CURITIBA e SÃO PAULO - O juiz Sérgio Moro disse nesta segunda-feira, em São Paulo, que as esferas dos poderes são independentes e que “não deve haver nenhuma interferência do governo”. As declarações vieram após a divulgação de grampos, em que o ministro do Planejamento, Romero Jucá, fala em pacto para deter a Operação Lava-Jato. Em Curitiba, integrantes da Força-Tarefa da Lava-Jato também frisaram nesta segunda-feira, ao anunciarem a 29ª fase da Operação Lava-Jato, que a operação não possui qualquer influência política.
— Não teria comentários específicos sobre essa situação concreta (as conversas gravadas de Jucá). Existem esferas independentes. Por outro lado, assuntos relativos à Justiça não deve haver nenhuma interferência do governo. Os trabalhos têm que ser independentes — afirmou Moro, durante evento da revista “Veja” em São Paulo.
Na coletiva que apresentou a 29ª fase da operação em Curitiba, Igor Romário de Paula, da PF, disse, ao ser indagado sobre Jucá, que a “Lava-Jato não foi e não será barrada por qualquer pessoa no país”. O delegado se disse “surpreso” com a divulgação dos grampos, e acha que o caso deve ser apurado no foro adequado. Frases semelhantes da não interferência política na operação foram ditas por outros integrantes.
— Nós não damos chance para sofrer esse tipo de influência política — disse Igor Romário de Paula. — Fomos pegos de surpresa como todos vocês (...). Se houver indícios, eles serão apurados no foro adequado — completou.
O delegado da PF Luciano Flores, quando indagado se há um temor de um pacto para prejudicar a Lava-Jato, declarou que a operação tem “apoio popular” e é imparcial.
— O que temos notado é que a Lava-Jato adquiriu um patamar republicano e não sofre influências políticas que possam frear essa investigação (...) Estão do nosso lado quando estamos com a razão.
Luciano aproveitou a coletiva de imprensa que anunciou a operação para defender o Judiciário brasileiro.
— Em época poucos distantes, havia um deboche dos órgãos criminais brasileiros. Hoje esperamos que esse deboche dê lugar ao respeito ao Judiciário. Esperamos que a impunidade dê lugar ao medo de ser preso, ao medo de que a investigação é efetiva e condena quem deve condenar e mantém preso quem deve ser preso, pessoas que cometem os mesmos crimes — disse Luciano.
Rosalvo Franco, superintendente da PF no Paraná, também disse que nunca sofreu interferência política em seu trabalho.
‘LAVA-JATO NÃO É UM SERIADO’
Sobre a suposta paralisação das investigações da Lava-Jato após o impeachment, Moro rebateu as críticas de a operação está parada.
— Lava-Jato não é um seriado. Existe um trabalho de investigação que é feito em quatro paredes, realização de audiências. O trabalho continua.