O ex-presidente da MMC, representante da Mitsubishi no Brasil, Paulo Arantes, disse nesta quinta-feira (10) em depoimento à Justiça que a empresa pagou R$ 16 milhões para o empresário Mauro Marcondes fazer lobby pela aprovação da medida provisória 471. O depoimento foi dado como parte das investigações da Operação Zelotes, da qual tanto Arantes quanto Marcondes (vice presidente afastado da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) são réus.
A Zelotes investiga uma suposta atuação de empresas para garantir a elaboração de medidas provisórias com incentivos tributários para o setor automotivo. Também são alvo da operação denúncias de fraudes em julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda.
A MP 471 prorrogou incentivo fiscal às montadoras e fabricantes de veículos instaladas na região Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Segundo os investigadores, há suspeitas de que a MMC pagou propina pela aprovação do texto e de que Marcondes “patrocinou interesses particulares junto ao Estado”.
No depoimento, Arantes afirmou que os R$ 16 milhões foram pagos a Marcondes ao longo de 5 anos, após a edição final da medida provisória no Executivo, em 2009.
“Contratamos o Mauro pela história de sucessos que ele tinha conosco. Nós não tínhamos, até o momento, uma representação política em Brasília”, afirmou Arantes.
Ele ressaltou que a quantia era para que Marcondes fizesse lobby e, segundo Arantes, "corrupção não estava nos planos". Ele afirmou que Marcondes não precisava prestar contas à a MMC sobre como estava atuando.
Quando questionado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira sobre a atuação do lobista Mauro Marcondes com políticos, ele declarou que Mauro “informou que iria trabalhar com os ministérios”.
“Corrupção nunca esteve nos nossos planos. Eu acho um absurdo eu estar aqui”, concluiu Arantes.
Depoimento de Marcondes
Nesta quarta-feira (9), quem deu depoimento à Justiça foi Mauro Marcondes. Ele disse que é "impossível" comprar uma medida provisória e negou ter praticado ato ilícito ou ter corrompido alguém. Ele ainda defendeu as medidas provisórias que são investigadas pela Zelotes.
“As medidas trouxeram US$ 70 bilhões de investimento para o Brasil. Com essas legislações, geramos 30 mil novos empregos”, disse. “É impossível comprar uma medida provisória. Tenho orgulho de ter participado disso. Eu nunca corrompi ninguém na minha vida, nunca cometi um ato ilícito”.