
Foto: Diogo Vargas / Agência RBS / Agência RBS
A Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) afirma chegar a R$ 551,4 mil o valor apurado até agora em desvios de dinheiro público repassados por meio de subvenções sociais a Organizações Governamentais (ONGs) que levaram à prisão do ex-deputado e ex-secretário de Turismo e Esporte, Gilmar Knaesel (PSDB), na segunda-feira, em Florianópolis.
Além do político, a ação da Deic prendeu mais quatro pessoas. Um quinto envolvido, assessor parlamentar do ex-deputado, está foragido da Justiça.
Responsável pela operação, o delegado da Deic Walter Watanabe, titular da Divisão de Defraudações, suspeita que o montante desviado dos cofres públicos possa ser ainda maior. Durante a gestão de Knaesel na secretaria, a Deic apurou que houve o repasse de R$ 13 milhões a ONGs, mas ainda não há comprovação de que toda essa quantia tenha sido desviada.
Além de Knaesel, estão presos na Deic Leandro Laércio de Souza - da Associação Cultural, Esportiva e Musical de Biguaçu e que no momento trabalhava como recepcionista da Prefeitura de Biguaçu - Lilian Cristina de Oliveira - da Associação Esportiva Scorpions e técnica de futebol - e Edício Gambeta. O assessor foragido é Arlindo Cleber Correia.
Em entrevista coletiva na Deic, o delegado Watanabe detalhou o esquema o qual trata como uma ação de uma organização criminosa que atuava em uma fraude criando ONGs para receber dinheiro público de eventos na área de esporte, turismo e cultura que nunca aconteceram.
— Eram eventos que não eram realizados e recebiam as subvenções, recursos públicos da Secretaria, repassados a ONGs. Depois, os integrantes sacavam valores em espécie. Toda a documentação e os comprovantes dos eventos eram fraudulentos — disse o delegado.
Denúncia em 2014
A investigação começou em 2014 a partir de um boletim de ocorrência registrado na 1a DP da Capital por uma pessoa cujo nome apareceu em um evento não realizado. Essa pessoa, segundo o delegado, soube da fraude após ter sido intimada pelo Tribunal do Contas do Estado (TCE).Em razão da dimensão do esquema, a Deic acabou recebendo o inquérito e investiga a fraude desde janeiro de 2015. A apuração aconteceu em conjunto com o TCE e o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas.
"A maioria confessou"
A Deic afirma que a maioria dos investigados acabou confessando a participação na fraude. Ao todo, 13 pessoas foram investigadas e indiciadas, sendo cinco delas que tiveram a prisão pedida pela polícia e decretada pela Justiça.
— Há pessoas humildes que eram cooptadas a fazer parte da fraude emprestando contas bancárias, laranjas da manobra fraudulenta nas ONGS — comentou o delegado.
Até agora, seis ONGs da região de Biguaçu são investigadas pelo desvio de dinheiro, mas a polícia suspeita de mais envolvidas com sedes em outras cidades. Para tentar maquiar os crimes, a polícia afirma que os envolvidos costumavam trocar de cargos nas ONGs.
— Eles se revezavam nos cargos. Muitos já nem sabiam mais que cargos exerciam — ressaltou o delegado.
Os crimes apurados são associação criminosa, estelionato, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva, falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
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"Precisava disso?", indagou Knaesel ao ser preso
Eram por volta de 17h quando policiais da Deic prenderam Gilmar Knaesel no bairro José Mendes. Ele saía de uma casa e preparava-se para entrar no carro quando dois veículos descaracterizados da Deic se aproximaram.
O delegado Walter Watanabe foi quem deu a voz de prisão ao político. Policiais relataram que Knaesel se mostrou bastante surpreendido pela ação policial e chegou afirmar que não precisava disso, em referência à ação policial na rua.
Ele foi levado na viatura e está na carceragem da Deic sozinho. De manhã, não quis tomar café, mas disse aos policiais plantonistas que estava tudo bem. Segundo o delegado Watanabe, Knaesel deverá ser ouvido nos próximos dias e será transferido para o sistema prisional, assim como os demais detidos.