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"Tivemos que dançar para os policiais", conta moradora de Balneário que ficou presa na China

Terça, 27 de maio de 2014

 

Em casa após 17 dias presa, jovem lembrou os momentos vividos na detenção

 
"Tivemos que dançar para os policiais", conta moradora de Balneário que ficou presa na China Rafaela Martins/Agencia RBS
Em casa, em Balneário Camboriú, Amanda curte a famíliaFoto: Rafaela Martins / Agencia RBS

Os dias sem contato com a família, as condições precárias de higiene e alimentação durante o tempo em que permaneceu presa na China são lembranças que a modeloAmanda Griza, 19 anos, terá para sempre. Mas como se não bastassem, a jovem voltou para o Brasil com a memória recheada de traumas, como as humilhações sofridas durante os 17 dias de prisão.

No aconchego do lar em Balneário Camboriú, na presença aliviada dos pais, a jovem recebeu a reportagem do Sol Diário para uma conversa. Com um tom mais de revolta que de tristeza ela lembrou das situações na prisão. Segundo a jovem, por mais de uma ocasião, ela e as demais modelos presas foram obrigadas a dançar na presença de policiais chineses.

— Eles nos obrigaram a dançar para eles. estávamos em fila e tínhamos que dançar enquanto eles filmavam e riam. Nós chorávamos e dançávamos ao mesmo tempo — detalha.

O momento mais difícil durante a detenção, segundo a jovem, foi quando logo nas primeiras horas ela foi levada para uma espécie de solitária. Todas as modelos presas, conforme Amanda, já estavam nervosas e começaram a gritar e chorar.

Amanda conta que chorava e andava de um lado para o outro na sala onde todas estavam quando foi "arrastada" para outra sala. Lá, ela permaneceu sozinha e dormiu sobre cadeiras de metal.

Segundo a jovem outras modelos chegaram a apanhar da polícia chinesa que constantemente as ameaçava com os cassetetes. Os policiais também teriam ameaçado queimar as jovens com cigarros:

— Foi horrível, era muita tortura o tempo todo. Eu me pegava sentada olhando para a parede, parecia um sonho e eu queria acordar.

As condições de alimentação e higiene também eram precárias. Amanda teve direito a apenas um banho por dia na detenção e o banheiro era aberto. As refeições eram basicamente arroz, legumes e um pão de manhã e um no entardecer.

— A última refeição era às quatro da tarde e ficávamos até o dia seguinte sem comer nada. Mas era tudo tão nojento que eu só comia para me manter de pé — lembra.

Na manhã desta terça-feira, após passar a noite na própria cama em casa, Amanda ainda não tinha conseguido se alimentar direito, mas pelo menos uma de suas vontades a modelo matou:

— Comi chocolate, estava com muita vontade. Agora quero comer comida saudável, sempre me cuidei muito e quero voltar a me cuidar. 

Entenda o caso

Na quinta-feira, 8 de maio, uma chamada inesperada da filha provocou um turbilhão na vida da família Griza. A modelo gaúcha Amanda, 19 anos, usou um aplicativo de mensagens de voz para narrar ao vivo para os pais, Edson e Elena, sua prisão na China.

Natural de Osório e com a família radicada em Balneário Camboriú, Amanda trabalhava desde fevereiro no país asiático. Chamada pela agência para uma seleção de modelos, foi surpreendida quando o casting se revelou uma armadilha. A polícia chinesa montou uma operação para deter trabalhadores com problemas em vistos. A brasileira acabou detida num grupo com cerca de 60 modelos de diversas nacionalidades.



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