
A reconstituição da tentativa de assalto que resultou na morte da médica Mirella Maccarini Peruchi, de 35 anos, em Criciúma, Sul catarinense, mostrou o quão próximos estavam os criminosos do carro. "As testemunhas tinham como fazer o reconhecimento", explicou o delegado responsável pelo caso, Ulisses Gabriel. O laudo do trabalho realizado na tarde desta quinta-feira (21) será encaminhado ao judiciário.
No dia 27 de abril, a médica voltava para casa dirigindo, com o marido no banco do passageiro, por volta das 21h. Armados, dois jovens mandaram que ela parasse o carro. Mirella não obedeceu e os criminosos dispararam três vezes. Um dos tiros acertou a cabeça da vítima. Ela foi levada inconsciente ao Hospital São José, em Criciúma. A médica passou por cirurgia, mas morreu por volta das 23h30.

"A ideia é justamente mostrar para os juízes e promotores como aconteceu", disse o delegado sobre a reconstituição. Um adolescente de 17 anos, que confessou participação no crime, e um jovem de 22, que negou tudo, foram detidos. Ambos foram indiciados no inquérito policial, entregue há duas semanas no fórum. Pela reconstituição, o adolescente foi o autor dos disparos.
Além do laudo sobre a reconstituição, a polícia também vai encaminhar ao judiciário um relatório sobre o local do crime, com o posicionamento do automóvel e dos criminosos. O marido da médica e uma pessoas que os suspeitos tentaram roubar antes de Mirella participaram da reconstituição.
A Polícia Militar fechou a rua onde aconteceu a tentativa de assalto. Polícia Civil e Instituto Geral de Perícias também estiveram no local.
Inquérito
O inquérito da polícia foi recebido pela 13ª Promotoria de Justiça no dia 14 de maio. Na segunda (18) foi ajuizada denúncia criminal contra o jovem de 22 anos por latrocínio [roubo seguido de morte], tentativa de roubo contra o marido da médica e corrupção de menores. Na quarta (20), a denúncia foi recebida pela Justiça.
No caso do adolescente suspeito, foi feita representação contra ele pela 8ª Promotoria de Justiça. Como o processo é sigiloso, não foram informadas a data nem as infrações relacionadas à representação.

Suspeitos
Na mesma noite do homicídio, um adolescente de 17 anos foi apreendido pela polícia e confessou participação no crime. Ele disse que a arma utilizada era do comparsa, de 22 anos. O menor tinha registro de infração antecedente por porte de arma.
O segundo suspeito foi preso na tarde de quinta (30). Segundo a Polícia Civil, o jovem de 22 anos se apresentou na Divisão de Investigação Criminal (DIC) da cidade.
Segundo o delegado, responsável pelo caso, Ulisses Gabriel, o rapaz tem passagens por tráfico e ameaças. Ele foi conduzido ao Presídio Regional de Criciúma na tarde de quinta. O adolescente está no Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep) de Tubarão, também no Sul catarinense.
Protesto
Cerca de 400 familiares da médica e moradores de Criciúma fizeram uma manifestação no dia 2 de maio pedindo mais segurança.
O marido de Mirella também afirmou que o casal se mudou de São Paulo para morar em uma cidade com mais segurança. "O que aconteceu foi uma tragédia. Um ato covarde, brutal e hediondo", disse.

Criciúma em 7 de maio (Foto: Reprodução/RBS TV)
Força-tarefa em Criciúma
No dia seguinte após a morte da médica, o secretário de Estado de Segurança Pública, César Grubba, esteve na cidade. Ele se reuniu com as Polícias Militar e Civil. No mesmo período, houve uma reunião na Prefeitura de Criciúma para discutir a situação da segurança no município.
Em 5 de maio, após reunião com autoridades da região de Criciúma, o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, anunciou medidas emergenciais para reforçar a segurança da área. Elas incluem o aumento do efetivo das Polícias Militar e Civil através de concursos públicos e a instalação de câmeras de monitoramento. A operação para reforçar a segurança da cidade começou dois dias depois e é por tempo indeterminado.