O Deputado André Moura, líder do PSC na Câmara - Luís Macedo / Agência Camara

BRASÍLIA - O líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), e relator do impeachment de Dilma Rousseff na comissão especial, disse na manhã desta quarta-feira que o deputado André Moura (PSC-SE) será o líder do governo Michel Temer na Câmara. Segundo Jovair, Temer ligou ontem à noite para Moura e o confirmou no posto. Apesar de ter Arantes ter dito que o nome de André Moura seria anunciado antes da reunião com o presidente interino Waldir Maranhão (PP-MA), os líderes que falaram no Salão Verde preferiram manter a cautela.

— Ele será o nosso líder. Vamos anunciar daqui a pouco — disse Jovair Arantes. Moura é um dos parlamentares mais próximos do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E também um de seus defensores no Conselho de Ética.

Perguntado sobre como fica a situação do DEM, que pleiteava o cargo de líder para Rodrigo Maia (RJ), Jovair respondeu:

O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante conversa com o aliado André Moura (PSC-SE) no plenário - Ailton de Freitas / Agência O Globo

— O DEM já tem o Ministério da Educação (ocupado por Mendonça Filho) — afirmou o petebista.

O GLOBO mostrou na edição desta segunda-feira que a escolha gerou o primeiro racha na base aliado do governo interino de Temer. O grupo de partidos que fazia oposição ao governo Dilma — PSDB, DEM e PPS — entrou em colisão com os partidos do chamado centrão, formado por 13 partidos da Casa que davam sustentação a Dilma e agora compõem a base de Temer. Dois pontos cruciais dividem essa base: quem seria o novo líder do governo Temer na Casa e a solução para a presidência da Câmara, em razão do afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pelo Supremo.

REAÇÃO NA CASA

Os partidos da velha oposição reagiram de maneira diversa em relação à indicação. Enquanto o DEM critica o modo do anúncio e a influência do presidente afastado na escolha, o PSDB prefere destacar que há pontos negativos e positivos na indicação. O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), diz que, se confirmado o nome de Moura, Temer cedeu à pressão de Cunha.

Aliado de primeira hora do presidente afastado da Câmara, a ponto de se postar ao lado do colega quando o peemedebista anunciou o rompimento com o governo, Moura , que foi um dos subrelatores da CPI da Petrobras, coleciona processos na Justiça.

Ele teve uma condenação confirmada em segunda instância por suposto uso de dinheiro da Prefeitura de Pirambu (SE) para pagar despesas suas e da família com tira-gosto, bebida alcoólica e churrasco. Moura foi prefeito da cidade entre 1997 e 2004, quando estava filiado ao extinto PFL, hoje DEM.