Professora é investigada por maus-tratos em creche de SC

Segundo Stang, a investigação criminal foi aberta no dia 9 de junho e deve ser encaminhada à Justiça até quarta-feira (22). "É uma sucessão de pequenos fatos. A investigação é sobre o comportamento dela de modo geral, e tudo indica que pode configurar maus-tratos", disse o delegado.

Conforme a a prefeitura do município, a professora está afastada das funções há um mês, para tratamento de saúde. Segundo a secretaria de Educação do município, a escola atende atualmente cerca de 110 crianças com idades entre 4 meses e 4 anos.

'Fecha os olhos agora'
O vídeo compartilhado nas redes sociais chegou à administração da prefeitura do município no final de 2015, através de pais de alunos. Conforme a advogada da prefeitura de São José do Cedro, Carine Kaiser Wolfart, uma pessoa que trabalha na creche gravou o vídeo, passou para um amigo e as imagens se disseminaram.

Professora aparece em vídeo levantando chinelo para criança em São José do Cedro (Foto: Reprodução)

Na gravação, a professora chega em uma sala onde várias crianças estão dormindo em colchões no chão e pergunta para uma terceira pessoa por que uma menina estava acordada. "Ela não dormiu ainda? Pois agora o chinelo vai cantar!" Nas imagens, ela aparece levantando o chinelo em direção a criança. Em seguida, é possível ouvir um barulho seco.

Depois, a professora levanta a criança do chão e a coloca no colchão junto às demais. "Sem se mexer. Chega. Fecha os olhos agora", ela diz à menina. A criança choraminga e a professora coloca o chinelo no ar, próximo ao rosto da criança. "Tu quer esse chá aqui, aqui tem um chá, ó? Tu quer?", pergunta.

No fim do vídeo, a professora coloca um bicho de pelúcia, um sapo, e diz que ele vai ficar "cuidando" da menina caso ela não durma. 

Sem possibilidade de demissão, diz prefeitura
A conduta da professora também é apurada em um processo administrativo no município. Entretanto, conforme a advogada da prefeitura de São José do Cedro, Carine Kaiser Wolfart, não há possibilidade de uma medida "drástica" contra a educadora.

 "A investigação está em fase final, mas podemos adiantar que a repercussão do vídeo é desproporcional aos fatos. Desde já, podemos adiantar que não há a menor possibilidade de afastamento ou demissão da educadora. Ela é uma servidora concursada há quase 20 anos e nunca houve outra suspeita a cerca de sua conduta profissional", afirmou a advogada.

Entretanto, conforme o delegado, caso a Justiça condene a professora, o crime de maus-tratos pode levar a detenção de dois meses a um ano. Como as vítimas são menores de idade, a pena pode ser agravada em um terço. Também seria possível a conversão em serviços prestados à comunidade e pagamento de multa.

"Vamos solicitar à Justiça o afastamento dela dessa atividade. O caso será dado prioridade pela possibilidade dela continuar exercendo a atividade", disse o delegado. À polícia, a professora não prestou depoimento e exerceu o direito de ficar calada, conforme o delegado.