Médico
Esta frase não é invenção publicitária. Hipócrates, o pai da Medicina, divulgou essa ideia há mais de 2500 anos. E vai além, diz “que o vosso alimento seja o vosso primeiro medicamento”.
Isto posto, fica clara a importância de uma alimentação adequada para que tenhamos saúde e qualidade de vida.
Nesse “moderno” ritmo de vida, que tem se tornado cada vez mais rápido e exigido mais de todos, as pessoas tem deixado de lado uma boa alimentação, As desculpas são as mais variadas, tendo no topo da lista a falta de tempo para fazer uma refeição adequada.
Mas se pararmos pra pensar, o tempo para comer um delicioso (e gorduroso) risólis é o mesmo tempo que levamos para comer uma fruta... não é?
E se temos 1440 minutos por dia para vivermos, será tão difícil assim conseguirmos 20 minutos para uma boa refeição?
O que mais tenho observado na minha prática clínica, e o que é mais preocupante, é que as pessoas sabem o que precisa ser feito (sabem qual alimento é mais saudável, sabem que precisam comer mais vezes ao dia), mas não o fazem. E associa-se a isso a ansiedade, o sedentarismo, problemas particulares, entre outros, o que cria um círculo vicioso que tem aumentado o número de pessoas com sobrepeso e obesidade em nosso país.
O Brasil está em 5° lugar no ranking mundial de obesidade. Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, 48,5% dos brasileiros estão acima do peso. Isso é quase metade da população brasileira, o que represneta cerca de 90 milhões de pessoas! O sobrepeso é maior entre os homens (52,6% dos homens estão acima do peso, enquanto entre as mulheres esse número é de 44,7%). A faixa etária com maior sobrepeso é entre os 25-34 anos nos homens (55%), e entre os 45-54 nas mulheres (56%).
As mulheres, por natureza, tem uma maior quantidade de gordura e menor massa muscular que os homens, e tem por explicação fatores hormonais. Os homens, por sua vez, tem uma maior tendência à adiposidade visceral (“gordura abdominal”), o que é ainda mais perigoso, visto que o aumento de gordura abdominal está relacionado ao aumento de doenças cardiovasculares (infarto e AVC), diabetes, dislipidemias (colesterol e triglicerídeos alterados) e aumento da mortalidade.
Em relação a alimentação, a mesma pesquisa do Ministério da Saúde revela que aproximadamente 35% dos brasileiros comem carnes gordurosas em excesso e mais da metade (57%) bebe leite integral regularmente, tornando esses um dos principais fatores para o excesso de peso e obesidade no país. Além disso, cerca de 30% consomem refrigerantes pelo menos 5 vezes por semana. Por outro lado, apenas 20,2% ingerem a quantidade recomendada de cinco ou mais porções por dia de frutas e hortaliças.
E se engana quem acha que esse hábito inadequado é atual. Na verdade, isso vem de longa data. “Os hábitos alimentares do brasileiro não mudam, comemos poucas frutas e verduras desde sempre. Nós não estamos comendo menos frutas e vegetais hoje do que há anos atrás. Da mesma forma que a carne gordurosa é a preferência nacional há muito tempo. O que tem mudado ao longo dos anos é o aumento do consumo de alimentos refinados, industrializados e produtos “prontos” para uso com alto teor calórico”, diz Dra. Rosana Radominski, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Isto posto, é imprescindível para nossa saúde termos uma alimentação balanceada. E isso não significa privação de alguns “prazeres gastronômicos”. Significa sim, que devemos, no nosso dia a dia, ter uma disciplina, em relação e qualidade dos alimentos, além de horários adequados para nossas refeições. As porções de cada grupo alimentar (cereais, carboidratos, hortaliças, carnes, leite e derivados, leguminosas, gorduras) devem ser respeitadas, e o consumo de doces e açucares deve ser moderado.
Obviamente, a quantidade de cada grupo alimentar vai depender de cada pessoa, levando em consideração seu biotipo, sua rotina de exercícios, entre outros fatores.
Mas é importante que aumentemos o consumo de frutas e verduras (pelo menos cinco porções ao dia), que diminuamos o consumo de gorduras e açucares, que o consumo de carboidratos seja moderado. O mesmo vale para o consumo de álcool e açúcar.
E o mais importante: que cada um tenha consciência de que sua saúde, como disse Hipócrates, depende do que ingerimos. E depende somente de nós promovermos essa saúde e qualidade de vida que tanto queremos. Afinal de contas, quem não quer estar saudável?
“Cuidar do corpo e da saúde não tem nada a ver com parecer bem, tem a ver com estar bem para você e com você.” - Ali
Bom final de semana à todos, sejam saudáveis (sem desculpas), e não esqueçam de ser felizes!