Em média, a cada três dias, uma pessoa morre vítima de acidente de trânsito no trecho de 200 quilômetros da BR-470 no Vale do Itajaí. Desde o início de 2014, 41 pessoas perderam a vida na estrada. A última morte ocorreu ontem. Adilson Lotério, 52 anos, estava vindo acompanhar a filha em um exame em Blumenau quando morreu no km 61,2. Este mês ainda não terminou e já é o abril em que mais ocorreram mortes nos últimos 10 anos. Até ontem, às 18h, foram 18 vidas interrompidas.
O número que beira mais um recorde trágico para a BR-470 é resultado da combinação de dois fatores principais: imprudência dos motoristas e infraestrutura da rodovia. Até agora 1513 pessoas morreram na rodovia desde 2000, ano em que o Santa começou a contabilizar os dados.
O chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização da 4ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), inspetor Lóes, explica que as batidas de alguma forma estão relacionadas a descuidos cometidos por quem está na direção. Segundo o agente, os quatro erros mais associados a acidentes fatais são resultado da má conduta: trafegar em velocidade acima da indicada, ultrapassar em locais proibidos, não usar os equipamentos de segurança e dirigir embriagado.
— O que é perigoso não é a rodovia, são os condutores que de alguma maneira cometeram alguma imprudência. A infraestrutura é necessária, sabemos que as melhorias são lentas, mas minha esperança é que as pessoas andem de forma correta nas rodovias para evitar acidentes — argumenta Lóes.
O inspetor reconhece que uma pista duplicada reduziria consideravelmente o risco de colisões frontais e transversais, uma vez que os cruzamentos de pistas ficariam restritos aos trechos com retorno. Desde 18 de junho de 2013 a Sulcatarinense está autorizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) a executar as obras de duplicação da BR-470 nos lotes 3 — de Gaspar a Blumenau, do km 44,9 ao 57,8, — e 4 — de Blumenau a Indaial, do km 57,8 ao 73,2.
Tipo mais comum de acidente é colisão frontal
Em 2014, quase metade das mortes registradas ocorreram em batidas de frente. O engenheiro da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e especialista em segurança viária, Gilmar Cardoso concorda com a opinião do policial e reforça que a infraestrutura da rodovia induz os motoristas a cometer falhas:
— Cada acidente tem uma história, mas a falha do motorista pode ocorrer pela falta de condições na pista: poucos pontos de ultrapassagem, sinalização falha, rodovia sobrecarregada e que causa stress do condutor. É aí que o motorista acaba errando.
Cardoso ainda cita outra questão nas áreas urbanas no entorno da BR: a mistura do trânsito da cidade aos veículos de transporte de cargas coloca na mesma estrada motoristas com experiência e jeitos diferentes de dirigir. O que significa mais possibilidade de acidentes e estatísticas negativas