Saúde pública do município tem 3 mil diabéticos cadastrados
São Bento – A Organização Mundial de Saúde estima que 10% da população mundial sofre de diabetes. No Brasil, a estimativa é de que a doença atinja 7% dos habitantes. Entre as pessoas com mais de 70 anos, o índice sobe para 20%. Fatores como má alimentação, obesidade, sedentarismo e herança genética favorecem o aparecimento do diabetes. São Bento do Sul conta com um programa específico para atender esses pacientes crônicos, o CADIA (Centro de Atendimento ao Diabetes). O município tem 2.953 portadores de diabetes cadastrados.
A equipe técnica do CADIA desenvolve uma série de ações para que os diabéticos possam ter uma vida autônoma, apesar da doença. Além de capacitar e servir de referência a todos os postos de saúde no que se refere ao tratamento da diabetes, o CADIA também presta atendimento específico aos casos mais complexos e mantém parceria com a Associação de Diabéticos de São Bento do Sul.
Outro serviço oferecido pelo CADIA é o empréstimo – para pacientes dependentes de insulina e residentes no município - de glicosímetros (aparelhos que medem a concentração de glicose no sangue) e fornecimento gratuito das tiras usadas para a medição. Na farmácia, cada caixa com 50 unidades custa cerca de R$ 100,00. Há casos de pacientes que precisam de 100 tiras por mês. A quantidade de tiras entregues varia conforme os tipos de insulina utilizados e a frequência de aplicação. A secretaria de Saúde utiliza recursos próprios para custear os glicosímetros e as tiras a cerca de 500 pessoas. “Quando o paciente vem aqui buscar as tiras, nós utilizamos um software para baixar os dados do glicosímetro e, assim, podemos acompanhar se ele realizou as verificações recomendadas, o horário em que fez os testes e a variação dos índices de glicemia. Aproveitamos para orientá-los em relação aos cuidados”, explica a enfermeira Rosilei Weiss Baade.
Com mestrado em Saúde Coletiva, Gestão e Políticas Públicas pela Unicamp, Rosilei analisou casos de pacientes são-bentenses em sua pesquisa. Uma das conclusões a que ela chegou é que a adequação dos hábitos alimentares está entre as principais dificuldades do diabético na convivência com a doença, e que é necessário escutar o adoecido para construir um plano de cuidado conjunto, adaptando-o às necessidade de vida e do tratamento.
No CADIA o paciente também recebe acompanhamento de endocrinologista, nutricionista e da enfermagem. “Para controlar o diabetes não basta tomar a medicação, é importante também a alimentação adequada e uma série de medidas preventivas”, explica a médica endocrinologista Andrea Betkowski Duvision. Os casos atendidos pelo CADIA, considerados mais complexos, são encaminhados pelas unidades básicas de saúde.
O atendimento no CADIA é aberto para todas as pessoas da comunidade que tenham dúvidas em relação a diabetes, em como manejar o tratamento e os dispositivos relacionados a ele, como insulinas, glicosímetros, canetas e outros.
Exame dos pés
Todo diabético deve realizar periodicamente o exame dos pés. Em São Bento do Sul todas as unidades de saúde estão aptas a realizar esse tipo de exame. Alterações podem indicar problemas vasculares ou sinais de neuropatia diabética. O tempo de diabetes e o grau de controle do nível de açúcar no sangue estão relacionados ao aparecimento de neuropatia diabética, que torna a comunicação pelos nervos muito lenta, alterando a percepção de sensibilidade, temperatura, vibração e de dor.
Diabéticos do Tipo 1, isso é, aqueles em que o paciente é dependente de insulina e tem falência total do pâncreas (mais frequente em jovens ou adultos jovens), devem fazer o exame dos pés anulamente, após cinco anos do diagnóstico. Os portadores de diabetes Tipo 2 - quando a falência do pâncreas é progressiva - devem fazer o exame a partir do diagnóstico. “Conforme o grau de risco, repetimos o exame a cada 3 ou 6 meses”, explica a médica Andrea Duvision. Sem o exame, a perda de sensibilidade pode não ser percebida pelo paciente e ele acaba se ferindo sem notar, com maior risco de infecção e amputação. Andrea destaca que para cada um dólar investido na prevenção e controle do diabetes outros seis dólares são economizados nas complicações que a doença pode causar. “Ao longo de nosso trabalho, percebemos que é preciso insistir sempre na informação e monitoramento dos resultados para melhorar a qualidade de vida dos diabéticos”, afirma Andrea.
O público atendido pelo CADIA é bastante variado. Abrange desde crianças a idosos, de todas as classes sociais e níveis de formação. O serviço funciona junto ao Centro de Especialidades Médicas (antiga sede da Cruz Vermelha).
Sintomas do Diabetes
Embora seja uma doença silenciosa, alguns sinais podem indicar a presença do diabetes. Se percebê-los, procure uma Unidade de Saúde:
• Falta de energia e disposição para as atividades do dia a dia
• Urinar com muita frequência
• Perda de peso
• Excesso de sede
Previna-se
• Pratique exercícios físicos
• Tenha uma alimentação equilibrada
• Mantenha seu peso ideal
• Faça caminhadas.