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Canoinhas sedia debate sobre a crise financeira dos hospitais filantrópicos do Estado

Sexta, 10 de junho de 2016

 



Atraso no pagamento dos serviços prestados pelo SUS agravaram a situação das

entidades; Câmara antecipará devolução de recursos para socorrer Hospital Santa Cruz

Chega a R$ 50 milhões a dívida do Governo do Estado com pelo menos 47 dos 180 hospitais

filantrópicos de Santa Catarina. Para gestores hospitalares e representantes de entidades

ligadas ao setor, esta é a pior crise financeira enfrentada pelas instituições na história.

Durante reunião no plenário da Câmara, na noite de quinta-feira, 09, debatedores foram

unânimes em dizer que a maioria dos hospitais filantrópicos está prestes a paralisar os serviços

prestados à população. Em algumas regiões do Estado, entidades já começaram a fazer

demissões como forma de conter gastos e manter as portas abertas.

Vereadores Célio Galeski (PR), Paulo Glinski (PSD) e Renato Pike (PR), além de outras

autoridades, acompanharam as discussões. Canoinhas foi o segundo município do Estado a

receber o roteiro de seis encontros que visam alertar a sociedade sobre a crise no setor e

chamar a atenção para o risco de fechamentos de hospitais.

O atraso no pagamento dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por parte

das esferas estadual e federal de governos, a defasagem da tabela de procedimentos e a

suspensão das cirurgias eletivas de mutirão são fatores que influenciaram para o agravamento

da crise.

Braz Vieira, diretor executivo da Federação dos Hospitais de Santa Catarina (FEHOESC),

apresentou panorama de custos, receitas e déficit de serviços prestados pelo SUS em nível de

País e Estado. Pediu ainda unidade e apoio dos municípios em prol das cinco reivindicações

que as entidades representativas irão entregar aos Governos do Estado e Federal.

Na lista estão a aprovação do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) n°001/2016 que

autoriza a devolução das sobras financeiras dos Poderes Legislativo e Judiciário, além do

Tribunal de Contas do Estado (TCE/SC) para a área de saúde; a criação do Fundo para socorrer

os hospitais, proposto pelo presidente da Assembleia, Gelson Merísio (PSD); regularização dos

pagamentos atrasados, atualização dos valores ao custo e índice de reajuste anual dos

contratos firmados com as entidades filantrópicas.

Na próxima semana a Câmara de Canoinhas estará apresentando moções de apoio às

reivindicações e as direcionando às esferas governamentais.

Manifestações

As discussões sobre a crise foram marcadas por manifestações de apoio e de engajamento à

causa até que o Governo do Estado regularize, ao menos, os pagamentos atrasados.

Prefeito de Irineópolis e presidente do consórcio intermunicipal Cisamurc, Juliano Pereira

(PSDB) disse que apesar de seu município investir mais de 30% do orçamento em saúde, os

recursos disponibilizados ainda são insuficientes para atender a demanda cada vez mais

crescente.

Ele ainda cobrou unidade dos município em relação ao Hospital Santa Cruz e criticou a pouca

presença dos agentes políticos da região. “Não vejo aqui vereadores do meu município e nem

os demais prefeitos. Até parece que não estão preocupados com a situação da nossa saúde”,

alfinetou.

Beto Faria (PMDB), prefeito de Canoinhas, afirmou que os hospitais públicos estão à beira da

falência e os atendimentos acabam sobrando para as entidades filantrópicas. Informou que

86% dos serviços prestados pelo Hospital Santa Cruz são via SUS e que o município tem se

empenhado para manter os atendimentos médicos de sobreaviso. “Mas é preciso encontrar

um meio de ampliar esse aporte financeiro”, frisou, ao lembrar que as demais esferas de

governo também têm que cumprir sua parte.

Ao informar que o Hospital Santa Cruz atendia dez municípios da região e uma população

aproximada de 180 mil habitantes, diretor presidente da entidade, Derby Fontana, disse que o

silêncio do Governo do Estado com relação a prazos para os pagamentos atrasados estavam

criando uma péssima expectativa entre a direção e os colaboradores da entidade. “É hora de

acender o sinal vermelho”, alertou, ao lamentar que a instituição estaria prestes a fechar as

portas. “A situação está ficando insustentável”, acrescentou.

Na opinião do deputado Antônio Aguiar (PMDB), a aprovação da PEC n°001/2016 seria a

solução para tirar os hospitais do Estado da crise. “Mas que os valores das sobras não fossem

somente utilizados para fazer pagamentos atrasados. A dívida já existe, o dinheiro teria que

ser extra para as instituições”, defendeu.



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