Uma nova epidemia no mundo

Muito se fala em doenças. Sua mortalidade, o número de sequelas e mortes, o que fazer para evitá-las. Algumas tornam-se epidemias, dado o alcance atingido mundialmente.

Pois bem, há uma epidemia que vem se evidenciando e sacramentando seu lugar (e importância) como uma das maiores causas de mortes e sequelas no mundo: os acidentes de trânsito.

E com essa infeliz constatação, muito tem se estudado para que possamos, de alguma forma, amenizar essa alarmante estatística. Há, inclusive, uma especialidade médica, denominada Medicina do Tráfego, que visa, entre diversos outros objetivos, traçar metas para conscientização, educação e diminuição da mortalidade no trânsito brasileiro.

O Brasil, em 2011, fez um pacto com a ONU para diminuir, em até 2020, 50% da mortalidade em virtude de acidentes de trânsito. Meta quase impossível de atingir, visto que desde então a curva de mortalidade praticamente se manteve. Mais uma promessa politiqueira, visando somente atrair os holofotes, como tem sido de praxe em nosso país.

O acidente de trânsito afeta diretamente a população, e não só pelas vidas ceifadas. Há outros fatores como a incapacitação física, perdas materiais, além de vários comprometimentos de cunho psicológico, muitas vezes de difícil superação.

Em 2014, o trânsito matou 1,3 milhão de pessoas no mundo. São 3000 vidas perdidas por dia, sendo a 9ª maior causa de morte no planeta! Os acidentes são a 1ª causa de morte na faixa dos 15 aos 29 anos de idade.  De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), 10 países (Índia, China, EUA, Rússia, Brasil, Irã, México, Indonésia, África do Sul e Egito) respondem por 62% das mortes no trânsito.

Atualmente, as principais causas associadas a acidentes de trânsito são:

- Dirigir e falar ao celular; (Há pesquisas que já evidenciam que o uso do celular durante a direção pode diminuir mais o reflexo do motorista do que a ingestão de álcool); Dados de uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Ortopedia, mostra que se o motorista tirar os olhos da rua por 2 segundos, enquanto mexe no celular, dirigindo a uma velocidade média de 50km/h, pode percorrer quase 28 metros sem qualquer visibilidade (como se estivesse com os olhos fechados).

- Dirigir alcoolizado: Ainda é a maior causa de acidentes no trânsito;

- Excesso de velocidade;

- Dirigir sem cinto de segurança;

- Não respeitar a distância entre os veículos;

- Dirigir sem dar sinal (“pisca alerta”);

- Carro sem manutenção adequada;

Alguns outros dados (chance de ter um acidente automobilístico)

- Discar um número de celular: aumento de 8x a chance de ter um acidente;

- Procurar um telefone no celular: aumento de 7x.

- Mandar uma mensagem de texto: aumento de 4x.

- Fazer um “lanchinho” ao volante: aumento de 3x.

O Brasil, num ranking da OMS, tem o 5º trânsito mais perigoso da América Latina, e o 4º em número absoluto de mortes no mundo. Os custos globais anuais com os acidentes de trânsito são de cerca de R$ 60 bilhões. E a maior parte das mortes em acidentes de trânsito ocorre com motociclistas (23% dos casos).

Portanto, caros leitores, é preciso que atentemos para essa triste realidade que nos assola. A cada dia, 115 mortes acontecem no trânsito em nosso país. Para mudarmos essa estatística, é preciso que todos façam sua parte. Aos gestores, que incluam sim medidas punitivas mais severas, porém não só com o objetivo monetário, mas com o intuito de inibir comportamentos errados. E mais importante ainda são medidas educativas, para conscientizar a população da importância de atitudes corretas.

E aos cidadãos, cabe terem a consciência e educação de “fazer o certo” e propagar essa ideia. Deixemos de lado o “isso não acontece comigo” e o “eu não vou cair na blitz”, e passemos a pensar no “eu posso evitar uma morte” e “eu posso mudar a sociedade para melhor”. Porque só quem já perdeu alguém querido no trânsito sabe a dor que essa epidemia causa.

Educação, essa é a palavra.

Boa de semana à você amigo leitor. Seja educado e responsável, sempre.