
Funcionários da Prefeitura de Florianópolis começaram nesta quinta-feira (14) uma greve por tempo indeterminado. De acordo com o Sintrasem, sindicato que representa os servidores, a adesão à greve varia de 60% a 85%. Às 14h, está marcada uma mesa de negociação com o comando de greve na sede da Secretaria de Administração.
Segundo Carlos dal Jovem, diretor do Sintrasem, a adesão é maior entre os funcionários da educação, com 85% de adesão, e de 60% entre os servidores da saúde. Também há adesão na área de obras.
De acordo com balanço da Prefeitura de Florianópolis, 58% das escolas básicas estão totalmente paralisadas na Capital. Das 36 escolas, 21 estão fechadas, quatro funcionam parcialmente e 11 têm aulas normalmente.
Nos 78 centros de educação infantil da capital, a adesão é superior a 43%: 34 creches estão em greve, 16 funcionam parcialmente e 28 têm atendimento normal. O sindicato afirmou que os pais dos alunos têm sido avisados desde a última quinta-feira (7) sobre a greve.
É o caso da escola Domícia Maria Vargas, no bairro Saco Grande. A escola atende cerca de 600 alunos do ensino fundamental. Pela manhã, a escola ficou fechada para os estudantes. Professores se reuniram no local para organizar um roteiro de panfletagem.
Saúde
Segundo a Prefeitura, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Norte e do Sul da ilha e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) mantêm atendimento normal na manhã desta quinta.
Já entre os 49 Centros de Saúde, 15 estão sem médicos, mas com algum tipo de atendimento. Nos 34 que têm médicos trabalhando, apenas urgências estão sendo atendidas, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. O endereço e o telefone das unidades podem ser consultados nosite da prefeitura.
A campanha de vacinação contra a gripe está sendo mantida em mais da metade dos postos, segundo a prefeitura.
“Estamos fazendo um trabalho de campo nesta manhã, indo aos postos de saúde e conscientizando sobre a greve”, afirmou diretor do sindicato.
As policlínicas também estão atendendo nesta quinta-feira (14), mas no caso da unidade do Continente, os setores de farmácia, raio-X e odontologia não estão funcionando. Na Policlínia Sul, não há atendimento de fisioterapia nem de fonoaudiologia.
"A prefeitura entende que a greve é precipitada e vai prejudicar serviços, principalmente a educação e saúde", afirmou na quarta o secretário Municipal de Administração, Gustavo Miroski. Segundo ele, haverá desconto salarial dos dias de greve.
Reivindicações
Entre as principais reivindicações dos funcionários municipais está o cumprimento da primeira etapa do plano de cargos e salários aprovado em novembro do ano passado, com a incorporação de gratificações e o enquadramento nas novas tabelas.
Além disso, o sindicato pede um reajuste salarial de cerca de 8%, relativo à inflação do último ano. A categoria também exige o não parcelamento das dívidas da Previdência.
Em relação à educação, também é reivindicada a equiparação do tempo destinado ao planejamento de aulas – hoje, apenas os professores dos anos finais têm 40% do tempo de trabalho destinado à preparação.
Assembleia e protesto
Os servidores municipais decidiram parar em assembleia realizada nesta quarta-feira (13), que contou com a participação de 4,5 mil servidores. A prefeitura tem cerca de 9 mil servidores ativos, conforme a Secretaria de Administração.
Após a assembleia, que durou aproximadamente duas horas, os servidores protestaram em frente ao prédio da Prefeitura e em frente à Câmara de Vereadores.
Segundo Erziana de Souza, também diretora do sindicato, houve uma confusão e os manifestantes foram recebidos pela Guarda Municipal com gás de pimenta. “Eu estava bem em frente e a guarda usou spray de pimenta, nem pediram para sair”, afirmou Erziana.
O objetivo do grupo era pressionar os vereadores a não aprovar o arquivamento de uma das denúncias da operação Ave da Rapina, que apura um esquema de corrupção envolvendo vereadores. A Câmara rejeitou pedido de arquivamento da denúncia contra o parlamentar César Faria (PSD).
De acordo com a assessoria de Câmara Municipal, a Guarda Municipal foi acionada porque alguns manifestantes tentaram forçar a porta de entrada da Câmara, onde ocorria uma sessão solene, com entrega da medatlha Cruz e Souza. Após a sessão, o grupo foi recebido na Câmara e acompanhou a sessão ordinária.