Nesta terça-feira (7), o Bom Dia Brasil, da TV Globo, informou que Janot solicitou ao STF a prisão de Cunha. No mesmo dia, reportagem de "O Globo" informou que o procurador também pediu que sejam presos o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senadro Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP).
A defesa de Cunha pleiteou ao Supremo acesso ao número do processo do pedido e cópia dos documentos vinculados. Eles pedem ainda para juntar ao processo documentos que comprovem a argumentação da defesa a fim de evitar a prisão. No pedido, os advogados também criticaram o vazamento do documento assinado pelo procurador e afirmaram que a informação foi divulgada "unicamente com a vã finalidade de pressionar" o STF.
O documento desta quinta-feira, assinado pelos advogados Pedro Ivo Velloso e Ticiano Figueiredo, afirma crer que o Supremo "não se verga a pressões".
"Inicialmente, a defesa do ora requerente vem repudiar veementemente o vazamento criminoso do pedido de prisão, realizado unicamente com a vã finalidade de pressionar essa colenda Suprema Corte a decidir pelo seu deferimento. O requerente não tem dúvida, contudo, de que esse egrégio Supremo Tribunal Federal não se verga a pressões de nenhuma natureza e, mais uma vez, velará pela Constituição Federal."
Os advogados afirmam que Eduardo Cunha está cumprindo "à risca" a medida cautelar que suspendeu seu mandato. E destacou que aguarda decisão do ministro Teori sobre se ele pode exercer atividade partidária, uma vez que não está com os direitos políticos suspensos.
"Cumpre ressaltar que o requerente sequer tem comparecido à Câmara dos Deputados com o fim de evitar possíveis interpretações maldosas de que pudesse estar descumprindo a decisão. E, ainda, aguarda a análise de petição protocolada em que se requer a proteção ao seu pleno exercício político garantido constitucionalmente, bem como o exercício amplo do direito de defesa diante do processo administrativo disciplinar ético, mesmo com o exercício do mandato parlamentar suspenso por V.Exa."
A defesa chamou de "absurda" a informação de que poderia estar descumprindo a cautelar e falou que Eduardo Cunha só tem se dedicado à própria defesa em relação ao processo no Conselho de Ètica da Câmara. Ele negou qualquer "influência indevida" na Câmara.
"Assim, por não conhecer as razões do requerente Procurador-Geral da República, só resta a este requerente reiterar que tem cumprido fielmente a decisão proferida no âmbito da Ação Cautelar nº 4070 e que são disparatadas as alegações de que esteja exercendo qualquer tipo de influência indevida no âmbito da Câmara."
Mulher de Cunha
Nesta quinta, o juiz federal de Sérgio Moro aceitou denúncia contra a mulher de Eduardo Cunha, Cláudia Cordeiro Cruz. De acordo com as investigações, Cláudia Cruz se favoreceu, por meio de contas na Suíça, de parte de valores de uma propina de cerca de US$ 1,5 milhão recebida pelo marido.
Conselho de Ética
Os pedidos de prisão de Cunha, Renan, Sarney e Jucá vieram à tona no dia em que o Conselho de Ética da Câmara votaria o relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que recomenda a cassação de Eduardo Cunha. O relator acabou pedindo "mais tempo" para fazer as considerações finais e conseguiu adiar para esta quarta-feira (8) a decisão sobre o caso.
Nesta quarta, após analisar o voto em separado de um aliado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que sugeria uma pena branda ao peemedebista, o relator do processo do presidente afastado da Câmara no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), afirmou que não irá alterar seu voto e manterá a recomendação pela cassação do mandato. Os integrantes do conselho devem analisar o parecer de Marcos Rogério na próxima terça (14).