Apesar de ter enfrentado um ano difícil, com recuo de produção e vendas, a indústria catarinense fecha o ano com liderança nacional na geração de novos empregos, somando 26.791 novas vagas de janeiro a outubro. No período, a produção do setor caiu -1,9% e as vendas recuaram, -0,8%. Mesmo assim, a economia do Estado cresceu acima da média nacional, 2,9% até setembro, segundo o índice IBCR do Banco Central.
Esses foram os destaques do balanço apresentado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) ontem. As 26.791 novas vagas são mais da metade das 46.981 geradas no país. Em segundo lugar no lista ficou o Estado de Goiás, com 13.943 novas oportunidades enquanto São Paulo registrou o fechamento de quase 21 mil postos de trabalho.
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Apesar do número positivo em relação aos demais Estados, SC registrou o fechamento de 600 vagas em outubro deste ano. O presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, explica que o primeiro semestre de 2014 foi melhor do que o segundo.
— Nós trabalhamos com a possibilidade de não haver fechamento, mas a abertura de novas vagas deve ser menor do que foi em 2014 — avalia Corte.
Na exportação, o comportamento do setor foi melhor do que em 2013 e acima da média nacional, apresentando um aumento de 4,11%, sendo que no Brasil houve redução de -6,14%. Destacaram-se as vendas de soja, com alta de 73%, principalmente para a China; de madeira (+46%), principalmente para os EUA; e de suínos (+37%), para os EUA e México, que sofreram com doença em suas criações, e para a Rússia, que direcionou suas compras para o Brasil após a crise diplomática com a Europa, causada pela questão da Ucrânia.
Este desempenho leva ao aumento nos embarques realizados nos portos de Santa Catarina até novembro. Nas importações, Santa Catarina voltou a ter um crescimento de 8,79%, enquanto o Brasil apresentou queda de -4,34%.
De acordo com levantamento realizada pela Fiesc, a maioria das empresas do setor industrial reduziram ou protelaram os investimentos previstos no início de 2014. Entre as empresas mais significativas no Estado, a grande maioria planejava um investimento médio de cerca de R$2,5 bilhões no Estado. Porém, segundo o presidente da Fiesc, das nove empresas pesquisadas, sete optaram em reduzir os investimentos no Estado.
A expectativa da Fiesc para 2015 é de baixo crescimento, assim como tem sido nos últimos quatro anos. Projeções do Banco Central apontam manutenção de taxas de juros em níveis elevados para o próximo ano.
::: Entrevista — Glauco José Corte
“A diversificação equilibra o Estado”
O presidente da Fiesc apresentou e analisou os números da economia no Estado em 2014. Para ele, apesar de algumas quedas, o desempenho ficou melhor que a média nacional porque o setor industrial não se concentra em um único segmento.
A queda na produção industrial de SC foi menos acentuada que a média nacional. A que o senhor atribui este resultado?
Glauco José Côrte – Diversificação do nosso parque industrial. Na exportação inclusive nós crescemos 6%. Quando um segmento não vai bem o outro tende a ir melhor e isso equilibra o Estado e faz com que o nosso crescimento seja mais harmônico.
Para 2015 a expectativa é de melhora no segundo semestre. Por quê?
Côrte – Espera-se que até lá as medidas que o governo deve tomar, no sentido de equilibrar as contas públicas e reduzir a sua interferência em setores estratégicos da nossa economia, tenham reflexos positivos no ânimo do empresário que volta a investir e aumentar a produção.
Para o próximo ano, o que a gente precisa melhorar?
Côrte – Muitos pontos, mas certamente entre as prioridades precisamos investir mais nas nossas rodovias, fazer sair do papel os projetos de ferrovias, melhorar nossos aeroportos regionais para que o trânsito de investidores seja mais rápido. Eliminar a burocracia de serviço público e modernizar a legislação trabalhista.