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Acolhimento Familiar devolve direitos e amor a crianças e adolescentes

Quarta, 29 de julho de 2015




São Bento do Sul e Indaial são referências em Acolhimento Familiar em Santa Catarina. Outros 76 municípios no Estado também adotam esse sistema que consiste em acolher temporariamente, na casa de voluntários, crianças e adolescentes retirados de suas famílias de origem. Para a Secretaria Municipal de Assistência Social do município, a prioridade é sempre buscar a reintegração à família de origem e, em segundo plano, obter uma adoção. Enquanto isso não ocorre, a primeira opção é colocar a criança ou adolescente em uma família acolhedora e, em último caso, atendê-los no Serviço de Acolhimento Institucional, uma casa abrigo implantada em janeiro de 2014.
Tanto as Famílias Acolhedoras quanto o Abrigo possuem equipes de profissionais especializados, com psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, entre outros. Atualmente, 14 famílias estão cadastradas no serviço. Elas passam por capacitação e acompanhamento periódico e não podem ter interesse na adoção. “Precisam estar conscientes de que a convivência com a criança ou adolescente será temporária. Isso não impede que o contato continue depois que a criança volta para a família de origem ou é adotada, pois os vínculos permanecem”, explica a assistente social Silvia Santiago Martins. A psicóloga Daniela Kugelmeyer atua no preparo tanto da família que acolhe, quanto dos acolhidos e também da família de origem, quando há condições de retorno ao lar. “Mesmo quando a criança volta para a sua casa, continuamos o acompanhamento para ter certeza de que ela estará bem cuidada”, conta. Quando uma criança é retirada do convívio familiar por ter sofrido alguma violação de seus direitos, pode ocorrer que todos os irmãos menores de 18 anos também sejam acolhidos. 
Sílvia observa que, nos últimos três anos, tem aumentado o índice de bebês a serem acolhidos e diminuído o número de crianças maiores de cinco anos. “Talvez porque agora a rede de atendimento já esteja mais preparada para identificar mais cedo os casos de vulnerabilidade”, supõe. Violência física e psicológica, normalmente associadas ao uso de álcool e outras drogas, são os casos mais frequentes de afastamento das crianças e adolescentes de suas famílias de origem, ao lado das ocorrências de adoção irregular. 
São Bento do Sul possui várias pessoas na espera para adotar uma criança. A adoção de crianças maiores, ainda é difícil de ocorrer, mas, de acordo com Sílvia, o trabalho realizado pelos voluntários do Grupo de Estudos e Apoio à Adoção e Convivência Familiar e Comunitária Gerando Amor tem ajudado bastante a mudar esse perfil. “Ao participarem dos encontros do Gerando Amor, os interessados em adoção vão ampliando seu modo de pensar, preferem bebês e crianças menores, mas podem modificar esse desejo ao participarem das atividades do grupo”, conta.
A secretária de Assistência Social, Rita Maria Dums, destaca a importância da parceria entre administração municipal, judiciário e o grupo de voluntários Gerando Amor para assegurar o êxito do acolhimento familiar no município, iniciado há 13 anos. “É muito gratificante ver que essa união de esforços se reflete em resultados positivos no cuidado com nossas crianças e adolescentes”, afirma.


Abrigo: outra modalidade para acolher

Desde janeiro de 2014, o município conta também com o Serviço de Acolhimento Institucional na modalidade abrigo, um lugar onde crianças, a partir de sete anos, e adolescentes ficam enquanto aguardam uma família acolhedora disponível, o retorno para seus lares ou a adoção. A intenção da equipe técnica e dos cuidadores é proporcionar aos acolhidos um ambiente mais próximo possível de uma residência comum. O espaço comporta até 20 acolhidos, mas, atualmente, cinco estão no abrigo, com idades entre 9 e 17 anos. Antes da implantação do Acolhimento Institucional no município, era necessário recorrer a Itajaí e Blumenau.
Uma equipe formada por assistente social, psicóloga, pedagoga, coordenadora, auxiliar e cuidadores trabalha no Abrigo para garantir todo acompanhamento necessário aos acolhidos. A rotina é bem parecida com a de uma família qualquer: vão à escola, fazem as refeições juntos, participam de atividades recreativas, como jogar pingue-pongue e vídeo-game, fazem passeios, mas tudo com horários preestabelecidos. No contraturno escolar, também ocorrem atendimentos psicológicos, médicos, de fonoaudióloga e reforço escolar, orientado pela pedagoga Daiana Nara Ribeiro do Prado.
O IDI (Instituto de Desenvolvimento Integral) é responsável pela coordenação e equipe de cuidadores. A coordenadora Daniela Rabelo Miranda conta que as crianças e adolescentes acolhidos costumam ser bastante afetivos e carinhosos. “Nós também procuramos respeitar a personalidade de cada um, que é resultado da história de vida que carregam”, explica. Integrar os acolhidos a diversas atividades sociais é uma das metas da equipe técnica. “Eles também sugerem atividades, como participar de campeonatos, de programações culturais, entre outras. “Programamos uma agenda especial para o período de férias deles, com passeios, cinema, visita à biblioteca. São crianças e adolescentes que passaram por situações tristes, complicadas, por isso queremos que eles sejam muito felizes aqui conosco”, declara Daniela.
Custos
Para manter o serviço de acolhimento institucional, o município investe, aproximadamente, R$ 44 mil por mês, conforme dados da secretaria de Finanças.
No Abrigo, os acolhidos podem permanecer até 18 anos, caso não consigam um novo lar. “Procuramos dotar esse adolescente da maior autonomia possível, mas sabemos que, na atualidade, é difícil um jovem dessa idade conseguir manter-se sozinho, por isso já pensamos em, futuramente, implantar um outro modelo de acolhimento, conhecido como República, para jovens de 18 a 21 anos”, conta o diretor de Assistência Social, Andrigo Carvalho.

Casal Lopes já fez 37 acolhimentos

Quando Joenir Moreira Branco Lopes se aposentou não quis ficar em casa vendo a vida passar. A carreira de tantos anos como professora a transformou em uma pessoa ativa e sempre disposta a ajudar os outros. Começou a se ocupar com o artesanato. Fez de tudo um pouco: tricô, bordado, pintura, crochê. Mas logo enjoou. Pensou em trabalhos voluntários, mas não encontrou algo que lhe preenchesse o tempo com alegria. Foi a filha, que trabalhava na Secretaria de Educação, quem trouxe um material sobre o programa Famílias Acolhedoras, sem grandes pretensões, mas Joenir se interessou pelo assunto. Conversou com o marido, André Lopes, e juntos iniciaram uma capacitação com a equipe da Secretaria de Assistência Social. Engajaram-se no projeto e, desde então, viraram referência no serviço. Pela casa de Joenir já passaram 37 crianças acolhidas. 
No começo não foi fácil. “Na primeira acolhida, André se apegou muito à criança. Tivemos que chamar o psicólogo da secretaria para conversar com ele”, fala. Hoje, ambos se orgulham do trabalho que fazem dentro do serviço. Duas paredes da casa contam com um mural de fotos de todas as crianças que já estiveram sob seus cuidados, assim podem relembrar os momentos que passaram juntos. “É gratificante”, afirma André. 
Atualmente, o casal acolhe uma criança de dois anos. “Quando ficamos muito tempo sem alguém, fica um vazio na casa. Por um tempo não mexemos nos brinquedos nem no quarto”, explica a aposentada. Após tantas acolhidas, eles entendem que a despedida faz parte do processo. “É preciso entender que eles têm, sim, uma família. Mesmo que sigam para adoção, há todo um caminho para isso acontecer. Com o tempo você entende como é importante o papel de uma família acolhedora para aquela criança e fica com o sentimento de 'dever cumprido' quando ela vai embora”.

Vivas recordações
Pela residência de André e Joenir já passaram desde crianças recém-nascidas até adolescentes com 14 anos. Uma delas, chegou a casa com cinco anos. Revoltado e bastante violento devido a uma infância sofrida, o garotp mudou completamente após a convivência com uma família recheada de amor e afeto. “Só o que você precisa oferecer para a criança é uma realidade familiar diferente, com amor”, conta Joenir. O menino chegou a ser adotado, mas voltou ao serviço após denúncias de maus-tratos na nova família. Ficou mais um tempo com Joenir e André e foi criando laços com a família acolhedora.
“Uma das recordações mais marcantes foi a de uma festinha aniversário que preparamos para ele. Quando esteve com a primeira família adotiva não ganhou nenhum um bolo no dia porque estava de castigo. Quando voltou para nossa casa, fizemos um bolinho de morango e chamamos umas pessoas. Foi bem simples, mas ele sempre conta que aquela foi a primeira festa de aniversário que teve na vida”, relembra Joenir. 
Depois de passar dois anos e meio com a família acolhedora pela segunda vez, ele foi novamente adotado, dessa vez, por uma família do Rio de Janeiro, com a qual permance até hoje. Agora, aos 17 anos, o adolescente costuma telefonar para Joenir e André e, por vezes, pede conselhos. “Acho que eles têm em mim a figura de uma avó”, afirma Joenir. As duas famílias mantêm uma relação amigável e, no final do ano, o menino vai aproveitar o período de férias para visitar a família são-bentense que o acolheu.



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