Florianópolis - Dizem que todo artista é um pouco, ou muitas vezes bastante diferente. Respira e vive cultura, tem sensibilidade para sentir e transmitir respeito, receptividade, carinho, seja através de gestos ou palavras. São realmente seres diferentes e diferenciados. Como quis o destino, de repente em lugar qualquer, numa noite de sábado, numa iluminada Florianópolis e em companhia de pessoas especiais, fomos apresentados para uma destas personagens. Nascido na pequena Boituva, interior de São Paulo, nosso personagem Jesse da Cruz, 25 anos, é bailarino, coreógrafo e produtor cultural, com formação em artes cênicas, pós graduado em dança e mestrando em educação.
Iniciou seus estudos e vivencia com a dança, com 2 anos de idade. Filho mais novo de três irmãos, minha irmã tinha como responsabilidade cuidar de mim, e a mesma dançava, onde me levava junto, dessa forma vivenciava todo o contexto artístico, assim crescendo no meio da arte, inicia contando Jesse.
“Meus pais sempre me apoiaram em tudo, incentivando a estudar e aperfeiçoar. Com 13 anos iniciei um trabalho com equipe de Rodeio, coreografando abertura de arena. Esse foi o primeiro incentivo para que eu escolhesse uma formação profissional, estudasse mais, compreendesse o que é esse mundo profissional da dança. Dessa forma comecei a procurar oficinas, cursos, workshop, me envolver profundamente com a arte da dança.
Fiz parte do Projeto Arte na Escola, passei pela Oficina Municipal de Arte e assim fui crescendo.
Morava com meus pais na cidade de Boituva, interior de São Paulo, iniciei um trabalho forte na Fundação Crescer Criança, onde conquistei o “Ponto de Cultura do Estado de São Paulo”. Nessa ONG conquistei vários prêmios com o projeto “Arte em Movimento”, onde conheci profundamente meu atual filho, adotivo.
BOLSHOI
Para crescer muitas vezes tive que deixar algumas coisas para continuar minha caminhada. Trouxe no ano de 2011 alguns bailarinos para conhecer o maior festival de dança do mundo que fica em Joinivlle. Neste ano de 2014 conquistei um premio inédito em minha vida, premio no maior festival de dança do mundo.
Os meninos realizaram a audição da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, e foram aprovados. Como a maioria dos bailarinos se encontravam em vulnerabilidade social, não tinham condições de vir morar em Joinville/SC, foi quando decidi mais uma vez fazer uma mudança em minha vida, alcançar algo novo. Junto com os aprovados vim morar em Joinville para que eles pudessem estudar... no início foi tudo muito difícil, mas com muito trabalho para sustentar uma casa inteira, com pouca ajuda dos familiares, conquistamos muitas coisas.
Gustavo Henrique Soares (14) é meu filho adotivo, que esta na 3ª série de dança clássica e Roni Campos da Silva (17) compõe a 8ª série de dança contemporânea, que neste ano com muito orgulho irá se formar.
SUPERAÇÃO
Na vida nada é fácil, mas correr atrás dos objetivos e sonhos é muito satisfatório. Já pensei em desistir sim, pela grande dificuldade de trabalhar e viver com a arte, mas ela é maior dentro de mim. Sofri preconceitos enormes, mas atualmente as pessoas aprenderam a me respeitar pela luta e pelas minhas conquistas, possuo o título de campeão sulamericano e fui premiado no maior festival de dança do mundo.
Só tenho que agradecer aos meus pais (Rosa e Índio), por sempre acreditarem em mim, e não penso no futuro a longo prazo, vivo hoje, respiro hoje e curto muito o hoje, sou artista, e vou em busca de minha meta, concluiu Jesse, afirmando: “Nenhum obstáculo é tão grande se a sua vontade de vencer for maior”.