Além de morta e esquartejada, a universitária Mara Tayana Decker, de 19 anos, foi mantida em cárcere privado e estuprada antes de ser encontrada morta em Joinville. É o que aponta o inquérito policial entregue à Justiça. A possibilidade de a vítima ter sido violentada sexualmente foi indicada em um laudo pericial anexado ao inquérito.
Assim, o autor confesso do crime, Leandro Emílio da Silva Soares, 26, foi indiciado por cinco crimes: homicídio qualificado, estupro de vulnerável, ocultação de cadáver, cárcere privado e posse ilegal de munição de uso permitido (balas de pistola calibre 380 foram encontradas na casa dele).
Numa eventual condenação, a soma das penas dos crimes pode chegar a 56 anos de prisão. A maior novidade do inquérito, segundo o delegado Paulo Reis, é a menção ao crime de estupro de vulnerável. O laudo cadavérico da vítima foi entregue ao delegado ontem à tarde.
— O laudo aponta fortes indícios de violência sexual. Além disso, há evidências de que a vítima foi amarrada e contida, caracterizando o cárcere privado. Há marcas nos pulsos e tornozelos — diz Reis.
Para a investigação, a confissão do acusado e os depoimentos de cerca de 30 testemunhas, além das imagens do circuito interno de TV do bar em que estavam, que foram analisadas durante a apuração, confirmam que Leandro é o responsável por matar Mara brutalmente.
Mas a motivação do crime ainda é incerta. Para o delegado, a hipótese mais provável é de que Leandro tenha atraído a jovem com a intenção de violentá-la e depois cometeu o assassinato. Uma testemunha ouvida pela polícia contou ter sido estuprada em circunstâncias parecidas.
Ex-companheiras do suspeito também afirmaram que, socialmente, Leandro era um sujeito querido pela maioria, mas que na intimidade praticava torturas físicas e psicológicas com elas. Ele e Mara foram vistos juntos na madrugada de 1º de maio, após deixarem um bar da Via Gastronômica.
Quase dois dias depois, na tarde de 3 de maio, Mara foi encontrada morta na casa do acusado, no bairro Guanabara. O corpo dela estava sem os braços e com a perna direita parcialmente dilacerada. No dia 5 de maio, Leandro se apresentou à polícia e confessou o crime.
Denúncia será formalizada pelo Ministério Público
O inquérito sobre a morte de Mara Tayana Decker será distribuído para a 1ª Vara Criminal de Joinville, onde circulam os processos dos chamados crimes contra a vida. Antes de ser avaliado pela juíza Karen Reimer, a peça será submetida ao Ministério Público.
Caberá a um promotor de justiça avaliar as provas e decidir por apresentar ou não uma denúncia. Caso Leandro seja denunciado, ele passará a ser considerado réu assim que a denúncia for recebida pela Justiça.
Nesse cenário, a tendência é de que os crimes sejam julgados em um júri popular. No mês de março, o julgamento do acusado de estuprar e matar a adolescente Vitória Schier ocorreu em gabinete porque a investigação concluiu que também houve roubo naquele crime. Carlos Alberto de Andrade recebeu sentença de 42 anos de prisão.
Para concluir as investigações, o delegado Paulo Reis aguarda os resultados dos exames toxicológicos e de confronto de DNA. Eles são determinantes para confirmar se a jovem estava entorpecida naquela noite e se há vestígios genéticos do acusado no corpo da jovem.