Investigação em veículo cria boato sobre sacerdote e relação inexistente. Delegado não comprova essa ligação
A relação popular de fatos e boatos, muitas vezes, acaba por levar situações para caminhos interpretativos equivocados. Informações ditas de forma irresponsável podem condenar pessoas, sem comprovar fatos e desrespeitando paradigmas constitucionais que subentendem a inocência até a comprovação de crime por prova. Contudo, nem redes sociais, muito menos a postura do povo segue nessa mesma linha.
Fato é que o padre ucraniano de Cruz Machado, Luiz Pedro Polomanei, sofre com ligações inexistentes ao desaparecimento de duas jovens no município. Versão popular criada e alicerçada apenas em boatos, mas desmentidas pelo delegado chefe da 4ª SDP de União da Vitória, Douglas Carlos de Possebon e Freitas.
Apreensão
Existe uma ocorrência relacionada ao padre, sem ligação com o sumiço das jovens. "O padre foi autuado por posse irregular de arma de fogo, de uso permitido, já que ele estava na posse de um revólver e não possuía documento. Esse é um fato isolado da investigação das adolescentes", esclarece o delegado.
Veículo
Além disso, por conta de Luiz Pedro possuir um gol vermelho, cor e modelo similar ao citado no desaparecimento de duas meninas, teve que passar por perícia. No caso, não apenas o sacerdote, mas outros proprietários também passaram pelo mesmo procedimento, inerente à prática investigativa.
A polícia civil esteve no município fazendo essa abordagem com profissional técnico de perícia, de acordo com Douglas de Possebon. "Para causar o mínimo transtorno possível", explica. Evitando que os proprietários trouxessem os carros para serem periciados em União da Vitória. "Tirar da posse o mínimo possível de seus donos."
Mas, infelizmente, a população passou a comentar o caso, ligando a apreensão do revólver com o sumiço das meninas e criando suposições. Além disso, informações trucadas e sem fundo de verdade comprovado, acabaram por jogar sobre o sacerdote grau de culpa pelos desaparecimentos.
O caso
Para entender o caso, Camile Loures das Chagas (13 anos) e Solange Roseli Vitek (16 anos) estão desaparecidas em Cruz Machado, em dezembro de 2015 e abril desse ano, respectivamente. No caso de Solange, consta depoimentos de moradores próximos de terem avistado que um veículo Gol, cor vermelha e vidros escuros, parou junto ao ponto de ônibus onde Solange se encontrava. Mas recaí sobre essa informação a impossibilidade de saber se o referido automóvel era de Cruz Machado, nem se a jovem entrou no veículo.
Essas informações, que podem ligar o referido automóvel com essas características ao desaparecimento, explica a operação de abordagem e perícia no município, em busca de possíveis pistas.
Sequência
A investigação segue, mas o delegado pede para a comunidade colaborar. "Que não faça interpretações antecipadas das investigações", solicita. O processo segue com diversos dados sendo apurados, mas a situação é muito delicada por conta da existência de poucos elementos concretos sobre os fatos. A polícia adota os procedimentos técnicos e levanta informações.
A busca pelas meninas é a principal ação da 4ª SDP de União da Vitória que recebe apoio de outros departamentos especializados e polícia militar da região. Mas a cautela deve imperar, especialmente sobre o quesito interpretação popular e dedução antecipada de supostos envolvidos. "Nem nós mesmo podemos atribuir culpa aos investigados", afirma Douglas de Possebon.
Auxílio
"Até o momento voltamos à estaca zero", lamenta o delegado ao citar em que pé está o processo. A investigação segue, mas o delegado pede para a comunidade colaborar. "Qualquer informação é bem-vinda. Checamos o que nos é relatado e isso pode auxiliar. Pedimos inclusive colaboração de imprensa e todos, para esclarecer o mais rápido possível esses fatos", completa.
Matéria JORNAL O IGUASSÚ
Foto: Reprodução