Além dos Muros: Projeto dá novos horizontes a famílias carentes

São Bento - “Antes eu ficava aprontando em casa. Agora não mais, eu gosto de vir aqui”. O depoimento da pequena Crislaine Aparecida Pereira, de 9 anos, reflete o sentimento compartilhado por outras 50 crianças atendidas pelo projeto “Além dos Muros”, desenvolvido pelo Colégio Global na pequena comunidade de Rio Represo, localizada na divisa dos municípios de São Bento do Sul e Campo Alegre. Lá, há dois meses, atividades são desenvolvidas com as crianças, em projeto que tem apoio do Instituto Positivo e visa levar ações voltadas à cidadania nas comunidades carentes.

Projeto “Além dos Muros”, desenvolvido pelo Colégio Global na pequena comunidade de Rio Represo (Fotos Divulgação)

Ao longo do período de ação em Rio Represo, diversas atividades já foram desenvolvidas, como contação de histórias, oficinas de dobraduras, além de aulas de pintura. “Procuramos dar opções de lazer às crianças, sempre com uma atividade pedagógica”, explica a coordenadora do projeto, Ivana Lampe. 

Para as mães, o trabalho feito com seus filhos também é elogiado. Graciela Ferreira de Paula, mãe de Karoline e Lenilson, diz que é uma satisfação ver os filhos aprendendo coisas novas. “Eles ficam esperando pelo dia de participar. E depois chegam contando em casa tudo o que fizeram”, relata. Já Lucinei da Silva conta que a filha Vitória inclusive tenta ensinar a irmã de 5 anos as atividades aprendidas durante as oficinas. “Ela esses dias tava ensinando a irmã a fazer um sapo de dobradura. Ela adora participar”, afirma.

Antes mais presos dentro de casa, os filhos de Márcia Pereira, Jenifer, Bianca e Samuel, agora tem outra opção além da televisão. “Eles gostam bastante das oficinas de arte, de dobraduras. É bem melhor do que só ficar dentro de casa”, explica.

“Antes eu ficava aprontando em casa. Agora não mais, eu gosto de vir aqui”. O depoimento da pequena Crislaine Aparecida Pereira, de 9 anos

Projeto maior

A diretora do Colégio Global, Cleyde Rejane Treml Skiba, conta que em breve, novas atividades serão levadas à comunidade, e deverão também atender aos pais. Como exemplo, ela cita uma horta comunitária a ser construída junto a antiga escola existente nas proximidades, e que já serve de abrigo para a realização das oficinas com as crianças. No mesmo espaço, uma minibiblioteca será instalada, e 80 títulos infantis e infanto-juvenis já foram adquiridos. “Queremos oferecer atividades em diversas áreas, como educacional, de lazer, esportiva, e também de assistência à saúde e alimentar”, revela a diretora.

Palestras com policiais militares e odontólogos também já estão previstas, com o objetivo de repassar noções de saúde, prevenção às drogas e cuidados essenciais, tanto para os pais, quando para as crianças. “Acreditamos que o resultado será percebido à medida que os beneficiados se tornem sujeitos de sua própria transformação moral e social”, argumenta. Voluntários, como estudantes do Ensino Médio, e a mãe de aluno Meri Huebner, também auxiliam em atividades pontuais desenvolvidas na comunidade.

“Eu gosto de vir aqui, aprender coisas novas, ver meus colegas”, endossa Kauane Vitória Crispim, de 10 anos

A Comunidade

A comunidade localizada em Rio Represo, a 500 metros da divisa entre São Bento do Sul e Campo Alegre, cresceu no mesmo ritmo que suas famílias. É comum que matriarcas e patriarcas, aqueles que primeiro escolheram o local como morada, convivam lado a lado com filhos, netos, bisnetos. Cada geração constrói seu próprio lar nas proximidades da residência inicial, criando uma ramificação de casas e casebres que alastram-se até formar uma vila.

Carente, os problemas na comunidade envolvem principalmente a saúde: há falta de saneamento básico, muitos não tem água canalizada, e há problemas de higiene pessoal. No ano passado, após coletar quase uma tonelada de alimentos na Gincana Global, os donativos foram encaminhados àquela comunidade. “Porém, o que vimos era que apenas doar o alimento seria muito pouco. Eles precisam mais do que comida”, explica Cleyde. Diante disso, o Colégio inscreveu um projeto social junto ao Instituto Positivo, e foi contemplado, para a realização de diversas ações que visem melhorar as condições humanitárias das 34 famílias hoje residentes naquele local.