Manifestantes protestaram na tarde desta terça-feira contra o aumento da passagem de ônibus em Florianópolis. O grupo — cerca de 150 pessoas no início, segundo a Polícia Militar — se reuniu às 17h próximo ao Terminal de Integração do Centro (Ticen). O protesto foi organizado pelo Movimento Passe Livre em um evento no Facebook.
Depois de queimar uma catraca colocada ao lado de bonecos representando o prefeito Cesar Souza Júnior e o governador Raimundo Colombo, o grupo saiu do Ticen por volta das 18h20min, em passeata pelas ruas do Centro. O destino era a Casa d'Agronômica, residência oficial do governador.
Com gritos de guerra e bandeiras e cartazes estendidos, a primeira parada foi na prefeitura, onde o boneco do prefeito foi queimado diante das escadarias do prédio. Em seguida, os manifestantes partiram para a Avenida Hercílio Luz e, já com número maior de adeptos (cerca de 300 pessoas), seguiram pelas avenidas Mauro Ramos e Beira-Mar Norte, onde ocuparam as pistas sentido ao Norte da Ilha de SC. Os manifestantes sentaram nas pistas da Beira-Mar durante cerca de 15 minutos.
Por volta das 20h, o grupo alcançou a Casa d'Agronômica, onde ficou também por cerca de 15 minutos. Depois, descumprindo o acordo inicial de encerrar o ato ali, conforme a PM, foram para o Terminal de Integração da Trindade (Titri) promover o "catracaço" — pular as catracas do terminal e usar o transporte coletivo sem pagar. No caminho, o movimento anunciou um novo protesto para a próxima sexta-feira, às 17h, no Ticen.
No Titri, as equipes do Tático e da Tropa de Choque da PM aguardavam os manifestantes, mas não houve confronto. O ato terminou com mais gritos de guerra e cartazes estendidos, além da divulgação de uma assembleia que ocorre nesta quarta-feira, às 19h na UFSC, para discutir novos protestos do Movimento Passe Livre.
— O objetivo é pressionar e fazer a prefeitura abrir um diálogo, para que ela ouça a gente e baixe a tarifa. Até o momento não houve contato conosco — afirma Tiago de Azevedo, um dos militantes do Passe Livre que estava liderando o protesto na tarde desta terça-feira.
Desde a meia noite de domingo, o passageiro de ônibus da Capital paga R$ 2,98 usando o cartão (antes era R$ 2,58) e R$ 3,10 no dinheiro (antes era R$ 2,75). O aumento foi anunciado pela Secretaria de Mobilidade na tarde desta sexta-feira. Preço do combustível, carroceria, custo da mão de obra e Índice geral de preços (IGP) são os fatores que puxaram o preço para cima, com elevação de 15%.
— Com a entrada do consórcio nada melhorou, apenas piorou. O problema com o intermunicipal é ainda maior. Quem precisou do transporte coletivo no fim de ano pode perceber o caos que passamos. A empresa visa o lucro, mas transporte público é um serviço essencial para os cidadãos e para o desenvolvimento da sociedade. Na verdade, são interesses opostos — disse Victor Khaled, militante do Passe Livre, em entrevista nesta segunda-feira.
Veja fotos do protesto:
Manifestantes tomam parte da Avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis
Foto: Victor Pereira/Agência RBS
Justificativas
O advogado do Consórcio Fênix, Anderson Nazário, explicou nesta segunda-feira que para se chegar nos novos valores foram feito cálculos decorrentes da manutenção de 414 cobradores, que não estavam previstos no edital e ficaram nos cargos por decisão da Justiça do Trabalho. Também foram aplicados os quatro índices contratuais de reajuste (variação dos valores dos combustíveis, das carrocerias, da mão-de-obra e o IGP), em total de 7,14%.
— Caso não houvesse determinação do Tribunal Regional do Trabalho em manter os 414 postos de trabalho, o reajuste seria de 7,14%, um dos menores do Brasil — ponderou Nazário.
Ele acrescentou que, independente dos valores, usuários do transporte coletivo e de veículos particulares são reféns da falta de mobilidade:
— Isso não deve mudar enquanto não forem implantados corredores exclusivos para os ônibus, ainda que apenas nos principais gargalos da cidade.