Uma nova era. Argel Fucks foi apresentado no final da manhã desta sexta-feira como novo técnico com o conhecido "sangue no olho". E disposto a transformar o Inter. Logo em suas primeiras respostas aos jornalistas, deu a entender que o grupo de Diego Aguirre trabalhava menos do que o ideal. Também deixou claro que o famoso rodízio do uruguaio caiu por terra. E terá em D'Alessandro, seu antigo desafeto após briga em 2010, num dos pilares na tentativa de reerguer a equipe.
Antes de começar a sua entrevista de quase uma hora na sala de imprensa do Beira-Rio, Argel recebeu do presidente Vitorio Piffero e do vice de futebol Carlos Pellegrini uma camiseta 3, número com o qual defendeu o Inter nos anos 1990 - estava no elenco campeão da Copa do Brasil de 1992 e conquistou ainda dois Gauchões. Disse dever tudo ao clube do coração. Por isso, quer recolocá-lo nos trilhos.
- Há 25 dias, o Inter era o melhor time do Brasil. Aí você perde no México, o clássico Gre-Nal e ninguém presta? Esses jogadores têm qualidade. Ninguém desaprende a jogar futebol. Vamos resgatar esses jogadores. É o momento de blindar o vestiário e agregar todo mundo. Precisamos trabalhar um pouco mais, essa é a verdade. Temos que passar esse voto de carinho que o jogador precisa - afirmou o treinador. - Só qualidade técnica não ganha jogo. É preciso ter um time copeiro. No melhor ano de suas conquistas, foi um time aguerrido, comprometido com a instituição. Não vejo outra forma de sucesso. É isso que a gente vai fazer. O torcedor pode esperar um time muito competitivo. O futebol moderno está muito equilibrado. Precisamos resgatar essa intensidade, agressividade e entrega em campo. Qualidade técnica já temos.

Questionado sobre D'Alessandro, com o qual discutiu em 2010, como técnico do São José-RS, chamando-o de "juvenil", Argel deixou as mágoas no passado. Afirmou que, agora, o argentino terá alguém para protegê-lo.
- O D'Ale é um jogador de confiança minha. Gosto do estilo, como homem, como caráter e jogar. A gente era meio parecido nesse estilo quando jogador. A diferença é que ele é argentino. Eu conto com o D'Ale, é diferenciado. Não existe mais um camisa 10 como ele no futebol brasileiro. Ele é um jogador comprometido com a instituição. Sempre em cima do D'Ale há uma cobrança maior, ele se expõe mais. Chegou um comandante agora para blindar ele, proteger ele. Antes de baterem nele, vão ter que bater em mim. No tênis, você pega a raquete e joga, come a banana e nem olha para o treinador. No futebol, é coletivo.
Argel deixou claro as suas preferências táticas e filosofias de futebol. Descarta o rodízio e disse que o jogador precisa estar em atividade. Sobre esquema tático, chamou o usual de 4-2-3-1 de sistema faceiro e diz que prefere o clássico 4-4-2 dos anos 1990.
- Não sou adepto ao rodízio, o jogador é preparado para jogar. Temos um grupo experiente, mesclado com a garotada. Dou atenção a eles, porque também já fui um garoto, quando o Ênio Andrade me colocou a jogar. Vamos fazer uma coisa bem simples. E é difícil ser simples o futebol. Ou é oito ou 80. O mais importante é ter um time definido. O torcedor tem que ter na ponta da língua o time do Inter. Não gosto de invenção, de testar - explicou. - O sistema que eu gosto é um 4-4-2 normal, com dois volantes, dois meias, um velocista e um atacante de referência. Com todos atrás da linha da bola para você ter uma disciplina. Não gosto de começar o 4-2-3-1, é meio faceiro demais. O 4-4-2 é mais equilibrado.

> Veja trechos da entrevista coletiva:
IDENTIDADE DO TIME
Só qualidade técnica não ganha jogo. É preciso ter um time copeiro. No melhor ano de suas conquistas, foi um time aguerrido, comprometido com a instituição. Não vejo outra forma de sucesso. É isso que a gente vai fazer. O torcedor pode esperar um time muito competitivo. O futebol moderno está muito equilibrado. Precisamos resgatar essa intensidade, agressividade e entrega em campo. Qualidade técnica já temos.
BRASILEIRÃO
É um campeonato maluco. Vamos pensar jogo a jogo. Esse é o nosso objetivo e foco. É nisso que vamos trabalhar. O Cruzeiro é um adversário que conhecemos. Enfrentei o Cruzeiro no início do campeonato, ganhamos em Florianópolis. O campeonato está num equilíbrio total.
QUALIDADE DO TIME
Há 25 dias, o Inter era o melhor time do Brasil. Aí você perde no México, o clássico e ninguém presta? Esses jogadores têm qualidade. Ninguém desaprende a jogar futebol. Vamos resgatar esses jogadores. É o momento de blindar o vestiário e agregar todo mundo. Precisamos trabalhar um pouco mais, essa é a verdade. Temos que passar esse voto de carinho que o jogador precisa.
D'ALESSANDRO
O D'Ale é um jogador de confiança minha. Gosto do estilo, como homem, como caráter e jogar. A gente era meio parecido nesse estilo quando jogador. A diferença é que ele é argentino. Eu conto com o D'Ale, é diferenciado. Não existe mais um camisa 10 como ele no futebol brasileiro. Ele é um jogador comprometido com a instituição. Sempre em cima do D'Ale há uma cobrança maior, ele se expõe mais. Chegou um comandante agora para blindar ele, proteger ele. Antes de baterem nele, vão ter que bater em mim. No tênis, você pega a raquete e joga, come a banana e nem olha para o treinador. No futebol, é coletivo.
SEM RODÍZIO
Não sou adepto ao rodízio, o jogador é preparado para jogar. Temos um grupo experiente, mesclado com a garotada. Dou atenção a eles, porque também já fui um garoto, quando o Ênio Andrade me colocou a jogar. Vamos fazer uma coisa bem simples. E é difícil ser simples o futebol. Ou é oito ou 80. O mais importante é ter um time definido. O torcedor tem que ter na ponta da língua o time do Inter. Não gosto de invenção, de testar.
PARTE TÁTICA
O sistema que eu gosto é um 4-4-2 normal, com dois volantes, dois meias, um velocista e um atacante de referência. Com todos atrás da linha da bola para você ter uma disciplina. Não gosto de começar o 4-2-3-1, é meio faceiro demais. O 4-4-2 é mais equilibrado.
POUCO TEMPO PARA TREINAR
Eu conheço esses jogadores. Nos enfrentamos no ano passado. Eles também conhecem a minha maneira de trabalhar. Eu vivo futebol 24 horas por dia. Acompanho todos os jogos. O mínimo que posso fazer é conhecer os outros elencos. Eu conheço os jogadores, vamos trabalhar hoje à tarde, amanhã. Teremos dois treinos para fazer uma estratégia. Isso é muito bom. Houve equipes em que nem dei treino e fui para o jogo. Eu venho de corpo e alma, não para sentar na arquibancada.
CONCORRÊNCIA
Não existe cadeira cativa no Inter. A instituição está acima de qualquer coisa. Vai ter uma disputa sadia. Só posso prometer oportunidades. Claro que pode jogar D'Ale e Alex juntos, se a perfomance for boa. Vamos tratar muito direto, olho no olho. Você ganha um campeonato com grupo.
CARINHO DA TORCIDA
O torcedor do Inter está triste, chateado, ferido. Não pode ter manifestação com violência. A moldura humana dentro do Beira-Rio é forte e responde. Ela quer um time competitivo. O Inter se construiu desta forma. Quando ganhou Mundial e Libertadores, havia qualidade técnica? Sim. Mas havia transpiração, entrega, uma coisa que vinha de dentro. Só qualidade técnica não vai te levar a lugar nenhum. O futebol mudou. É o momento de o torcedor dar um voto de confiança ao grupo de jogadores. Há 25 dias, era o melhor time do Brasil. Tem que dar um voto de carinho, principalmente ao jogador. Em termos de cobrança, vai ter um comandante que cobrará, dentro do vestiário.
Devo tudo que tenho no futebol a esse clube. É o clube do meu coração. Dentro do vestiário, vamos cobrar uma atitude diferente. Contra o Fluminense, já foi um time mais aguerrido. O Inter só é grande porque tem o torcedor do seu lado. Tive o gosto de ser campeão da Copa do Brasil com o Inter. Sei a repercussão que tem esse título. É o momento de o torcedor vir. Não vamos fazer treinamento com portões fechados. Desde que o torcedor venha e nos apoie. Se alguém vai cobrar, será eu internamente no vestiário. Conheço bem a aldeia e a vida noturna de Porto Alegre.
ANDERSON
O Anderson é um jogador que tem contrato de quatro anos. Não está tendo uma perfomance satisfatória. Agora, cabe a mim recuperar o Anderson. Qualidade ele tem. É um desafio meu, recuperar o Anderson e alguns outros jogadores. Ele vai ter uma atenção especial. Temos que ver uma posição em que ele se sente bem. Ele tem que render mais. Mas temos que entender que um jogador que ficou muito tempo lá fora, eu já sofri isso, precisa de uma adaptação. Lá, não se treina nem se joga tanto.