Às vésperas da pré-convenção que vai decidir no sábado se o PMDB mantém ou não a coligação com o governador Raimundo Colombo (PSD), a tese da aliança tem no senador Luiz Henrique da Silveira seu mais ferrenho defensor. O ex-governador peemedebista tem viajado pelo interior do Estado para convencer os delegados do partido. Nesta quinta-feira, inicia mais um roteiro pelo Oeste.
Na entrevista a seguir, concedida na quarta-feira, por telefone, no intervalo de uma sessão do Senado, Luiz Henrique mostra confiança na vitória no sábado e antecipa o futuro dilema da coligação governista: a base peemedebista não vai aceitar a inclusão do adversário histórico PP na aliança. Se o partido pretende barrar os pepistas, a conversa é diferente em relação ao PT. Luiz Henrique mantém esperança de que os petistas, em nome do palanque para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, se incorporem ao projeto, indicando o candidato ao Senado. Confira a entrevista.
Diário Catarinense – O senhor é o maior defensor da manutenção da aliança do PMDB com Raimundo Colombo. Como o senhor pretende convencer a maioria dos delegados do partido?
Luiz Henrique da Silveira – Por que ninguém defende candidatura própria para presidente? A situação é semelhante. Assim como temos um vice em Brasília, temos o vice em Santa Catarina. Assim como temos ministros aqui, temos diversos secretários, assim como temos aqui um grande número de cargos de confiança, temos em Santa Catarina a maioria dos cargos. Seria uma coisa simétrica se a candidatura própria valesse para as duas situações. Por que não se pensa em candidatura própria para presidente? Porque o conjunto de lideranças nacionais, que é um conjunto de lideranças mais maduras, mais experientes, entende que não é viável agora lançar um candidato contra o governo de presidente no qual o partido tem o vice-presidente. O presidente do PMDB de Joinville, Dalmo Claro de Oliveira, definiu bem. É como se jogássemos no time do governador, aos 44 minutos deixássemos o campo e vestíssemos a camisa do adversário do governador.
DC – Mantida a aliança, o espaço do PMDB em um próximo governo deve ser o mesmo?
LHS – Aí é uma negociação. Vai ser constituída uma equipe negociadora. Os espaços vão ser definidos pela geografia das urnas. Isso é que vai ser negociado. O partido que tiver a maior legenda para deputado estadual é o que vai ter maior espaço.
DC – E na questão da chapa, o PMDB pode ter vice e Senado?
LHS – Essa é uma discussão que vamos fazer depois do dia 26. É fundamental que o PMDB e o PSD discutam a chapa e seus parceiros.
DC – E como fica o PP? O governador tem dado sinais de que não abre mão deles como aliados.
LHS – O governador nunca disse isso e ele sabe das dificuldades que tem na base do PMDB para fazer uma aliança com o PP. Eu não imaginava que era tão forte esse sentimento anti-PP no PMDB.
DC – É inconciliável?
LHS – É quase inconciliável. Eu não vejo como uma convenção do PMDB, que é integrada por cerca de 520 delegados, que são prefeitos, vices, vereadores, ex-prefeitos, lideranças importantes do partido, não vejo como uma convenção possa homologar uma aliança com o PP.
DC – O governador vai ter que abrir mão do PP se quiser manter o PMDB na aliança?
LHS – Eu acho que não se coloca assim. O governador já disse que quem vai decidir é o PSD e o PMDB, colocando na frente seu partido. Os dois partidos é que vão decidir a formação integral da chapa.
DC – PT ainda está nos planos?
LHS – Eu não descartaria. Se o PT priorizasse a candidatura da presidente Dilma, para lhe oferecer um palanque forte. Se o PT compreendesse que coligado conosco não elegeria um senador, mas nomearia um senador. Se compreendesse que nomeando um senador, cria um protagonismo eleitoral forte para 2018. Se o PT compreendesse tudo isso, eu não tenho dúvida de que reinvindicaria essa vaga.
DC – Há articulação nacional para tentar viabilizar essa aliança?
LHS – As lideranças maiores do PT com quem falei manifestaram que isso seria o maior gesto de bom senso do PT. Isso daria um palanque musculoso para a presidente.
DC – O grupo que rivaliza com o seu na disputa interna do PMDB é liderado pelo deputado federal Mauro Mariani e pelo ex-prefeito Dário Berger. Teria espaço para eles na chapa se a aliança continuar?
LHS – São grandes companheiros. Companheiros valorosos. Eles e várias outras lideranças que estão majoritariamente na defesa da coligação são o futuro do partido. O PMDB é um partido que sabe debater, mas também sabe ir unido para a luta. Isso é o que vai acontecer.
DC – O candidato a vice-governador que o PMDB indicar seria o nome natural para concorrer ao governo em 2018?
LHS – Não necessariamente. O candidato de 2018 é alguém que deve ser peneirado em uma grande prévia de nomes. Prefeitos que vão estar reeleitos em 2018, deputados federais, deputados estaduais. Temos muitos nomes que vão aflorar até lá e nós vamos com o que tiver maior viabilidade em pesquisas.
DC – A vitória na prévia pode abrir a disputa pela vaga de vice na chapa. A manutenção de Eduardo Pinho Moreira é prioridade?
LHS – O doutor Eduardo é a solução natural. Ninguém nessas caminhadas discutiu essa questão da vice. Até porque está todo mundo focado na manutenção da coligação.