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Atendimento socioeducativo a adolescentes requer cooperação da sociedade

Quinta, 23 de julho de 2015

 

 

A apresentação do Plano Municipal de Atendimento Socieducativo, na tarde de quinta-feira, contou com palestra do cientista social Guilherme Cechelero, fundador do Instituto Fala Guri, em Itajaí, e coordenador geral da CEK8 Formações, que desenvolve projetos de incentivo ao protagonismo infantojuvenil e juvenil. O palestrante destacou a elaboração do plano como um “marco histórico” para São Bento do Sul e lembrou que, durante 220 anos, o país não teve políticas públicas para crianças e adolescentes.

O plano traça estratégias para atender de modo adequado os adolescentes que cometem atos infracionais, isto é, em desacordo com a lei. Entre os objetivos dessas ações estão motivar o adolescente a procurar novos conhecimentos e a prevenção à violência. Com a prática das ações propostas, espera-se reduzir o número de infrações cometidas por adolescentes, ampliar a qualidade de educação e diminuir a evasão escolar, além de promover maior agilidade no acompanhamento dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas. A coordenadora do CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social), Karen Lili Fechner explicou que o Plano Municipal foi elaborado no ano passado, por uma comissão intersetorial. “É uma ferramenta para todos que trabalham com adolescentes guiarem suas ações”, declarou. A secretária de Assistência Social, Rita Maria Dums, agradeceu a participação de todas as pessoas envolvidas na elaboração do plano.

Cechelero frisou a importância de compreender o histórico de vida dos adolescentes que cometem infração. “A maioria, antes de cometer o ato infracional, também teve seus direitos violados”, afirmou. Para o palestrante, a sociedade costuma confundir desenvolvimento físico com maturidade psicológica e moral. “O senso de responsabilidade não é biológico, não vem automaticamente com o crescimento do corpo”, afirmou.

O palestrante também chamou a atenção para a “cultura da entrega”, ou seja, de empurrar os problemas para instituições resolverem. “Há famílias para as quais o adolescente é visto como um problema do qual tentam se livrar empurrando para a escola, para o conselho tutelar, para a polícia. O que precisamos é ajudar esse adolescente a desenvolver as suas potencialidades positivas”, argumentou. “Colocar esse plano municipal em prática é um compromisso a ser assumido por toda a sociedade”, completou. Contrário à redução da maioridade penal, Cechelero destacou que não se pode confundir garantia dos direitos dos adolescentes com anulação de limites. “O adolescente precisa, sim, ser responsabilizado por seus atos, mas o mais importante é que aprenda, que tenha bons exemplos a seguir e possa transformar sua realidade de modo positivo para ele e para a sociedade.”

O auditório do Centro Administrativo Leopoldo Zschoerper foi decorado com pinturas em grafite feitas por adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em São Bento do Sul. Por meio de contrato com o Senac, eles participam de oficina com o artista José Malinoski. 



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