A Praia Brava em Itajaí pode ter tido nesta quarta-feira o primeiro registro dos últimos cinco anos de uma maré vermelha de grandes proporções no Litoral Norte catarinense. A grande mancha avermelhada no mar chamou a atenção de quem esteve no Morro do Careca quarta-feira à tarde, mas só a análise da água vai confirmar o tipo e a origem do fenômeno. A Fundação do Meio Ambiente de Itajaí (Famai) e o setor de Oceanografia da Univali pretendem coletar nesta quinta uma amostra para verificação.
Como ainda não é possível afirmar a ocorrência da maré vermelha e as consequências, o oceanógrafo e mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental Marcio da Silva Tamanaha orienta que moradores e turistas evitem tomar banho de mar próximo da área onde a mancha apareceu. A noção dos riscos à saúde humana só serão determinados quando se descobrir exatamente quais organismos estão presentes no fenômeno biológico.
— Existem organismos que produzem substâncias causadoras de dermatite (espécie de alergia), por exemplo. Por isso a população deve ficar atenta até saber se a mancha é prejudicial — destaca Tamanaha.
O oceanógrafo comenta ainda que fenômenos deste tipo não são comuns, mas têm sido observados, em menor escala, com certa frequência no Litoral Norte. Marés vermelhas confirmadas e em maiores proporções, porém, não ocorrem desde 2008. À época, Bombinhas, Penha e Balneário Camboriú foram algumas das cidades afetadas na região.
Fenômeno
A maré vermelha é uma floração (excessiva proliferação) de microalgas que liberam toxinas que acabam filtradas por moluscos. O fenômeno não está relacionado diretamente com poluição, mas também sofre interferência do ser humano. Uma das condições para que esse tipo de maré ocorra é a maior quantidade de nutrientes na água. Isso ocorre, entre outros fatores, pelo alto volume de esgoto doméstico em razão da grande demanda populacional na temporada.
O que também contribui para o fenômeno são o aumento de determinadas condições ambientais, como a densidade de algumas espécies de algas e a temperatura no mar e no meio-ambiente externo. Também são as condições climáticas e meteorológicas que determinam o fim da possível maré, e acordo com o calor e a direção e intensidade dos ventos.
Se para as pessoas maré vermelha só é nociva em alguns casos, para a vida marinha os prejuízos são maiores. A maricultura é o principal ramo prejudicado pela toxicidade do fenômeno.