A chance de chuva forte anunciada para este fim de semana reforçou as atenções para o risco de novas inundações e deslizamentos nas cidades do Planalto Norte de Santa Catarina.
A Defesa Civil estadual emitiu um novo estado de alerta com base na previsão do tempo, que prevê precipitações de chuva variando de 45 a 75 milímetros entre o sábado e o domingo na região.
— Ainda temos rios com o nível subindo. Diante das condições que estamos enfrentando, é uma precipitação considerável. A situação tende a se agravar — afirma o coordenador da Defesa Civil no Planalto Norte, Edson Antocheski.
Para agilizar o tempo de resposta às adversidades climáticas, a Defesa Civil do Estado montou em Canoinhas um centro de logística regional para distribuir materiais como roupas, colchões, cobertores, água e cestas básicas para as cidades mais afetadas do Planalto Norte. Como rodovias da região tiveram trechos interditados durante a semana, até a noite de sexta-feira ainda chegavam materiais de ajuda ao núcleo.
Além de Canoinhas, as cidades de Mafra, Rio Negrinho, Três Barras, Irineópolis e Porto União mantêm abrigos com pessoas atingidas pelas cheias do último fim de semana.
Nas regiões Oeste e Meio-Oeste, a previsão indica que a precipitação de chuva pode chegar a 190 milímetros durante o fim de semana. O avanço de uma frente fria, diz o coordenador regional no Planalto Norte, é monitorada com cautela pela Defesa Civil.
— Nossa preocupação é de que essa massa de ar frio venha para a região, trazendo um maior volume de chuva. Mas não há motivo para alarde — diz Edson.
Se depender da previsão do tempo, a intensidade de chuva em Joinville não será a mesma do fim de semana passado, embora haja a expectativa de tempo fechado na maior parte do sábado e do domingo. O cenário mantém a Defesa Civil em estado de atenção, garante o coordenador operacional do órgão em Joinville, Márnio Pereira.
— Todos estarão de sobreaviso no fim de semana e prontos para agir — ressalta.
Até sexta-feira, não havia registro de inundações ou de rios muito acima do nível considerado normal na cidade. Em nota divulgada na sexta-feira, o Ministério da Integração Nacional informou ter enviado para Santa Catarina 5 mil kits de alimentos, 5 mil de dormitórios, 5 mil de limpeza e 25 mil litros de água mineral, totalizando R$ 1,55 milhão.
No dia 10 de junho, em reunião com o governador Raimundo Colombo, o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, e o secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Adriano Pereira, anunciaram o repasse de R$ 3 milhões para o socorro às vítimas das chuvas.
Segundo o último relatório da Defesa Civil do Estado, cerca de 50 mil pessoas ficaram desalojadas e seis mil desabrigadas por causa da enchente. O Estado contabilizou 28 feridos e duas mortes no período: uma em Guaramirim e outra em Mafra. Trinta cidades decretaram situação de emergência, e duas, calamidade pública.
Moradores ainda correm riscos
As mais de 10 mil pessoas que estão morando com parentes ou em abrigos improvisados nas principais cidades do Planalto Norte vão permanecer nestes locais por mais alguns dias.
A decisão foi tomada pelas comissões de Defesa Civil das cidades de Mafra, Rio Negrinho e Canoinhas. Ao todo, mais de 40 cidades foram atingidas pelas enchentes no Estado, em especial as que estão localizadas no Norte, Planalto Norte, Vale do Itapocu e Alto Vale do Itajaí.
O rio Negro, que corta várias cidades do Planalto Norte, continua mais de dez metros acima do nível normal. Nesta sexta-feira, o nível dos rios começou a baixar - entre dois e três centímetros por hora - mas há a preocupação para a condição climática, pois os meteorologistas preveem chuva forte no Estado neste sábado.
Segundo a Defesa Civil estadual, mais de 130 mil pessoas foram atingidas e pelo menos 20 mil ainda estão desalojadas.
Só em Mafra, uma das cidades mais atingidas pela chuva, existem 2,5 mil moradores desalojados ou desabrigados, o que representa 6% da população. As aulas foram suspensas na maioria das cidades e a previsão é de que sejam retomadas apenas no dia 23 de junho.
Equipes das secretarias de Saúde estão vacinando os desabrigados contra a gripe, febre amarela e tétano. A preocupação é grande também com o frio e a higiene. Doações de colchões, roupas de cama, produtos de limpeza e alimentos de consumo imediato são prioridade.
*Colaborou Leandro Junges.