Série de reportagens segue até domingo no jornal impresso e pode ser acessada em página online especial no Diario.com.br
Após nove meses de investigação, o Diário Catarinense inicia nesta quinta-feira (7) a publicação da série Terra Contestada, que mostra o crescimento da população indígena e a expansão das aldeias no litoral de Santa Catarina, associado à duplicação da BR-101. O conteúdo ocupa 12 páginas da edição de hoje e seguirá com matérias diárias até domingo. No site Diario.com.br, a reportagem ganha mais amplitude em uma página especial com vídeos, entrevistas e o conteúdo histórico publicado pelo DC desde a década de 1990.
A história se inicia em Morro dos Cavalos, localidade 30 quilômetros ao sul de Florianópolis e também cenário de um atraso histórico no país. Conforme a reportagem, a Fundação Nacional do Índio (Funai) usa a demarcação da terra aos indígenas como moeda de troca para liberar a duplicação de um trecho de três quilômetros da BR-101, o único de toda a extensão da rodovia ainda sem licença para sair do papel – o que acabou se convertendo em um processo burocrático que já dura mais de duas décadas e nem sequer tem data prevista para ser finalizado.
As reportagens de Joice Bacelo, com edição de Ivan Rodrigues, revelam como organizações indigenistas, com o apoio da Funai, conseguiram multiplicar o número de aldeias, abrindo uma polêmica entre estudiosos do assunto. A prática envolve a migração de índios guaranis que viviam principalmente no Paraguai, Argentina e oeste do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (em terras indígenas já regularizadas pelo governo) para a região litorânea do Brasil, em áreas onde haveria grandes obras de infraestrutura.
A apuração do Diário Catarinense revela que esta migração de grupos indígenas rendeu mais de R$ 11 milhões à Fundação Nacional do Índio. A quantia é fruto de convênios pelas obras de duplicação da BR-101 e do gasoduto Bolívia–Brasil, e deveria ter sido usada para melhorar a vida nas novas aldeias. A Funai, além de não ter aplicado o dinheiro, também não esclarece onde e como foi investido.
A reportagem mostra ainda que os índios que largaram o pouco que tinham nas aldeias de origem, seduzidos pela promessa de terras no litoral catarinense, acabaram em situação de miséria. Vivem confinados em uma área no Morro dos Cavalos, às margens da BR-101, onde o terreno é ruim para o plantio. Sem ter como gerar renda própria, o grupo se torna dependente de programas sociais do governo. A maioria sobrevive de Bolsa Família.
O assunto será pauta também dos demais veículos do Grupo RBS. A RBS TV prepara reportagem especial, feita pela jornalista Gabriela Machado, que irá ao ar no Jornal do Almoço desta sexta-feira (8). A CBN Diário também vai desdobrar a temática no rádio.