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Amor e fidelidade

Terça, 25 de fevereiro de 2014

 

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Amor e fidelidade conjugam-se com a palavra perdão
 

 

No meu fraco entender, as duas palavras perderam muito naquilo que as identificam. Que tipo de amor e de fidelidade são projetados hoje? Sabemos que, sendo bem assumidos, constituem toda a justiça e a harmonia da sociedade. Essas palavras são fonte de paz, serenidade, segurança, respeito e valor pela pessoa do próximo. São dons que devem ser conquistados.

A fidelidade, ao ser exercitada, confirma o verdadeiro amor. Não é um fato apenas de ação externa, superficial, mas de compromisso que vem de dentro da pessoa, que envolve a razão e o coração. Isto é impossível para quem tem uma mente poluída de maldades, de consumismo e de descompromisso para com as realidades de seu cotidiano.

O crescimento da violência acontece como um efeito cascata. Como já diz o ditado popular: “violência gera violência”. Isso mostra a incapacidade na qual a sociedade está vivendo de se deixar penetrar pela sabedoria do Evangelho, que é “misteriosa e oculta” (I Cor 2,7). Com isso, perdemos o sentido sagrado da pessoa humana e passamos a nos agredir uns aos outros sem temor.

Quem não participa da justiça como proposta de vida comunitária tem dificuldade para ajudar na construção do bem. Aliás, não basta “não matar”, é preciso também superar as atitudes de desamor, de vingança, de ressentimento, de ódio etc. Amor e fidelidade conjugam-se com a palavra “perdão” ou com a capacidade de se despir da arrogância e da maldade do coração.

Na cultura do medo, perdemos muito na qualidade de nossa vida humana. Estando o amor e a fidelidade “no fundo do poço”, questionamos o tipo de felicidade que as pessoas conseguem viver. Não estamos fazendo as escolhas certas, mesmo sendo dado ao ser humano o dom do livre-arbítrio e a capacidade de escolha. A liberdade tem se transformado em libertinagem.

É importante cultivar a sabedoria que vem de Deus, pois ela supõe despojamento e amor ao extremo, foge da lógica propagada pelo mundo. Sabedoria que constrói liberdade e não é escravizadora. Somente no exercício da liberdade autêntica o ser humano poderá ser realmente feliz.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)



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