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Fraudes em ferrovias são alvo de operação da PF em seis Estados e DF

Sexta, 26 de fevereiro de 2016

 

     
Construção da expansão da Ferrovia Norte-Sul em Tocantins, que liga Acailandia (MA) a Palmas (TO)
Construção da expansão da Ferrovia Norte-Sul em Tocantins, que liga Acailandia (MA) a Palmas (TO)

BELA MEGALE
FLÁVIO FERREIRA
MÔNICA BERGAMO
DE SÃO PAULO
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

26/02/2016  07h10 - Atualizado às 09h21

 

Em mais uma ação derivada da Lava Jato, a Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (26), uma operação para investigar suposto esquema de fraude, cartel e propina na construção de ferrovias. Só em Goiás, a PF apurou mais de R$ 630 milhões desviados na construção da ferrovia Norte-Sul.

A Operação O Recebedor se vale de informações coletadas delações premiadas e documentos da Lava Jato. Além da ferrovia Norte-Sul, a investigação foca o pagamento de propina na integração Leste-Oeste. Há indícios de prática de cartel e lavagem de dinheiro.

São cumpridos sete mandados de condução coercitiva e 44 mandados de busca e apreensão, no Paraná, Maranhão, Rio, Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal e Goiás.

Entre os alvos de busca e apreensão estão a sede da Odebrecht, no Rio de Janeiro, a da Constran, em São Paulo. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal de Goiás conduzem a operação. As diligências foram autorizadas pelo juiz Eduardo Pereira da Silva, substituto da 11ª vara federal de Goiânia.

Os investigadores concluíram que as empresas fechavam contratos simulados. Segundo a PF, um escritório de advocacia e duas empresas com sede em Goiás eram usadas de fachada para maquiar a origem ilegal de dinheiro, proveniente de fraude de licitações públicas.

Na capital paulista, policiais estão na sede da Constran, na Serveng –empresa que atua nas áreas de engenharia e construção, mineração e energia– e na casa de um ex-funcionário da companhia.

A operação O Recebedor foi deflagrada a partir de informações fornecidas pela empreiteira Camargo Corrêa em acordos de leniência e delação premiada fechados com a força-tarefa da Lava Jato. Em abril de 2015, o executivo Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa, disse em delação que houve pagamento de propina para execução das obras da ferrovia Norte-Sul.

A investigação também pretende descobrir se havia um "clube" de empreiteiras atuando em cartel para obter obras de ferrovias com recursos federais nos mesmos moldes do que foi constatado nas obras da Petrobras.

O nome da operação faz referência à defesa apresentada por um dos alvos em uma investigação anterior intitulada "Trem Pagador", na qual seus advogados alegaram que "se o trem era pagador, o alvo não fora o recebedor".

Deflagrada em 2012, a Trem Pagador teve como principal investigado José Francisco Neves, conhecido como "Juquinha", ex-presidente da Valec, estatal responsável por ferrovias. No ano passado, o Ministério Público Federaldenunciou Juquinha e mais sete pessoas por diversas irregularidades em obras de ferrovias.

Os envolvidos devem responder por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

DERIVADAS

No final do ano passado, outra operação derivada da Lava Jato, a Crátons, foi deflagrada para investigar esquema de comércio e exploração ilegal de pedras preciosas em reserva indígena em Rondônia. Ela se iniciou a partir do rastreamento das atividades do doleiro Carlos Habib Chater, preso na primeira fase da Lava Jato, em março de 2014.

Segundo a PF, empresários, garimpeiros, comerciantes e até indígenas participavam da exploração de diamantes na reserva indígena Parque do Aripuanã, num local conhecido como Garimpo Lage, usufruto de índios da etnia Cinta Larga. 



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