
Quatro investigados na operação "Entrevero", que busca identificar esquemas de corrupção e fraude no processo licitatório da Festa do Pinhão pediram acesso aos autos do processo. A solicitação foi feita nesta quinta-feira (5) ao Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) em Lages, na Serra catarinense.
Conforme a comunicação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), estes foram os primeiros investigados que prestaram depoimento nesta fase da operação. Na tarde desta quinta, ainda serão ouvidos mais dois investigados. Para segunda (9), está agendado novo depoimento de envolvidos.
O promotor Jean Pierre Campos, responsável pela investigação, não revelou o cargo e a ligação com o evento das pessoas que são consideradas investigadas.
Depoimentos
As primeiras testemunhas foram ouvidas na quarta-feira (4). Mais duas pessoas irão colaborar nesta quinta, outras três na sexta e três na segunda. Eles delatam os esquemas criminosos do processo licitatório.
Os computadores e HDs apreendidos para a investigação já foram copiados e espelhados para o MPSC. O conteúdo do material recolhido não foi divulgado. Os objetos já foram devolvidos aos proprietários.
De acordo com o MPSC, até esta quinta-feira não foram gerados novos mandados de busca e apreensão.
Operação deflagrada
Na terça-feira (3), o Gaeco cumpriu onze mandados de busca e apreensão em Lages, Chapecó, São Miguel do Oeste e Florianópolis. São investigadas empresas e políticos envolvidos nos trâmites de concessão do evento.
A suspeita é que envolvidos utilizavam empresas "laranjas" para poder realizar o evento. Sendo assim, as licitações já seriam previamente combinadas. Em escutas telefônicas divulgadas em dezembro pelo MPSC, o então prefeito, Elizeu Mattos, solicitou ordens para deslocar verba da Secretaria Saúde para pagar a Festa do Pinhão. O político ficou preso por três meses por suspeita de corrupção e responderá o processo em liberdade, segundo a Justiça.
Em áudio, o prefeito conversa com uma pessoa não identificada pelo MPSC e pergunta quais foram os gastos da festa. O interlocutor diz que a festa custou mais de R$ 1 milhão. O prefeito orienta que fosse divulgado o custou total de R$ 300 mil aos cofres públicos.
Na divulgação oficial, a organização da Festa do Pinhão disse que a prefeitura investiu cerca de R$ 340 mil no evento, o que seria bem aquém do que investiu nos outros anos.

Festa do Pinhão 2015 está mantida
De acordo com a Prefeitura de Lages, a edição 2015 da Festa do Pinhão segue confirmada. Este ano, a 27ª Festa Nacional do Pinhão está programada para o período entre 27 de maio e 7 de junho.
A festa é realizada pela Gaby Produções, empresa gaúcha que ganhou o pregão presencial do evento em 2014 e tem direito a realização do evento por cinco anos, conforme a prefeitura.
O Ministério Público investiga nesta operação a suspeita de associação criminosa e fraude no processo licitatório. A Gaby Produções é uma das empresas investigadas no esquema.
Segundo a prefeitura, o pregão em que a empresa ganhou o direito de realizar o evento foi 'transparente' e com três concorrentes. O grupo teria apresentado o menor valor de mercado para a realização do evento.