Após uma reunião entre integrantes da Defesa Civil e o prefeito Alcides Grohskopf, o município de Rio Negrinho decretou estado de calamidade pública por volta de 19h30 deste domingo.
De acordo com o secretário de Planejamento e Meio Ambiente, Ilário Froehner, esta é a terceira pior enchente da história do município, as outras duas grande cheias ocorreram em 1983 e 1992.
Nove bairros foram atingidos: Alegre, Pinheirinho, Centro, Bela Vista, Industrial Sul, São Rafael, Ceramarte, Vista Alegre e Campo Lençol, totalizando aproximadamente 50% do município. Houve vários casos de deslizamentos, famílias que tiveram que sair às pressas de suas casas e registro de longos engarrafamentos, mas não há notificação de feridos, informou a prefeitura.
A Defesa Civil ainda contabiliza o número de pessoas atingidas pelas cheias. Duas escolas estão recebendo 12 famílias de desabrigados, nos bairros Bela Vista e Industrial Norte. As aulas foram suspensas.
O nível do Rio Negrinho, que corta a cidade, subiu 9,35 metros. A represa no distrito de Volta Grande, a 30 Km da região central, chegou ao nível máximo no final do dia de domingo e foi preciso utilizar extravasores para escoar a água excendente, mas as autoridades enfatizam que as comportas da represa não foram abertas, desmentindo informações que circularam em redes sociais durante o dia.
A cidade está com seus acessos bloqueados pelas águas desde a tarde de sábado, cerca de um quilômetro antes do trevo de acesso principal. Para se chegar ao Centro é preciso usar a via alternativa, pela rua Luiz Graff, que registrava engarrafamentos durante a tarde de domingo. Em alguns trechos, a água chegou quase a encobrir as placas de sinalização.
Resgate
Moradora do Centro, Marli Terezinha Benz, de 32 anos, viu a água começar a subir por volta da meia-noite. Ela, o marido, a filha de seis anos e seus sogros ficaram ilhados no segundo andar da casa até que os bombeiros viessem resgatá-los.
— Peguei o que eu pude na mochila, garanti dois litros de leite para a minha filha — conta.
Apreensão
Adriane Doerlitz Almeida, proprietária de uma loja de presentes no Centro da cidade, olha para fora e vê o rio que se formou com as chuvas a poucos metros da loja. Ela e os funcionários correm para retirar parte das mercadorias às pressas. Um caminhão foi alugado para fazer o transporte, diante do risco de perda do material. Outros itens foram realocados para as prateleiras de cima.
— Estamos correndo contra o tempo —, diz.
O medo de Adriane é que se repita a cena de 1992, quando as águas subiram um metro e inundaram a loja. Ela, como muitos outros moradores, ouviu o boato de que as comportas da represa haviam sido abertas e o medo tomou conta do grupo. Em Mafra, há pelo menos 80 famílias desalojadas
Crédito: Rafael Kondlatsch / Divulgação
A Prefeitura de Mafra também anunciou, na tarde deste domingo, que decretou situação de emergência no município devido às chuvas deste fim de semana. Segundo informações do último boletim da Defesa Civil estadual, cerca de 80 famílias estão desalojadas.
Em entrevista à rádio Nova Era FM, de Mafra, o prefeito Roberto Souza confirmou ainda que as aulas da rede municipal e estadual de ensino estão suspensas nesta segunda-feira. Alguns pontos da cidade também estão com problemas no abastecimento de água.
Segundo informações da Defesa Civil do município, com o acumulado de 228 milímetros de chuva nos últimos três dias, o rio Negro está 9,48 m acima do nível normal. Os bairros mais atingidos são Vila Argentina, Vila Solidariedade, Faxinal e Buenos Aires. Os acessos do município via BRs 116 e 280 estão bloqueados.
Alagamentos em Papanduva.
Crédito da imagem: Divulgação, Prefeitura de Papanduva.
Em Papanduva, a situação é ainda mais grave. Os alagamentos deixaram 100 famílías desalojadas e as aulas no município também foram suspensas. Segundo a Prefeitura, o bairro São Cristóvão é o mais afetado.
Em São Bento do Sul, cinquenta famílias tiveram que deixar suas casas e estão em um abrigo oferecido pela Prefeitura. Um dos principais acessos da cidade, o da avenida dos Imigrantes, está fechado. O Corpo de Bombeiros do município atendeu a mais de 20 ocorrências nas últimas horas relacionadas aos alagamentos.
Outras cidades do Planalto Norte também enfrentam alagamentos. Em Canoinhas, a Prefeitura ainda está fazendo o levantamento de famílias desalojadas. Segundo informações da Autopista Planalto Sul, o trecho entre os km 20 e 33 da BR-116 está interditado.
Confira a lista das cidades do Planalto Norte de SC atingidas por alagamentos, segundo a Defesa Civil de SC:
Mafra:
Alagamentos.Relata 80 famílias desabrigadas.
Canoinhas:
Alagamentos.
Major Vieira:
Alagamentos. Relata 02 famílias desalojadas.
São Bento do Sul:
Alagamentos. Relata 50 famílias desalojadas.
Papanduva
Alagamentos. Relata 100 famílias desalojadas.
Irineópolis
Alagamentos.
Rio Negrinho
Prefeitura ainda contabiliza o número de desalojados.
Porto Uniao
Deslizamento/Alagamento
Relata 2 famílias desalojadas.
Três Barras
Alagamento
Itaiópolis
Alagamento. Os bombeiros já removeram três famílias de casas nos bairros São Roque e Lucena.