Comde - Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, existe no município desde 2003
São Bento – “Não são as pessoas que tem deficiências, é o ambiente que não está pronto para todos”, com esta frase o vereador Peter Kneubuehler ilustrou o panorama da maioria dos municípios quando o assunto é acessibilidade. Porém São Bento do Sul caminha a passos largos na luta pelos direitos. O Comde, Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, existe no município desde 2003, e na terça-feira, 10, empossou na Câmara de Vereadores a sua nova diretoria e conselheiros para o biênio 2015-2016. Participaram do evento o presidente da Câmara Edi Salomon, vereadores César Godoy e Peter Kneubuehler.
Durante a solenidade a ex-presidente do conselho, Nádia Regina Vieira Batista falou dos desafios do conselho, e das batalhas travadas para garantir os direitos da pessoa com deficiência. “Os conselheiros atuam voluntariamente, desprendem dos seus tempos para se dedicar a uma causa muito maior: garantir o direito da pessoa com alguma deficiência”, disse. Ela ainda agradeceu a participação dos conselheiros e desejou sucesso à nova equipe que assume.
Para o presidente da Câmara de Vereadores de São Bento do Sul, Edi Salomon, o Comde é uma ferramenta fundamental na luta pelos direitos “quero parabenizar o sério trabalho do conselho e dizer que a Câmara de Vereadores está de portas abertas para o que precisar”, disse Edi. O vereador Peter Kneubuehler, que é presidente da frente parlamentar pela pessoa com deficiência, lembrou dos avanços que o poder legislativo tem feito para garantir a acessibilidade. “Estamos pensando dia a dia como melhorar, exemplo disso são rampas de acesso no prédio, elevador, e agora a conquista mais recente é a contratação da intérprete de libras que traduz em tempo real as sessões da Câmara”, comentou.
A nova presidente da entidade, Bianca Felippi Chiella, falou sobre os desafios que terá pela frente, mas garantiu que irá trabalhar cada vez mais pela causa. Ela contou ainda sua experiência desde que decidiu por ter um filho, e o grande desafio e importância da aceitação da família quando esta criança possui alguma necessidade especial. “Em alguns casos a pessoa com deficiência é escondida em casa, pois a família acaba tendo vergonha de sair com ela para a rua”, exemplificou. Para ela um dos desafios do conselho será de mostrar que apesar de alguma diferença, seja física ou mental, todas as pessoas merecem o tratamento de forma igualitária. “Nosso objetivo é garantir os direitos, o que as vezes acaba sendo também cobrar alguns deveres”, falou.
Primeira vez
Para fortalecer ainda mais o conselho, esta é a primeira vez que o grupo conta com conselheiros com algum tipo de necessidade, como é o caso da vice-presidente Joelma Streit, que possui deficiência auditiva. “Para que ela pudesse acompanhar com clareza o evento disponibilizamos nossa intérprete em Libras”, disse o presidente da Câmara Edi Salomon. Para a nova presidente do Comde, Bianca Felippi Chiella, a participação de portadores de necessidades especiais vem para somar “com eles junto no grupo teremos a experiência de quem sente na pele as dificuldades do dia a dia”, destacou.
Alguns dados
Bianca apresentou ainda alguns dados do cadastro de adoção do estado de Santa Catarina. Segundo os número apresentados as crianças para adoção são classificadas de forma a apresentar se existe alguma doença curável, incurável, deficiência física ou mental. Ela mostrou ainda que conforme o cadastro, hoje estão para adoção 8 pessoas com deficiência física, e 29 com deficiência mental. “E qual número é mais difícil de baixar? O das pessoas com deficiência mental”, disse, o que justifica a cada vez mais a necessidade de conscientização e de aceitação por parte da sociedade. “Vivemos em um município conservador, mas todas as crianças tem direito a família”, disse.
Apresentação
Conselheira Mariléia do Rocio Prestes Gonçalves, fez um pequeno balanço das atividades desenvolvidas pelo conselho desde sua fundação. Entre as conquistas detalhadas ela destacou a implantação da Academia da Acessibilidade, feita em parceria com a Astran, o sinaleiro eficiente, a lei do passe livre entre outros. Ela falou ainda sobre o ônibus acessível, e sobre a importância que esta ferramenta tem para as pessoas. “Esta é uma das conquistas do Comde, garantir o direito de ir e vir para todos”, enfatizou. Segundo ela, 55 pessoas estão cadastradas no programa que realiza o transporte com hora marcada tanto para trabalho, como para necessidades de saúde, escola e também para o lazer. “Em 2010, quando foi criado, o ônibus atendia as demandas, porém agora é necessário mais linhas, e até acessibilidade nos ônibus de circulação normal”, pediu a conselheira.
R$ 100 mil na conta
A conselheira comemorou ainda a liberação de R$ 100 mil através de convênio com a secretaria nacional de direitos humanos. “Comemoramos esta conquista pois o dinheiro está em caixa, foi depositado na segunda-feira 09, e com certeza será feito bom uso do montante”, disse . Segundo ela a participação dos vereadores César Godoy e Peter Kneubuehler na Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em Brasília, foi fundamental para a liberação deste recurso. “Os vereadores estabeleceram contatos em Brasília e trouxeram para nós, que nos empenhamos e encaminhamos o projeto”, falou. Segundo ela o valor será dividido sendo 50% para a aquisição de equipamentos e 50% para capacitação dos conselheiros. “Hoje toda a estrutura do conselho, desde computadores e mesas, é emprestada e bem precária, agora teremos orçamento para adquirir estes bens para o conselho”, justificou.