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Análise: negociação com Tite expõe situação delicada da CBF

Quarta, 15 de junho de 2016

 

 

Há seis meses, técnico assinou manifesto do Bom Senso FC exigindo renúncia de Marco Polo Del Nero. Hoje, é o plano A para a Seleção, e não há planos B ou C

 

 

 

Quanto mais demorar a negociação entre Tite e CBF, melhor para Tite. O treinador que há dois anos ficou contrariado por não ter sido chamado para suceder Felipão hoje pode se dar ao luxo de fazer a confederação esperar.

O período compreendido entre julho de 2014 e junho de 2016 serviu para Tite consolidar suas qualidades aos olhos do público, enquanto a imagem da CBF se deteriorou na esteira de prisões, escândalos de corrupção e maus resultados.

Marco Polo Del Nero não vai admitir, mas sempre soube que errou ao chamar Dunga e Gilmar Rinaldi para tentar curar os 7 a 1. Tanto é assim que mandou sondar Tite mais de uma vez ao longo de 2015 e em abril de 2016. 

Por vários motivos, Tite sempre disse "não": o projeto não era claro o bastante, a CBF ainda tinha um técnico, a mágoa por ter sido preterido em 2014 ainda estaria viva, havia campeonatos em andamento por um clube ao qual o técnico é muito grato. Tudo pesou.

Tite Corinthians CT (Foto: Marcelo D. Sants/Estadão Conteúdo)Tite foi ontem ao Rio de Janeiro para conversar com a cúpula da CBF  (Foto: Marcelo D. Sants/Estadão Conteúdo)

(Por favor, não cabe aqui o argumento "Tite não trabalharia com gente enrolada com a Justiça". Para ficar num exemplo só: o vice-presidente do Corinthians foi preso - e logo solto - pela Lava Jato e por porte ilegal de armas. Nada disso suja o nome do treinador, não é problema dele. Ao contrário: não se conhece uma mácula sequer na carreira do treinador. Tite está no futebol profissional há tempo suficiente para não precisar ser defendido com argumentos pueris. Sigamos.)

Na primeira conversa, Tite seguiu a regra básica de quem está em vantagem numa negociação: recusou a primeira oferta

Os resultados entregues por Dunga e Gilmar foram tão abaixo da expectativa que mantê-los ficou insustentável, sobretudo para umaentidade sob tantas pressões - o Departamento de Justiça dos EUA, o Comitê de Ética da Fifa, duas CPIs em Brasília, a Primeira Liga, não falta artilharia contra a CBF.

Pelo menos para os problemas de campo, o que realmente importa ao torcedor, o técnico do Corinthians é a solução perfeita. À diferença das abordagens anteriores, desta vez a CBF tratou de deixar livre o espaço que pretende ver ocupado por Tite.

Dunga e Gilmar foram demitidos após uma "reunião" de 10 minutos. Enquanto Del Nero aguardava a volta da dupla dos EUA para demiti-la, sinais eram trocados com Tite. O resumo dessa conversa prévia pode ser resumida em três palavras:

– Topa conversar?
– Sim.

Um jato foi enviado a São Paulo para buscar o corintiano. Tite se reuniu por três horas com a cúpula da confederação - o presidente Del Nero, o diretor-executivo Rogério Caboclo, o secretário-geral Walter Feldman.

Depois de quase três horas, Tite saiu sem falar, e a CBF precisou fazer grande esforço para dizer que a reunião foi "positiva". O técnico seguiu a regra básica de quem está em vantagem numa negociação: recusou a primeira oferta

Seis meses atrás, Tite assinou um manifesto do Bom Senso FC exigindo a "renúncia definitiva" do presidente da CBF e a convocação de novas eleições

É evidente o desconforto da confederaçãocom a situação: a menos de dois meses da Olimpíada e dois anos da Copa do Mundo - da qual hoje estaria fora - a seleção brasileira não tem técnico. E não há plano B. Nem C.

Seis meses atrás, logo após o indiciamento de Marco Polo Del Nero pelo FBI no Fifagate, Tite assinou um manifesto preparado pelo movimento Bom Senso FC que "exige a renúncia definitiva" do presidente da CBF e a convocação de novas eleições para a entidade.

Para o treinador, é mais fácil explicar a aparente contradição: ele nunca escondeu que tinha o sonho e a ambição de assumir a seleção brasileira, que representa a oportunidade de ser campeão do mundo. 

O fato de a CBF fazer de tudo para seduzir alguém que subscreveu crítica tão contundente seria impensável noutros tempos, nem tão distantes assim.



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