Programa desenvolvido pela secretaria de Saúde tem atendido pacientes com necessidade do uso de oxigênio contínuo. Esse atendimento é realizado a domicílio, para evitar que as pessoas necessitem de hospitalização para utilizar o oxigênio. Normalmente, os pacientes acabam indo no hospital, porque a falta de ar é totalmente comprometedora para a saúde, mas é uma hospitalização desnecessária, pelo risco de infecções que ele, o paciente, se sujeita estando nesse ambiente. Nas unidades de Saúde existem um cilindro de oxigênio, mas de qualquer forma não conseguem suprir as necessidades de uma pessoa que precisa utilizar de 18 a 24 horas por dia.
O Programa “Oxigenoterapia Domiciliar” atualmente conta com 40 pacientes, sendo custeado pelo município, serviço prestado por meio de contrato com uma empresa que presta os serviços de reabastecimento do oxigênio e os recursos para as despesas são provenientes da Secretaria do Estado de Saúde, como sendo de média complexidade.
Além desses usuários, existem ainda seis pessoas que utilizam equipamentos custeados totalmente pelo Estado, que são de alta complexidade e são utilizados para diversas patologias, sendo: BIPAP Syncrony (distrofia muscular), CPAP (apnéia do sono em grau determinado pelo profissional médico pneumologista) e BIPAP simples (para diversas patologias, também determinadas conforme critérios do pneumologista).
Para a utilização de oxigênio em casa também existem alguns critérios pré-definidos pelo protocolo municipal que segue as normas do Estado, visto que o uso mínimo autorizado é de 18 horas por dia e o máximo de 24. São fornecidos o concentrador de oxigênio e o cilindro backup (usado apenas quando falta luz elétrica). A pessoa, com indicação médica, deverá realizar exames específicos para este fim e o médico deverá orientar quanto aos critérios mínimos para a utilização dos equipamentos em casa, conforme as diretrizes do protocolo. “Existem os critérios que precisam ser seguidos, por isso, em caso de dúvidas, os familiares podem entrar em contato com o serviço da secretaria de Saúde pelo telefone 3631-0400”, informa a enfermeira Etiane Linzmeyer, que coordena o setor.
Segundo a enfermeira, as patologias que acometem as pessoas, as quais acabam necessitando desse serviço, são as DPOC (asma, bronquite, enfisema) e o principal fator de risco para essas doenças é o uso do tabaco. “Em São Bento do Sul, cerca de 90% dos pacientes em uso de oxigenoterapia domiciliar eram fumantes. Constatamos que fizeram uso do fumo por muito tempo. Essas pessoas possuem dificuldades em realizar tarefas simples do dia a dia, como caminhar e até mesmo tomar banho”, explica.
Ainda existem os usuários em uso do oxigênio, que estão acamados e totalmente dependentes de outras pessoas. Na maioria dos casos, as pessoas utilizam o concentrador de oxigênio (aparelho da oxigenoterapia que fornece o ar) pelo resto da vida, pois os danos sofridos pelos pulmões, especialmente em caso de DPOC, são irreversíveis e o equipamento permite melhora na qualidade de vida, visto que com essas doenças há falta de apetite, cansaço exagerado e, em alguns casos, pode ocorrer depressão e até mesmo osteoporose devido uso contínuo de medicamentos corticoides para controlar as crises. “Quem utiliza oxigênio em casa, tanto familiares quanto o próprio paciente, se ainda não parou de fumar, deverá parar imediatamente, pois há risco de explosão dos equipamentos, sendo que o oxigênio é um gás altamente inflamável”, alerta a enfermeira.
Visita em casa - Todos os pacientes do programa recebem mensalmente a visita de uma enfermeira, além das visitas dos agentes de saúde, com intuito de verificar o andamento do tratamento do paciente e dar suporte para que as dúvidas sejam sanadas e a estabilidade de cada usuário do sistema de oxigênio pela máquina seja garantida.
Agente facilitador - Para o aposentado Ambrósio Woiciechowski, que está inserido no programa há quase dois anos, foi um facilitador. “Fui levado duas vezes pelos bombeiros com uma crise terrível, não conseguia respirar. Graças a esse programa não preciso mais passar por essa situação. O atendimento em casa tem facilitado e me ajudado na recuperação”, conta.
Ex-fumante, Ambrósio faz questão de dizer às pessoas que o cigarro causa males irreversíveis. “Não temos como voltar no tempo, mas certamente não fumaria mais. Mesmo assim, dou graças estar me recuperando e agradeço ao atendimento da equipe de enfermagem que me dá muita atenção e apoio”, encerra.
Distrofia Muscular - Moradora do bairro Rio Negro, uma senhora de 51 anos sofre com distrofia muscular, que é uma doença degenerativa, e também precisa do apoio do programa. A mãe, uma senhora de 75 anos, cuida da filha com todo carinho e desprendimento, renunciando a uma série de situações para ficar ao lado da mesma quase que 24 horas por dia. “Tem gente que reclama de saúde, esperar algum tempo em fila. Gostaria que esse fosse o maior problema pra eu e pra minha filha. Mas a vida é assim mesmo, cada um com sua missão. Sou grata ao atendimento que as enfermeiras me trazem e ao carinho com que tratam minha filha”, disse emocionada.
Para a enfermeira Etiane, o atendimento às pessoas por parte da equipe de saúde precisa ser dessa maneira, com carinho e atenção. “As pessoas já estão doentes. Dependem da nossa atenção para melhorar, também, por isso precisamos sair de casa preparadas para oferecer o que vai ajudar na recuperação, não importa o problema”, encerra.