
O engenheiro mecânico Paulo Roberto Dalmazzo, detido durante a 14ª fase da Operação Lava Jato, teve a prisão preventiva revogada e deixou a carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba por volta das 16h20 desta quarta-feira (1º). A saída foi registrada pelo cinegrafista da RPC Feliphe Abreu.
Dalmazzo é ex-executivo da Andrade Gutierrez, um dos alvos da última etapa da operação que apontou um esquema bilionário de corrupção e desvio de dinheiro na Petrobras. A empresa, assim como a empresa Odebrecht, é suspeita desenvolver um mecanismo sofisticado para o pagamento de propina a diretores da estatal.

(Foto: Hugo Harada/Agência de Notícias Gazeta do
Povo/ Estadão Conteúdo)
Dalmazzo teve a prisão preventiva decretada, conforme o juiz Sérgio Moro, pelo bem da ordem pública. Ele apareceu nas investigações a partir de depoimentos de delação premiada de investigados.
Apesar de não mais fazer parte dos quadros daAndrade Gutierrez quando foi preso, a Justiça avaliou que o engenheiro poderia voltar a cometer crimes semelhantes aos desvendados pela Polícia Federal porque Paulo Roberto Dalmazzo seria dirigente de outra empresa também prestadora de serviços à Petrobras.
Ainda segundo Moro, essa empresa teria depositado R$ 1.941.944,24 em uma conta controlada pelo doleiro Alberto Youssef – considerado um dos mentores do esquema.
Outro lado
Os advogados que representam Dalmazzo alegaram que o cliente se desligou da empresa em maio de 2014 e que se sustenta com recursos pré-existentes.
Restrições
Mesmo com a revogação da prisão, Dalmazzo terá que cumprir algumas exigências.
“Tendo em vista, porém, [...] com provas, em cognição sumária, do envolvimento do investigado em crimes de cartel, ajuste de licitação, corrupção e de lavagem de dinheiro praticados com sofisticação e de grande magnitude, reputo necessário impor medidas cautelares alternativas para resguardar o processo, a ordem pública e o risco à aplicação da lei penal”, diz trecho do despacho do juiz federal.
O ex-executivo da Andrade Gutierrez não poderá deixar a residência por mais de 30 dias; não poderá mudar de endereço; deverá entregar o passaporte, sendo vedada a saída do país; não poderá prestar serviço como empregado ou como autônomo ao Poder Público; ele ainda tem a obrigação de comparecer a todos os atos do processo, inclusive da investigação, mediante intimação por qualquer meio, inclusive por telefone.
A Justiça também estabeleceu fiança, que corresponde a valores já bloqueados do suspeito.
Andrade Gutierrez nega participação
Após a prisão de executivos, a Andrade Gutierrez divulgou negou a participação do esquema criminoso apontado pela Operação Lava Jato. Os funcionários são suspeitos de crime de formação de cartel, fraude em licitações, corrupção de agentes públicos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
"A Andrade Gutierrez considera as prisões de seus executivos abusivas e sem fundamento objetivo. A ausência de provas na decisão judicial, e nas declarações dos procuradores e policiais, deixa claro que as prisões foram decretadas sem nenhum indício que justifique tal decisão. A empresa reitera que nunca participou de cartel, acordo ou fraude em licitações. Prova disso é que a Andrade Gutierrez, sendo a segunda maior construtora do país, é a 14ª colocada entre as empresas contratadas pela Petrobras no período investigado. Seus executivos são inocentes."