
Arxo e está preso na PF de Curitiba (Foto: Paulo
Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)
O advogado Charles Zimmermann, que representa João Gualberto Pereira, afirmou que o cliente negou todas as suspeitas sobre ele em depoimento à Polícia Federal (PF), em Curitiba, nesta segunda-feira (8). "Jamais houve corrupção, não houve pagamento de propina, a empresa não sonega imposto", disse. Gualberto é uma dos proprietários da empresa catarinense Arxo, investigada na Operação Lava Jato.
A empresa Arxo, de construção de tanques de combustíveis, tem sede em Balneário Piçarras, no Litoral Norte de Santa Catarina, é suspeita de estar envolvida em um esquema de pagamento de propina relacionada à Operação Lava Jato, da PF. Segundo a Polícia Federal, a companhia tem negócios com a BR Distribuidora
- Preso pela Lava Jato, executivo de empresa investigada é ouvido pela PF
- Foragido da nona fase da Operação Lava Jato se entrega à Polícia Federal
- Dinheiro apreendido na 9ª etapa da Lava Jato soma R$ 3,1 milhões, diz PF
- Balanço da 9ª fase da Lava Jato traz 5 carros, 518 relógios e 35 obras de arte
- Terceiro preso da nona fase da Operação Lava Jato chega a Curitiba
- Empresa investigada pela 'Lava Jato' nega ter pago propina à Petrobras
Gualberto se apresentou na superintendência da PF, na capital paranaense, na sexta-feira (6), onde segue preso. Ele teve o mandado de prisão temporária expedido na nona fase da Operação Lava Jato, deflaragada na quinta (5), porém, estava em uma viagem internacional.
Foram apreendidos na sede da empresa R$ 3,186 milhões. Segundo os policiais, as notas estão divididas em reais, dólares e euros. Além do dinheiro em espécie, também foram apreendidos 518 relógios de luxo, 35 obras de arte e cinco veículos de alto valor de mercado
Conforme o defensor, Gualberto disse à Polícia Federal que o dinheiro apreendido era uma reserva e os relógios fazem parte de uma coleção. "Todos os comprovantes serão juntados ao processo", declarou. O advogado disse ainda que Gualberto não gosta de guardar dinheiro em banco e, por isso, a quantia estava no cofre.
Outras duas pessoas da Arxo também foram presas: Gilson Pereira, que é sócio-proprietário, e Sérgio Marçaneiro, diretor-financeiro. Eles foram detidos na quinta e seguem presos na carceragem da PF, em Curitiba.
Já Mário Góes, suspeito de ser um dos operadores do esquema de pagamento de propina envolvendo a Arxo, se apresentou na superintendência da corporação no domingo (8). Até então, ele era considerado foragido. A prisão dele é preventiva, ou seja, não tem prazo para acabar, ao contrário da temporária, que é de cinco dias, podendo ser prorrogada por mais cinco.

Em depoimento prestado ao Ministério Público Federal (MPF), uma ex-funcionária da Arxo disse que Mário Góes recebeu em diversas oportunidades valores em espécie na sede da empresa. Em contrapartida, ele passava informações privilegiadas, contribuindo para que a Arxo fosse fornecedora exclusiva de determinados produtos para a Petrobras.
Góes também foi citado por Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras, em delação premiada. De acordo com Barusco, Góes atuou como operador financeiro em nome de várias empresas contratadas pela Petrobras.
Com relação à ex-funcionária que cita a relação com Goés, o advogado diz que as declarações são infundadas e que ela está sendo processada. "Nunca viram Goés", completou.
O advogado afirmou que irá pedir a revogação da prisão e uma acareação entre os diretores da Arxo, Goés e a ex-funcionária.
A Arxo Industrial do Brasil chegou a estabelecer um contrato de R$ 85 milhões com a BR Distribuidora, segundo a PF. A parceiria foi firmada em outubro de 2014, maior contrato até então da empresa com a petroleira. Pelo documento, a Arxo deve entregar 80 caminhões-tanque para abastecimento de aeronaves, os CTAs, no prazo de 18 meses. Os primeiros veículos devem ser entregues neste mês.
'Valores contabilizados'
Em nota divulgada à imprensa, a Arxo afirma que o dinheiro encontrado no cofre da empresa seria utilizado em "pagamentos da empresa”. O procurador jurídico da companhia, Charles Zimmermann, disse no comunicado que todos os valores foram “contabilizados”.
“Havendo indícios de fraude, o que não é o caso da Arxo, que está tudo contabilizado, é apurado o tipo de crime praticado”, destacou Zimmermann na nota.
A empresa ainda negou por meio de comunicado o pagamento de propina à Petrobras. "Nenhum membro da diretoria ou colaborador da empresa teve qualquer ligação com tratativa ou pagamento de propina à Petrobras. Da mesma forma, todos desconhecem o citado Mário Góes", informou a Arxo em nota.