Ecletismo e zetética

Virtual

Deve-se cuidar com as redes sociais, e tenho pena de novas gerações que dependem desses meios para encontrarem amigos. Quando temos laços com as pessoas, muitas vezes isso rende muito tempo e sinceridade para funcionar. Mas em ambiente virtual não há meio muitas vezes de se perguntar se a pessoa tem caráter ou é confiável. Não raro aparecem pessoas enganadas pela internet, e assim viram manchetes de programas policiais. Por outro lado, há quem ganhe dinheiro trabalhando no meio e se não fosse a rede, certamente eu não teria meus livros publicados. Sem muito atrativo físico, fico livre de estelionatos emocionais e assim o virtual para mim não se tornou um perigo. Vale que a divulgação cultural sim se torna positiva, e que a cada dia vejo mais pessoas de todos os lugares conhecendo minha produção literária e filosófica. O virtual cria novos desafios existenciais e afasta as pessoas, deixando tudo muito frio e hedonista. Os belos são heróis, e nós não tão belos esquecemos a senha, por falta de uso dessas redes. Ainda prefiro conversar e ouvir a voz de alguém, olhar nos olhos, ou mesmo dar um tapa nas costas, apertar a mão e ver o que a pessoa é realmente, sem mentiras.

Simpáticas?

Já mais de uma vez vi homenagens a nossa cidade, de pessoas de fora, diga-se e relembre que são pessoas de fora, dizendo que o povo de nossa cidade é simpático. Acho que o equívoco se tornou meramente uma propaganda. Pois passo pelas ruas cumprimentando pessoas, e em troca não vejo qualquer reação. Espero numa fila e ninguém conversa. Das mulheres mais difícil ainda. E se sair pra balada, nem se fala, sem um grupo você acaba tendo de se evadir do local. Uma vez um colega de Itajaí achou nossa cidade muito estranha, uma vez que as pessoas não saem em barzinhos, não conversam, e que ao sair em um local, ele se achou ofendido, porque não conseguia conversar com ninguém, de modo que um homem achou que ele estava cantando a namorada dele, ao tentar. Falei a ele que o povo é muito trabalhador e familiar. Não durou tempo e ele que prestava concurso, mudou de cidade. Este já notou de primeira que aqui seria ruim para arrumar uma namorada, e por isso lembrou de uma que ele possuía em Camboriú, passeando para lá. Isso que ele não conheceu alguns atendimentos de lojas, mas daí ele anteciparia a migração. Bem, propagandas sempre serão propagandas.

Trabalhador

Uma marca que sempre ficará em nosso município será o povo trabalhador. E um detalhe que já toquei muitas vezes: aqui estão os melhores dos melhores. Melhores intelectuais, melhores atletas, melhores dançarinos, os melhores. Uma vez veio um palestrante de Curitiba e ele notou a limpeza, ordem e beleza de nossa cidade. Notou as faixas de pedestres, pois os carros as respeitam, diferente de em outros locais. A palestra sobre cabala ou numerologia, falava que somos perfeccionistas. Assim tenho esperança que superemos qualquer crise, e que ainda seremos modelo para muitas cidades e até para quem desejar, ao redor do mundo. Descanso aqui, nem no final de semana. Muitos limpam o jardim, reformam a casa, lavam o carro, estudam, encontram ocupação. Não apenas a origem alemã de muitos da população, mas é mesmo a energia e a identidade nossa cidade que nos faz assim. Por exemplo, nesse fim de semana arrumei um tempo para fazer avaliações e tarefas da faculdade. Noutro local acho que não faria isso. Com o sol que fez, muitos teriam passado todo o tempo na praia. Mas se ver alguém trabalhando na praia, alta será a probabilidade que se trata de um são-bentense. E pelos estudos que fiz de autoconhecimento, claro ficou que o trabalho tomará grande importância em minha vida. Logo nasci na terra certa, e Deus escreve certo com linhas aparentemente tortas.