BRASÍLIA - Ao discursar na reunião do Diretório Nacional do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira, que é mais importante aprovar as matérias de interesse do governo Dilma Rousseff, como o ajuste fiscal, do que “derrubar” o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
— O que interessa à oposição é discutir qualquer assunto e não discutir o que interessa, que é aprovar o que a Dilma mandou para o Congresso. Ou alguém acha que outra coisa é importante? Que é derrubar Eduardo Cunha, discutir impeachment e depois votar o que a Dilma mandou para o Congresso? — questionou Lula.
— Tem um componente novo que é a força do Eduardo Cunha junto a um conjunto grande de deputados. O Eduardo Cunha disse para muita gente que não lidera aquela quantidade de deputados. Que eles estão é insatisfeitos com a gente. Se é verdade ou mentira, não sei. O dado concreto é que estamos vivendo certa estranheza de comportamento no Congresso.
O ex-presidente admitiu que o partido não vive seu melhor momento, devido ao “bombardeio” sofrido, mas disse que a sigla é como “fênix” e “renasce das cinzas”.
— Certamente nós não vivemos o nosso melhor momento. Vivemos momento de um acirrado bombardeio contra o PT e os petistas. Nunca houve na História deste pais o bombardeio que o partido recebe 24 h por dia. É preciso que a gente não fique nervoso com isso — disse Lula.
O ex-presidente afirmou que, apesar das previsões, o partido terá bom desempenho nas eleições municipais do ano que vem.
— Esse partido, sempre que é colocado em xeque, reage como fênix, renasce das cinzas — afirmou Lula.
ALVO DE ‘PANCADARIA’
Alvo de investigações, assim como sua família, Lula previu que os próximos três anos serão de “muita pancadaria” contra ele, mas disse que vai “sobreviver”.
— Ninguém precisa ficar com pena. Aprendi com a vida a enfrentar adversidade. Se o objetivo é truncar qualquer perspectiva de futuro, então vão ser três anos de muita pancadaria. E podem ficar certos, eu vou sobreviver — disse Lula aos discursar para o diretório nacional do PT.
O ex-presidente aproveitou para ironizar as investidas da Polícia Federal e do Ministério Público contra sua família:
— Eu tenho mais três filhos que não foram denunciados, sete netos e uma nora que está grávida. Porra, não vai terminar nunca isso. E me criaram um problema desgraçado. Disseram que uma nora recebeu R$ 2 milhos. Aí vão perguntar quem está rico na família. Daqui a pouco uma nora entra com um processo contra a outra.
MUDANÇA DO DISCURSO DE DILMA
Lula admitiu que o PT elegeu a presidente Dilma no ano passado com um discurso diferente do que foi praticado logo depois pelo governo. Segundo ele, isso é “um fato” e deixou muita gente “nervosa” e “irritada”.
— Tivemos problemas políticos sérios que temos que encarar. Tivemos um grande problema, sobretudo com nossa base, quando tomamos a atitude de fazer ajuste necessário e estávamos discutindo com os trabalhadores quando foram anunciadas as mudanças dia 29 de dezembro, deixando muita gente nervosa e irritada. Ganhamos uma eleição com um discurso e depois tivemos que mudar e isso é um fato — disse Lula.
Ele disse que o ideal seria o PT eleger nos 513 deputados e os 27 governadores do país “para as coisas melhorarem”.
— Seria maravilhoso se um dia o PT pudesse disputar uma eleição e eleger 513 deputados. Não tantos, mas uns 400, os 27 governadores ter maioria absoluta. O PT iria brilhar e o PT teria menos problemas — afirmou, ao criticar o sistema de governo de coalização, com partidos sem identidade ideológica.
RECUO A CRÍTICAS CONTRA LEVY
Lula recuou das recentes críticas feitas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, dizendo aos petistas que gritar “Fora Levy” não é o mesmo dos anos 90, quando o partido gritava “Fora FMI”. Manteve, no entanto, o discurso de que é preciso aumentar a confiança na economia.
— Temos um problema que se chama confiança. Aumentando a confiança, aumenta a possibilidade de fazer mudanças na economia. Gritam “Fora Levy” com a mesma facilidade que a gente gritava fora FMI e não é a mesma coisa. Mas tem que mudar, tem que voltar a despertar sonho e esperança na sociedade brasileira.
O ex-presidente afirmou que tem certeza que Dilma deita a cabeça no travesseiro todos os dias pensando em como melhorar a economia.
— Não tem nenhum homem ou mulher que vai arrumar economia mais rápido que a Dilma, porque ela necessita, ela sabe que é importante e é o único jeito de recuperar o prestígio que o PT já teve é recuperara economia. Tenho certeza que todas as noites quando Dilma deita, ela fica pensando no aumento do salário mínimo, no PIB voltar a crescer, redução da inflação, em aumentar o consumo interno, a ter mais emprego e mais renda — disse o ex-presidente