É abrir mão de ganhar salário para trabalhar em algo que você acredita.
A profissional garante aplicar os conhecimentos adquiridos nesse período em seu trabalho atual.
– Quando vejo um currículo, levo muito em consideração. Perfil de ex-empresário júnior tem tudo a ver com a gente, com a nossa cultura. Na verdade, com a cultura empreendedora atual. De se doar.
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RAIO-X DE UMA EJ
O quê: é uma associação civil sem fins lucrativos, formada e gerida por alunos de cursos superiores de todas as áreas do conhecimento
Como funciona: com a elaboração de projetos de consultoria às empresas em geral, geralmente micro e pequenas. Conforme a Fejesc, cada projeto pode custar de R$ 500 a R$ 6 mil, ou seja, valores praticados bem abaixo da média de mercado. Por vezes, há orientação dos professores nesses trabalhos. Também são desenvolvidos protótipos de novos produtos, estratégias de gestão e marketing, documentos de estudos e pesquisas sobre o mercado de atuação
Objetivo: fomentar o aprendizado prático do universitário em sua área de atuação, aproximar o mercado de trabalho das academias, ter uma gestão autônoma em relação à direção da faculdade ou centro acadêmico.
O EVENTO
Começa nesta quarta-feira, 20, e segue até sábado com programação intensa de palestras, workshops e dinâmicas. A Fejesc mobilizou 100 pessoas na organização do Junior Enterprise World Conference, que tem orçamento de R$ 3 milhões, mas que deve movimentar R$ 7 milhões na economia local. Ao todo, 12 hotéis no Norte da Ilha já estão lotados para receber os participantes. Entre os quase 100 convidados, destacam-se Monja Coen; Michele Hunt, autora sobre liderança e desenvolvimento de equipe; e Ketan Makwana, palestrante internacional e empreendedor. A conferência está com as inscrições esgotadas.
DC