Por Charles Adriano Duvoisin - CRO–SC - 4821
Estudos e mais estudos vêm a cada dia transformando o avanço tecnológico do sistema mundial de promoção de saúde. Isso é facilmente visto com os notáveis avanços das curas de doenças rotineiras apresentadas, como por exemplo, alguns tipos câncer, Ebola, AIDS, diabetes, gripes, Mal de Parkinson, etc. No entanto, estamos esquecendo de valorizar o verdadeiro promotor de saúde, ou seja, os profissionais que promovem a verdadeira cura ou prevenção; estes são todos os profissionais da área das ciências da vida: médicos, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, entre outras importantes áreas atuantes, e não poderia deixar de citar a minha área de atuação, a odontologia.
Diante disso, gostaria de fazer uma análise para entender a falta de profissionais para suprir uma demanda difícil de compreender diante dos dados estatísticos que se apresentam. Contratar profissionais baratos, importados, apenas porque estes se sujeitam a baixos salários? Pergunto, e de antemão me desculpo pela franqueza, mas será que estes profissionais já atuantes possuem o mínimo de capacidade profissional? Interessante pensar que ainda não exista uma prova de capacitação mínima de competência, ou pelo menos não tem sido aplicada na área odontológica. Por dados apresentados podemos afirmar que são mais de 250 mil odontólogos atuantes no Brasil, isso equivale a 25% da população mundial de cirurgiões-dentistas, ou seja, atualmente o Brasil possui ¼ dos odontólogos mundiais. E o que mais surpreende é que o governo ainda não satisfeito, deseja implantar o “Programa mais Dentistas”! Será isso coerente? Ou bastaria desenvolver um programa de incentivo para uma melhor distribuição dos profissionais já existentes neste rico Brasil? Também outro problema que vem se agravando a este, o crescente número de profissionais formados em odontologia no Brasil, e a falta de controle de qualidade profissional atuante, o que poderá se tornar um grave problema, em um futuro breve porque não existe uma prova de capacidade mínima profissional odontológica exigida em nosso país. E por conseqüência existe um inquestionável acomodamento profissional, acarretando no desestímulo de capacitação odontológica. Como por exemplo, cito meu caso em particular; sou formado como cirurgião-dentista há pouco mais de 15 anos e durante esse período muitos conceitos, métodos, materiais odontológicos, anestésicos, antibióticos, técnicas cirúrgicas e hábitos, mudaram significativamente, e logicamente que no Brasil existem muitos profissionais com muito mais de 15 anos de atuação, e estes não necessitam de atualização, pois basta que tenham se formado em graduação odontológica reconhecida e já são aceitos como profissionais capacitados.
Estranhamente no Brasil, é que a habilitação automobilística tem que ser renovada a cada 5 anos, e a responsabilidade é incomparável com a dos profissionais da odontologia. Contudo, muitos odontólogos brasileiros, por questões éticas e de bom senso continuam se atualizando e se especializando, mesmo não havendo estímulo direto para isso. E aqui cabe um questionamento: por que não fazer uma prova de capacitação, equiparada à prova da OAB, para os odontólogos brasileiros? Acredito que dessa forma haveria sim, um estímulo ao estudo e a atualização profissional, e por conseqüência, aos incapazes ou incompetentes, caberia mais esforço e estudo, ou que atuassem em outra profissão. Não consigo compreender porque esta norma ainda não foi implantada no Brasil, e cabe aqui dizer, por que não estender ao funcionalismo público, tendo que alcançarem as melhores notas para se manterem nos locais de sua escolha, e aqueles com menores notas seriam designados às regiões menos desejadas. Claro que dentro deste conceito/ideia, desenvolvendo um método que não proporcione injustiças, mas que almeja uma simples proposta de inovação do sistema atual brasileiro, e levando em consideração que as mudanças são sempre muito trabalhosas e nem sempre bem recebidas. No entanto, acho que temos o dever de propor mudanças pertinentes e necessárias à essa questão. Quero assim, registrar uma proposta de mudanças e peço a ajuda para aqueles que já propuseram ideias semelhantes, e que igualmente desejam melhorar a classe odontológica brasileira. Peço que me desculpem se pareci prepotente, ou ainda, se esta proposta não é prioridade para a democracia brasileira, todavia, considero preocupante o andamento e o futuro da odontologia no Brasil.
Me despeço com um forte abraço e desejo boas energias a todos.