O empresário de 44 anos suspeito de abandonar uma bebê em Joinville, no Norte de Santa Catarina, e de jogar a mãe da criança em um rio com mãos e pés amarrados em Rio Negrinho , de uma altura de cerca de 20 metros, foi preso após se apresentar à Polícia Civil de São Bento do Sul, na manhã desta quarta-feira (16). A prisão preventiva dele havia sido decretada na terça-feira (15) .
Ele confessou ter agredido a vítima com as mãos e uma pedra, mas negou ter usado um martelo e ter atirado com arma de fogo contra a mulher. Segundo a polícia, ele também negou que tivesse intenção de matá-la e disse que ela o chantageava, pedindo dinheiro, pensão alimentícia, ameaçando contar para a ex-esposa dele que a bebê era sua filha e, que por isso, perdeu a cabeça.
De acordo com o delegado delegado Gustavo Muniz Siqueira, o empresário relatou em interrogatório que tinha a intenção de abandonar a mulher no local, como forma de castigo, deixá-la ferida, mas não morta. Segundo o suspeito, ela é que se jogou no rio.
Ele disse à polícia que estava arrependido e reconheceu que deveria ter ido à delegacia na noite em que tudo ocorreu. A respeito do bebê, disse que a abandonou em um momento impensado e também reconheceu que não deveria ter feito isso, mas entregue para alguém ou à polícia.Conforme a declaração feita aos policiais, o empresário jamais imaginou que a jovem tivesse morrido, achou que ela estivesse apenas ferida.
Depois de prestar depoimento, o empresário foi encaminhado para Rio Negrinho e de lá irá para Mafra, segundo a Polícia Civil.
O caso
A criança foi encontrada na manhã de sábado (12) em frente a uma loja. Câmeras de segurança mostraram o momento em que um homem, de carro, abandona o bebê na sexta (11).
Segundo o Conselho Tutelar, na segunda-feira (14) a menina estava aos cuidados de uma família acolhedora. Nesta terça-feira (15), a Vara de Infância e Juventude de Joinville informou ao Site que o caso segue em segredo de Justiça e que não poderia informar se a menina já estava ou não com a mãe.
A mulher recebeu alta na segunda-feira (14), e relatou a polícia que foi ferida a marteladas pelo pai da menina. O carro do suspeito foi apreendido no sábado (12). Um inquérito também foi aberto em Joinville para apurar o abandono da criança.
A mãe do bebê é paraguaia e tem 22 anos. Ela estava internada em um hospital em Rio Negrinho desde a manhã de sábado. Conforme o relato da vítima à Polícia Civil, ela e o suspeito de abandonar o bebê tiveram um relacionamento em 2015.
A Polícia Civil acredita que ele tenha tentado matar a jovem e abandonado o bebê para impedir a família soubesse da existência da criança.
“No intuito de reatar com a ex-esposa, ele premeditou. A estrada onde ela foi encontrada é muito isolada e é provável que ele já tivesse ido ao local. Ele também pediu que ela não contasse ninguém que iam viajar”, diz o delegado Gustavo Muniz Siqueira.
Noite do crime
A paraguaia e o empresário moram em Joinville. A vítima contou à polícia que o empresário a convidou para viajarem para o Paraguai. No caminho, por volta das 21h de sexta, ele conduziu o veículo até uma estrada de chão em uma área rural de Rio Negrinho.
Ela fingiu que estava desacordada para ele não continuar batendo" Gustavo Muniz Siqueira,
delegado
“Ele a agrediu com marteladas. Ela chegou a fingir que estava desacordada para ele não continuar batendo. Amarrou as mãos e os pés dela, a jogou no rio e fugiu. Ela conseguiu se soltar e chegar à margem do rio”, detalha Siqueira.
Segundo o delegado, dois pescadores ouviram gritos de mulher e acionaram a polícia. “Nossa equipe de plantão esteve lá e não encontrou nada no momento. Depois ela contou que viu as lanternas da polícia, mas com medo, achou que era ele e ficou quietinha”, conta o delegado.
A pedido da polícia, os bombeiros iniciaram buscas na região e encontraram a mulher na estrada pedindo ajuda. Ela foi conduzida para o hospital de Rio Negrinho.
Abandono da criança
O homem fugiu com a menina de 4 meses e a abandonou em Joinville. “Ele saiu de Rio Negrinho por volta das 21h e abandonou a criança por volta das 23h, acreditamos que essas duas horas foi o tempo que levou”, detalha o delegado.
A criança estava deitadinha, pelo jeito tinha acabado de acordar. Fiquei desesperada, nunca tinha passado por isso” Fátima Moraes,
que encontrou o bebê
A sapateira Fátima Donizette Moraes foi quem encontrou a criança. Ela foi estender roupa e viu um bebê conforto em frente à loja, no bairro Floresta.
“Não acreditei que teria uma criança. Chegando lá, tinha. A criança estava deitadinha, pelo jeito tinha acabado de acordar. Fiquei desesperada, é uma situação complicada, nunca tinha passado por isso”, afirma Fátima.
Mãe tenta recuperar filho
De acordo com o delegado de Rio Negrinho, a mãe voltou para Joinville e vai tentar recuperar a criança. "Registramos um boletim e ocorrência de abando de incapaz. O caso está com a Vara de Infância e Juventude”, explica o conselheiro tutelar Cristovão Petry.
Conforme o Petry, até a publicação desta matéria a mãe não havia procurado o Conselho, mas alguns familiares entraram em contato e as informações foram encaminhados à Vara de Infância.
“Nosso objetivo é sempre que a criança volte para a família de origem. Sabemos que a mãe foi vítima, mas é necessário avaliar, não pode ocorrer de novo. A Vara é que agora vai avaliar o possível processo de desacolhimento da criança”, coloca o conselheiro tutelar.