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Padre reflete sobre dinâmica do Espírito Santo na vida cristã

Quarta, 03 de dezembro de 2014

 

 

Em uma frase do Papa Francisco, padre Joãozinho identifica sete elementos que ajudam a entender a dinâmica do Espírito Santo na vida cristã

Padre João Carlos Almeida – pe. Joãozinho
Teólogo e educador

padre joaozinhoA dinâmica do Espírito Santo

No dia 19 de maio o Papa Francisco escreveu no twitter:

O Espírito Santo transforma e renova, cria harmonia e unidade, dá coragem e entusiasmo para a missão.

Era uma segunda-feira do tempo pascal. Pouca gente se dá conta de que a liturgia cristã vive intensamente a experiência do Espírito Santo entre a Páscoa e o dia de Pentecostes. São cinquenta dias que se chamam “quinquagésima pascal”. A frase do Papa é tão curta quanto intensa e completa. Encontramos nela sete elementos que nos ajudam a entender melhor a dinâmica carismática do Espírito na vida de cada cristão.


1. Transforma: o Espírito é aquele que nos santifica, ou seja, nos cristifica. Desde o dia do nosso batismo iniciamos esta história de transfiguração pessoal. É um mergulho em águas regeneradoras e transformadoras. Cada dia é um passo. O batismo não é um fato pronto e acabado. É mais um gerúndio dinâmico: batizando. O apóstolo Paulo entendeu perfeitamente isso e caminhou para esta meta até poder dizer: “Eu vivo, mas não sou eu que vivo; Cristo vive em mim” (Gal 2,20). Esta vida segundo o Espírito inclui o amadurecimento na fé, na esperança e na caridade. Somos inseridos na vida divina de modo a vivermos o céu na terra e construirmos este paraíso para os irmãos.

2. Renova: Neste processo de transformação estamos sempre em luta contra uma força que nos atrai para a terra. Enquanto isso o Espírito nos faz buscar as coisas do alto, sem tirar os pés do chão. É um verdadeiro combate espiritual. O “homem velho” está na medula dos nossos ossos. Herdamos algumas destas manias das gerações que nos antecederam. É preciso renovar-se a cada dia. A vida espiritual segue uma dinâmica contrária à vida da carne. É próprio da carne envelhecer e morrer. É próprio do espírito rejuvenescer e viver. Esta vida plena dá uma jovialidade incrível para quem se deixa guiar pelo Espírito de Deus. Quem não admira a jovialidade do próprio Papa Francisco? Esta jovialidade espiritual costuma dar até saúde e energias físicas que ultrapassam os limites naturais.

3. Cria harmonia: Ao contrário das forças diabólicas que nos fragmentam, dispersam e criam conflitos, é próprio do Espírito nos dar coesão interior, paz e equilíbrio vital. Vivemos no mundo do exagero e do destempero; dos fundamentalismos e disputas religiosas. Há até mesmo quem mate em nome da fé. Isto não pode vir do Espírito da alegria, do sorriso e da paciência. Pessoas espirituais são proféticas; anunciam e denunciam, mas não perdem o humor. São pessoas “cheias de graça”.

4. Cria unidade: A modernidade criou o mundo da fragmentação. A ciência exaltou este método. Hoje somos reféns das “especialidades”. O novo paradigma propõe uma visão mais holística, ou seja, integral. É bom lembrar que “católico” (kat-holos) significa aquele que contempla a totalidade. O Papa Paulo VI já percebia isso na década de 1960. Na sua encíclica social Populorum progressio (1967) ele lembrou que todo desenvolvimento só favorece o ser humano se for “integral”. Quem é do Espírito promove a integridade e a integração entre as pessoas; mesmo se pensam ou creem de modo diferente.

5. Dá coragem: Esta é uma característica marcante de quem vive pleno do Espírito. O cenáculo assistiu este milagre no nascimento da Igreja. Os apóstolos medrosos e reféns de suas incertezas receberam um fogo santo que os tornou capazes de pregar e até mesmo de dar a própria vida.

6. Dá entusiasmo: Esta palavra literalmente significa “cheio de Deus”. É trágico quando nos acostumamos às coisas. Santo Agostinho costumava dizer que “o costume mata o êxtase”. A dinâmica carismática nos faz ver os sinais maravilhosos de Deus até nas coisas mais corriqueiras e banais.

7. Impulsiona à missão: O Espírito é um vento que nos empurra para fora de nós mesmos em direção dos irmãos. Isto é ser missionário. É mais do que sair de um lugar e ir evangelizar em terras distantes. É sair de si mesmo para encontrar o irmão. O Espírito Santo é aquele que torna possível superar todo narcisismo e auto-referencialidade e promover uma autêntica “cultura do encontro”.



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